FILMES CLASSICOS NAS TELONAS: O CLUBE DOS CINCO

Saiba tudo sobre o classico que o Cinemark exibe nos seus cinemas dias 01, 02 e 05 de agosto

30/07/2015 12:36 Por Rubens Ewald Filho
FILMES CLASSICOS NAS TELONAS: O CLUBE DOS CINCO

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Oitava temporada de Clássicos na Rede Cinemark:

- O Silêncio dos Inocentes (1991) - 04, 05 e 08/jul

- Cidadão Kane (1941) - 11, 12 e 15/jul

- Carrie - A Estranha (1976) - 18, 19 e 22/jul

- E.T. - O Extraterrestre (1982) - 25, 26 e 29/jul

- Clube dos Cinco (1985) - 01, 02 e 05/ago

- Top Gun - Ases Indomáveis (1986) - 08, 09 e 12/ago

 

O Clube dos Cinco (The Breakfast Club)

EUA, 1985. 97 min. Diretor: John Hughes (1950-2009). Elenco: Emilio Estevez (Filho de Martin Sheen, irmão de Charlie Sheen), Anthony Michael Hall, Judd Nelson, Molly Ringwald (musa do diretor, em seu último filme com ele), Paul Gleason, Ally Sheedy, John Kapelos.

Sinopse: Em 24 de março de 1984, na Escola Shermer, em Ilinnois, um grupo de alunos é obrigado a ficar de castigo num sábado.

Comentários: Não deixa de ser curioso o fato de que este filme não estreou em nossos cinemas e só agora terá uma exibição que merecia. Na época o distribuidor não acreditava no filme nem em seu criador roteirista e geralmente diretor John Hughes era suficientemente popular entre os jovens para justificar a despesa de sair nas salas de cinema. Saiu diretamente em home vídeo (então o velho mas popularíssimo vídeo) e teve sucesso relativo. Mas o mais estranho ainda é que o filme havia sido sucesso nos EUA (na época, exatamente 30 anos atrás rendendo 45 milhões de dólares, sem levar em conta a inflação! Mas apenas cinco milhões no exterior em salas! Devem ter feito na Europa a mesma errada estratégia que aqui!).

Mas antes de falar do filme especificamente é preciso falar sobre o diretor Hughes. A verdade é que antes de Hughes, Hollywood não sabia fazer filmes sobre adolescentes. Até os anos cinquenta a família ia junta ao cinema. Depois vieram os drive-ins, cujos filmes de ação e delinquência eram mera desculpa para se namorar no escuro dos carros. Começaram porém a surgir os ídolos teens (como Sandra Dee, Annette Funicello) mas só nos anos 80 quando apareceu Gatinhas e Gatões é que foi finalmente pintado um retrato realista e sincero, sem sensacionalismo do que representava realmente ser adolescente na sociedade americana.

É curiosa e sintomática a relação do próprio Hughes com sua estrela favorita, a ruiva e alta e meio sem graça, Molly Ringwald. Ele nunca teve a coragem de se aproximar muito dela, nem mesmo foram íntimos. Teve momentos em que Molly procurou fugir de sua influencia mas foi em vão. Distantes, eles nunca mais tiveram o êxito ou a inspiração semelhantes. Gatinhas e Gatões (16 Candles), 16 velas no original, é uma comédia dramática discreta sobre uma adolescente que chega a essa data memorável e o problema é que ninguém se lembra disso e ela passa por toda sorte de embaraços e vergonhas. Palavras muito familiares para qualquer teen. O curioso é que nem este filme, nem A Garota Rosa Schoking (que Hughes escreveu mas deu para outro dirigir e que no fundo é uma variante na Gata Borralheira) são notáveis não pela trama ou interpretações. Mas pela sutileza, percepção e o dom para o diálogo realista e natural, com que retratava o comportamento do jovem contemporâneo. Inclusive na caracterização dos protagonistas de O Clube dos Cinco.

Enquanto lá fora Hughes era considerado o  Steven Spieberg das comédias sobre jovens. O único diretor do gênero que foi respeitado pela crítica com sucesso popular nos EUA. Mas que curiosamente quando se pensava que tinha encontrado seu caminho, talvez pelo afastamento de Molly, Hughes mudou de caminho. Estourou nas bilheterias com a comédia Esqueceram de Mim (Home Alone) onde revelou MacCaulay Culkin. Ganhou tanto dinheiro que não precisava mais trabalhar. Chegou a fazer outras comédias: Antes só do que Mal Acompanhado com Steve Martin, John Candy, Ela vai Ter um Bebê com Elizabeth McGovern, Kevin Bacon) e as fraquinhas Quem vê Cara Não vê Coração com Candy e A Malandrinha (Curly Sue, 91, com James Belushi), sua ultima direção. Ainda continuou a produzir e escrever alguns roteiros mas aos poucos foi perdendo o interesse e se afastando da indústria, para viver em sua Chicago original.

Descobriu-se depois que até o final ele continuou a fazer anotações e escrevendo em “notebooks”, não computador, mas caderninhos mesmo e deixou centenas deles para sua família destrinchar. Contam que estava fazendo justamente isso, no tradicional passeio matinal, vendo observando, anotando ideias e coisas, quando morreu de enfarto fulminante em 6 de agosto de 2009, em Manhattan. Tinha 59 anos. Sua rebeldia, sua obra-prima porém seria para sempre o trabalho mais pessoal, Curtindo a Vida Adoidado, Ferris Bueller era o cara que ele adoraria ter sido, que todos nos gostaríamos de ser e nunca tivemos coragem. O adolescente que cabula a aula e ainda por cima se dá bem. E que, sem vergonha, encara a câmera, a plateia e ainda ao final estrila: Que está fazendo ainda no cinema, vão embora vão...

Na festa do Oscar seguinte, seus atores mais queridos fizeram uma homenagem especial a ele. Para muita gente foi o momento mais emocionante da festa do Oscar deste ano. Quando entraram no palco os astros dos filmes de John Hughes. Já não eram tão jovens, nem tão atraentes. Mas estavam lá reunidos: sua antiga musa Molly Ringwald, mais Jon Cryer, Anthony Michael Hall, Judd Nelson, MacCaulay Culkin, Matthew Broderick . Pareciam intimidados, como criaturas órfãs que sabiam muito bem o que dizer de seu criador. Mas não importou porque a emoção que tentavam passar era a mesma que o espectador estava sentindo em casa. Perder Hughes, era como se despedir do seu tio favorito, o único que o compreendeu quando era adolescente e de repente sumiu, sem dizer adeus.

Antes disso, na entrega dos prêmios MTV Movie Awards de 2005, foram reunidos novamente os astros deste filme cult que, embora tenha marcado toda uma geração de americanos, aqui logicamente custou a virar cult. Talvez este tenha sido seu filme menos comercial, quase teatral, mostrando cinco alunos rebeldes, duas garotas e três rapazes que ficam de castigo juntos. A princípio se detestam, brigam, discutem, mas acabam amigos e até namorados (num final meio forçado). Há muita falação, que varia da banalidade à vulgaridade. Mas incluindo também momentos reveladores e sensíveis (cada um conta aos poucos o motivo por estar ali, e a culpa invariavelmente é dos pais). Revela bastante o universo dos adolescentes, que irão de identificar mais com a fita. São cinco tipos: o atleta, o cérebro, a princesa, a complicada e o criminoso (Judd, que tem as melhores chances). Um texto de David Bowie serve de epígrafe: e estas crianças em que você despreza, enquanto elas tentam mudar o mundo delas, são imunes às suas consultas. Elas sabem muito bem o que está se passando. Um clássico de sua década.

Bastidores: Durante as filmagens Hughes teve um relacionamento atribulado com Judd Nelson, a quem quase mandou embora. O plano era que houvessem continuações a cada dez anos acompanhando o desenvolvimento dos cinco heróis. Mas isso não foi feito pela antipatia de Judd. E o conflito com Molly Ringwald (que depois deste filme quis procurar papéis mais adultos e sua carreira nunca foi para a frente).

A cena em que todos estão sentados em circulo na biblioteca foi totalmente improvisada por ordem do diretor. Na verdade, ele tinha escrito o script em apenas dois dias e rodou em sequencia (do começo ao fim). Molly iria fazer o papel de Allison mas convenceu Hughes a lhe dar o personagem de Claire. Na época da filmagem as idades eram: Judd Nelson (26), Molly Ringwald (17), Emilio Estevez (23), Anthony Michael Hall (17) e Ally Sheedy (23).

No final do filme, Judd a pedido do diretor improvisou e foi assim que levantou o punho num gesto de desafio que passou a ser um símbolo icônico dos anos 1980.  A mãe e irmão mais novo de Antony Hall fazem esses papeis também no filme. Emilio Estevez ia fazer Bender mas como não conseguiram outro para interpretar Andrew Clark concordou em ficar com personagem. Hughes fez com o elenco ensaia-se o filme inteiro como se fosse uma peça.

Originalmente iria ser um filme de duas horas e meia, e muitas cenas foram eliminadas e negativos destruídos. Uma delas seria uma previsão do que sucederia dali a 30 anos, hoje em dia então: Bender teria se suicidado, Claire teria duas operações no seio e uma plástica no rosto. Brian seria bem sucedido mas morreria de enfarto por causa do estresse do trabalho. Allison seria uma grande poetisa mas ninguém lhe daria bola e Andrew se casaria com uma aeromoça que ficaria gorda depois de ter filhos.

A Biblioteca que aparece no filme foi construída especialmente no ginásio do Maine North High School especialmente para o filme. Hoje é um estação de policia. Alison não fala até os 33 minutos de projeção. A canção tema "Don't You (Forget About Me)", foi escrita por Keith Forsey. Foi sucesso com os Simple Minds.

O titulo original do filme vem do apelido inventado por estudantes que ficavam de castigo na New Trier High School, onde estudavam os filhos do diretor. Ainda assim "The Breakfast Club" foi um famoso programa de rádio que durou em Chicago, de 1933 a 1968. John Cusak testou para o papel de John Bender, Mas perdeu para Judd. A maconha que os atores fumaram no filme era falsa, orégano. Nicolas Cage foi considerado mas seu salário já era alto demais!

Todo o elenco almoçava na cafeteria da escola. Rick Moranis ia fazer o papel do empregado da escola mas brigou e foi substituído por John Kapelos. Hughes faz ponta como o pai de Brian, que o pega no fim do filme. Os filmes de adolescentes do diretor se passam todos num lugar fictício chamado Shermer, Illinois.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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