FILMES CLSSICOS NAS TELONAS: 4 TEMPORADA - SEMANA 6

O Cinemark exibir mais filmes clssicos consagrados por geraes, confira quais so e a opinio de Rubens Ewald Filho sobre eles. Nesta semana: Uma Linda Mulher

28/11/2014 11:09 Da Redação
FILMES CLÁSSICOS NAS TELONAS: 4ª TEMPORADA - SEMANA 6

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O Cinemark trará uma segunda temporada de filmes clássicos nas telonas dos cinemas. Depois do sucesso da temporada anterior, os filmes escolhidos foram:

TOURO INDOMÁVEL - dias 25, 26, e 29 de outubro

FOOTLOOSE - dias 1, 2 e 5 de novembro

BONNIE & CLYDE - dias 8, 9 e 12 de novembro

LOVE STORY - dias 15, 16 e 19 de novembro

SCARFACE - dias 22, 23 e 26 de novembro

UMA LINDA MULHER - dias 29, 30 de novembro e 3 de dezembro

Para ver quais as salas e horários, visite o site do CINEMARK.

 

A cada semana traremos a resenha crítica completa de cada filme a ser exibido. Nesta semana:

 

 

Uma Linda Mulher (Pretty Woman)

EUA, 1990. 119 min. Diretor: Garry Marshall. Elenco: Julia Roberts, Richard Gere, Hector Elizondo, Paul Dooley, Laura San Giacomo, Jason Alexander, Ralph Bellamy, Elinor Donahue, Amy Yasbeck, Alex Hyde White, Hank Azaria, Larry Miller e ponta do diretor Marshall (como guia de turismo), Tracy Reiner (sobrinha do diretor, como mulher no carro). 

 

Sinopse: Edward, um rico executivo pega na rua uma jovem prostituta Vivian, a quem durante uma semana ensina a se vestir e comportar, e com quem acaba se envolvendo.

 

Comentários: Uma espécie de conto de fadas moderno (variante de Pigmalião, ou seja, My Fair Lady) que foi um enorme sucesso de bilheteria para a Disney, de tal maneira que se pode dizer que salvou o estúdio da falência (mesmo os desenhos andavam fracos mas na época eles não tinham encontrado ainda a fórmula moderna para realizar filmes de êxito com atores!). Originalmente a historia escrita por J. F.Lawton (que nunca antes ou depois fez nada que prestasse, em geral aventuras como Força em Alerta I e II com Steven Seagal, Reação em Cadeia com Keanu Reeves). Ele teve a ajuda no roteiro não creditado de outras pessoas: Robert Gardland, Stephen Metcalf, Barbara Benedek.

Que mudanças? Segundo o diretor foi ele quem insistiu que tudo virasse uma comédia romântica. Inicialmente pretendiam ser um drama dark sobre prostituição em Los Angeles nos anos 80. E o relacionamento entre Vivian e Edward teria temas controvertidos, inclusive a ideia de que ela era viciada em cocaína e parte do acordo é que ela não usasse a droga por uma semana e ela queria o dinheiro para poder ir para a Disneylândia. Edward a punha para fora do carro e ia embora. E o script original acabava com Vivian e a amiga indo de ônibus para Disneylândia.  A produtora Laura Sizkin  foi quem cortou isso ou passou a situação para a amiga Kit. Algumas dessas cenas foram filmadas e aparecem em DVD de aniversario do filme. Como quando é confrontada por traficantes diante do Blue Banana (na cena da banheira ela usava a droga e não escovava os dentes).

O diretor Marshall é especialista em  comédia (ele é irmão da diretora Penny Marshall e foi criador de séries de TV famosas como Harry Days, Odd Couple). No cinema tinha acertado pouco antes para Disney, com Bette Midler em Amigas para Sempre (88) e na MGM Um Salto para Felicidade com Goldie Hawn (87). Ele fez as escolhas certas e teve êxitos posteriores com Frankie & Johnny com Al Pacino, O Diário da Princesa I e II que descobriu Anne Hathaway, Idas e Vindas do Amor (Valentine´s Day, 10, novamente com Julia Roberts).

Na época o sucesso foi tão grande que pouco pararam para ver e discutir que o filme é antes de tudo um mau exemplo, ensina as meninas adolescentes que ser prostituta poderia ser uma boa alternativa, já o que sucede com a Julia Roberts é totalmente absurdo e fantasioso, uma cinderela que ensina tudo errado. Feliz ou infelizmente, na vida real, não basta ser mulher da rua para encontrar um príncipe encantado como Gere. Fora o mau exemplo e vindo logo de Disney, o filme foi um mega êxito, louvado por todos, repetido só nove anos depois por Noiva em Fuga (Runaway Bride), com a mesma dupla e diretor. O roteiro é muito falho, mas sem dúvida acertaram em transformar em estrela Julia (que chegou a ser indicada ao Oscar® de atriz, 91, ganharia depois em 2001, por Erin Brokovich).

 

A Carreira de Julia Roberts

Ninguém se deu conta, mas em 28 de outubro de 2014, Julia Roberts completou 47 anos de idade e de estrelato (sua primeira aparição em série de TV, Crime Story foi em 87, e o primeiro trabalho já como estrela foi em Três Mulheres, Três Amores/ Mystic Pizza, 1990). E nos últimos tempos desde que teve 3 filhos com o marido cinematógrafo tem estado em semiaposentadoria, só retornando para filmes especiais. Muitas vezes mal sucedidos (como o fraco Larry Crowne, o Amor Está de Volta, 11, ou participação especial pelo tema como no telefilme The Normal Heart, 14, que lhe deu indicação ao Emmy de coadjuvante. Ainda assim foi indicada ao Oscar® este ano ainda por Álbum de Família).

 Mas não há dúvida que Julia foi a mais popular estrela de Hollywood nestas ultimas décadas.

Julia Fiona Roberts nasceu em Smyma, Geórgia, de uma família de artistas e gente de teatro. Seu irmão Eric Roberts ficou famoso muito jovem e a ajudou no começo de carreira, embora hoje estejam brigados (Eric tinha lábio leporino que foi operado, sempre achei que Julia tinha o mesmo problema, mas nunca revelou isso). Mais lembrado que ele hoje em dia é a filha dele, Emma Roberts, que esteve em Acquamarine da Disney e prossegue carreira. Julia teve sorte em ficar conhecida logo com Flores de Aço (Steel Magnolias). O público adorou o seu jeito aberto, franco, com uma enorme boca e cabelos soltos. Logo ficou claro que ela não era propriamente bonita, com o cabelo preso em certos filmes, como O Segredo de Mary Reilly, chega mesmo a ficar feia, com muitas imperfeições. Mas isso não importa, Julia é antes de tudo uma estrela.

Nem ligaram quando foi revelado que foi usada uma dublê para as cenas em que mostra as pernas (entrando no carro e ou experimentando roupa) porque Julia não tinha pernas assim tão lindas. Até no pôster seu rosto foi colocado no corpo da modelo Shelley Michelle. Uma curiosidade: Disney preferia Meg Ryan no papel que  foi recusado antes por Sandra Bullock (reza a lenda mas parece  improvável), Molly Ringwald (que depois se arrependeu muito), Kim  Basinger, Kathleen Turner, Debra Winger, Bo Derek, Sharon Stone, Michelle Pfeiffer, e até Madonna!!! Tem mais:  Demi Moore, Brooke Shields (esta foi recusada pelo diretor e Brooke diz que foi o maior erro de sua vida), Drew  Barrymore (recusada por ser nova demais, como foi também o caso de  Winona Ryder), Uma Thurman, Daryl Hannah, Jennifer Connely,  Kristin Davis, Valeria Golino (que foi finalista), Sarah Jessica Parker.    

 

Richard Gere o favorito das brasileiras.

Era famoso como um criador de casos, um sujeito briguento, mal humorado, que usava drogas pesadas e desprezava a imprensa. Foi assim que eu conheci Richard Gere, no começo dos anos 80, quando ele vinha com freqüência ao Brasil porque namorava uma brasileira, Silvinha, que era gaúcha e artista plástica. Não chegava a ser antipático, tinha a arrogância da juventude e de alguém que acabara de ficar famoso, virar astro de cinema. Na vez seguinte, no Festival de Cannes ele havia mudado muito. Era calmo, paciente, falava baixo e conversava com tranquilidade. Nesse meio tempo o que sucedeu foi a conversão: Gere se tornou budista e amigo da Dalai Lama, eventualmente até mesmo seu porta voz. A carreira no cinema passou a ser secundária, o que se refletiu inclusive na escolha de papéis. Nada de blockbusters ou fitas de ação. No máximo ousa mostrar que também sabe cantar e dançar como fez no papel de advogado corrupto no musical Chicago (2002).

Passado dos 60 anos (nasceu na Filadélfia em agosto de 1949) Richard Gere até já aceitou as rugas, o cabelo branco, a maturidade. Que agora um casamento estável (com a ex Bond Girl Carey Lowell) e um filho Homer, que leva o nome do avô. Sua prioridade é lutar pelos direitos do povo tibetano (cujo país foi invadido pelos chineses que expulsaram seus dirigentes como o Dalai Lama que teve que fugir para a Índia). E de vez em quando faz filmes em que acredita como O Vigarista. Gere já foi casado antes (com a modelo Cindy Crawford) numa época onde esteve muito cercado de publicidade.

Vindo da Broadway, foi revelado nos filmes em À Procura de Mr. Goodbar, com Diane Keaton (77) e Cinzas no Paraíso (78). Sua grande chance foi quando John Travolta largou Gigolô Americano e ele herdou o papel. Sem medo de aparecer pelado (o que já sucedeu várias vezes), logo virou sex symbol. Teve êxitos com A Força do Destino com Debra Winger (81), A Força do Amor (83), mas nada como Uma Linda Mulher (90). E também uma enorme sucessão de fracassos. No Brasil, seu público continua fiel.

Curiosidade: outros atores disputaram o papel: Burt Reynolds, Al Pacino, Stallone, Albert Brooks recusaram, John Travolta fez teste, assim como foram considerados Christopher Reeve, Denzel Washington, Daniel-Day Lewis, Tom Berenger, Christopher Lambert, Charles Grodin e Dennis Quaid. 

 

Bastidores

Eis algumas histórias dos bastidores:

- Quando Edward quebra o colar de Vivian foi improvisada assim como a risada de Julia (o diretor gostou da reação e ficou).

- O colar que ela usa na época custava na época 250 mil dólares e um segurança ficou o tempo todo observando a cena.

- O casal vai assistir La Traviata, que é sempre uma prostituta que se apaixona por homem rico. Durante a cena de amor, apareceu na testa de Julia uma veia que o diretor e Gere tentaram fazer desaparecer com massagem (essa mesma veia é freqüente em outros filmes dela).

- É Richard Gere que toca realmente o piano. Ele também compôs a canção que executa.

- Para Julia rir na cena em que assiste I Love Lucy, o diretor teve que coçar os pés da atriz.

- O casaco vermelho que Julia usa foi comprado por 30 dólares de uma atendente do cinema pouco antes de filmar.

- O filme foi chamado de “3000” (o dinheiro que Vivian acertou com Edward por uma semana de serviços). Virou Pretty Woman quando a canção de Roy Orbinson entrou para a trilha.

- Gere começou mais ativo no filme mas o diretor lhe disse que era um papel passivo.

- A música tocada  quando o casal transa no piano teve que ser dublada por que o som era discordante demais.

- O orçamento do filme foi generoso, e por isso que há tantas cenas em locações em Los Angeles, melhor dizendo Beverly Hills.

- A cena com o escargot foi feita no Rex (hoje Cicada). O lobby do Beverly Wilshire Hotel foi realizado no hoje derrubado Ambassador Hotel.

- Ferrari e Porsche recusaram emprestar carros  por causa do tema, mas a Lotus Cars UK se aproveitou disso e as vendas do Esprit triplicaram. Quando o personagem Stuckey bate a porta de seu carro, foi realmente preciso trocar o vidro porque a janela se quebrou.

- Ao final Edward faz serenata com uma ária de La Traviata, adaptada especialmente para o filme.

- Se prestar atenção você consegue ver Gere mover a língua dentro de sua boca quando está na porta do Penthouse brigando com o emprego. Isso sucede porque uma coroa de um dente molar dele se soltou naquela cena!

 

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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