FILMES CLSSICOS NAS TELONAS: O SATNICO DR. NO

Saiba tudo sobre o clssico que o Cinemark exibe nos seus cinemas dias 16, 17 e 20 de maio

14/05/2015 14:51 Por Rubens Ewald Filho
FILMES CLÁSSICOS NAS TELONAS: O SATÃNICO DR. NO

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Sétima temporada de Clássicos na Rede Cinemark

Os filmes desta temporada são:

007 Contra o Satânico Dr. No - dias 16, 17 e 20 de maio

O Resgate do Soldado Ryan - dias 23, 24 e 27 de maio

12 Homens e uma Sentença - dias 30 e 31 de maio e 3 de junho

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida - dias 6, 7 e 10 de junho

Os Pássaros - dias 13, 14 e 17 de junho.

O Exterminador do Futuro - dias 20, 21 e 24 de junho. 

 

O Satânico Dr. No: Os 52 Anos de James Bond

No Brasil estreou nos cinemas num 7 de setembro de 1963. Bem atrasado. Mas já estava em cartaz na Inglaterra desde outubro do ano anterior, dia 5 a Premiere, 6 a estreia para o público. Nos EUA somente dia 8 de maio do ano seguinte. De qualquer forma, este ano estamos relembrando os Cinquenta anos de coexistência pacifica com James Bond, ou 007.

 

O Satânico Dr. No (Dr. No)

Inglaterra, 1962. Direção de Terence Young. Com Sean Connery, Ursula Andress, Joseph Wiseman, Bernard Lee, Jack Lord, Anthony Dawson, Eunice Gayson, Zena Marshall, John Kitzmiller, Lois Maxwell, Martine Beswick. United/MGM/Fox. 110 min. Também conhecido (mais tarde já que era o único da série a não ter o 007 contra... alguma coisa, virou 007 contra O Satânico Dr. No).

Sinopse: James Bond, o agente 007 (com licença para Matar) do Serviço Secreto britânico recebe a missão de ir para a Jamaica onde uma colega foi assassinada. Lá descobre a existência de um misterioso chinês Dr. No que é dono de uma ilha onde faz experiências com foguetes.

Comentários: Eu era adolescente quando assisti em Santos esta primeira aventura de James Bond, que estreou modestamente e foi bem de bilheteria. Como Santos era interior, o filme chegou com certo atraso (também nas capitais filmes no Brasil estreavam com atrasos de alguns meses a alguns anos!) e já sabíamos do sucesso do personagem (foi muito ajudado porque o presidente Kennedy ídolo na época havia declarado que era admirador do personagem e dos livros de Fleming. Além disso, as revistas da época, Manchete, O Cruzeiro e o Mundo Ilustrado, se encarregaram de divulgar a foto de Ursula Andress de biquíni!). Embora Bond tivesse estourado mundialmente a partir do segundo filme Moscou contra 007, Dr. No custou 1.100 milhões de dólares e rendeu 26 milhões no mundo todo (mas é preciso levar em conta a inflação), me lembro que gostei tanto que o revi ao menos duas vezes mais.

Naturalmente hoje o filme resulta ingênuo e modesto principalmente na parte final dos efeitos especiais e a explosão da ilha, que é uma lástima. Também é difícil aceitar hoje em dia um americano maquiado de chinês (como Wiseman que faz No, alias é um canastrão horrível sem o menor carisma). Mas na primeira parte ainda é simpático e rápido, rodado quase todo em locações na Jamaica (e nos estúdios que seriam de sempre, Pinewood em Londres). Mas ao menos evita aqueles lamentáveis planos de estúdio onde se percebe claramente a projeção de fundo (aqui nota-se apenas na sequência de perseguição de carros por uma estrada a beira mar que faz lembrar as cenas de filme brasileiro rodadas na Barra da Tijuca sem muitos recursos).

Apesar disso, Sean Connery (então com 32 anos), está no auge da fotogenia e boa aparência, que justifica porque foi escolhido para o papel (ainda sem se preocupar tanto com a careca, a maquiagem, em esconder tatuagens e quase nada do sotaque escocês). Gosto do começo do filme numa rua de Kingston, onde está se ouvindo a musica famosa dos Three Blind Mice (o tema em geral da trilha é o calypso, então ainda em moda desde meados dos anos cinquenta). Nos letreiros (que são em cima da atriz Martine Beswick, que voltaria em Moscou contra 007 e Chantagem Atômica, ou seja, devia ser namorada de alguém importante!) já do criativo Maurice Binder, eles são apenas sombras que se transformam em três mendigos que caminham se apoiando pelas ruas, só para logo se revelarem assassinos que irão matar a agente britânica (e somem do filme!).  

Eu não gostava do diretor Terence Young (1915-1994) que fez estes primeiros dois filmes da série, mas preciso admitir que a introdução do personagem é muito bem feita. Estamos no cassino, quando alguém procura por Bond e um empregado sai a sua procura na mesa de jogo. Mas não o vemos logo, antes disso o foco é numa bela morena (Eunice Gayson, que interpreta Sylvia Trench que retorna depois em Moscou contra 007 e deveria ter um papel regular na série. A atriz se aposentou cedo, desde 1972, mas o curioso é que ela iria originalmente ser Miss Moneypenny). Demora um pouco para ela perguntar o nome dele e este se apresentar da maneira que iria se tornar clássica, Bond... James Bond (os diálogos dele também são de duplo sentido ainda que não especialmente memoráveis). Eventualmente o casal terá um rápido encontro amoroso e ela escapa viva, o que é mais incrível!

Bond é chamado ao escritório e ficamos conhecendo o chefão M (feito por Bernard Lee, ilustre e sóbrio ator britânico que é o pai do ator Jonny Lee Miller, de Sombras da Noite). Ele situa a história e como sempre briga com Bond, neste reclamando de sua pistola Beretta e a substituindo por outra mais moderna (Q, o armeiro do MI6, ainda não aparece em 007 Contra o Satânico Dr.No. Nesse, o papel é exercido pelo Major Boothroyd, interpretado por Peter Burton. No filme seguinte, Moscou contra 007, o ator galês Desmond Llewelyn assume o papel de Boothroyd e já aparece como Q no terceiro filme 007 Contra Goldfinger ficando com o personagem até sua morte pouco antes do lançamento de 007 O Mundo Não é o Bastante em 1999).

Miss Moneypenny será uma figura obrigatória em toda a série e sempre feita com discrição pela eterna coadjuvante a canadense Lois Maxwell (1917-2007). Sua última aparição será em Na Mira dos Assassinos em 85, saindo com a entrada de Pierce Brosnan.

Depois ele vai para a Jamaica, despista um falso chofer, conhece e se alia a um agente americano (Jack Lord, 1920-98 da série Havaí 5-0) e se instala num hotel onde fará o seguinte: 1) coloca um fio de cabelo no armário. Pergunto-me para que? Prova o que? Enfim... 2) ele é atacado por uma aranha viúva negra venenosa, que na época foi um momento ate emocionante porque ao final tinha um alivio cômico com Bond matando-a chineladas; 3) escondido no escuro, ele espera o atentado a sua vida e pela primeira vez na série mata um vilão quase a queima roupa. O felizardo é o feio Anthony Dawson (1916-92), que nada tem a ver com o diretor italiano que usava pseudônimo semelhante.

Só depois de mais de uma hora de filme é que finalmente entra Ursula Andress, extremamente bonita e maquiada (ainda mais para quem vai mergulhar em busca de conchas) com sua voz fraquinha (é engraçado que os dois cantam e entoam um trecho de outra canção, Underneath the Mango Tree). Ela faz Honey Rider e embora não tenha função serve de deleite para os olhos (há um chuveiro para tirar a radioatividade que brincam com a possível nudez sem chegar a mostrar coisa alguma). Ah, eu quando garoto adorava o recurso deles respiraram debaixo d´água por canudinho! Mas dali em diante, em sets de gosto duvidoso, o filme vai por água a baixo (reparem como esses primeiros filmes de Connery sempre terminam num oceano com barco e mulher).

Uma decepção? Não ao contrário, tive até prazer de rever o filme, claro que com olhos mais inocentes. Mas a partir dele ninguém iria acreditar ou apostar que ele iria render uma serie tão longa e tão bem sucedida.

Curiosidades: O Primeiro filme da série iria se chamar James Bond, Agente Secreto desenvolvido pelo produtor Kevin McClory, junto com o autor da série Ian Fleming. Mas este resolveu publicar o livro do filme sem consultar os outros e foi publicada em 1961, como "Thunderball". McClory processou e acabou ganhando. Os produtores do filme acharam melhor mudar o projeto e daí deu a grande confusão com as refilmagens de Thunderball. Mas isso já é outra história. Dr. No tinha a vantagem de ter uma história curta e direta e uma única locação principal.

Ian Fleming queria que seu primo Christopher Lee interpretasse Dr. No e realmente teria sido melhor (Lee mais tarde seria Scaramanga em O Homem com a Pistola de Ouro e também o personagem que inspirou Fleming, o Dr. Fu Manchu). Fleming também convidou o escritor e ator Noel Coward mas este respondeu com um telegrama onde dizia : "Dr. No? No! No! No!". Também Max von Sydow recusou para ser Jesus Christ em A Maior História de Todos os Tempos. Ele seria finalmente um vilão em Nunca Mais Outra Vez (Never Say Never Again). Joseph Wiseman foi o único dos vilões iniciais de Bond que não teve sua voz dublada por outro.

Este é o único filme de James Bond que apresenta a SPECTRE (SPecial Executive for Counter-intelligence, Terrorism, Revenge and Extortion) sem mostrar seu comandante supremo, Ernst Stavro Blofeld.

Haviam esquecido do aquário e dos peixes que existiam na casa submarina de Dr. No. Foi tudo encontrado na ultima hora e inventaram na hora o detalhe do vidro que aumenta.

Marguerite LeWars, que faz a fotógrafa Freelance, era aeromoça quando foi convidada pelo diretor Terence Young . O cunhado dela Reggie Carter fez o chofer bandido.

O produtor Broccoli escolheu Sean Connery quando o viu no filme A Lenda dos Anões Perdidos. Ficou impressionado com sua cena de luta e a mulher dele, Dana Broccoli confirmou seu sex appeal. Mas para motivos de publicidade inventaram que a disputa estava entre seis finalistas. E o escolhido foi um certo modelo de 28 anos, Peter Anthony que não sabia representar e sumiu.

A praia onde aparece Ursula é a Laughing Waters Beach no Laughing Water Estate que pertence a Sra Minnie Simpson em Ocho Rios, St. Ann, Jamaica. A direção do filme foi oferecida antes para Guy Hamilton, Guy Green, Ken Hughes e Bryan Forbes, que o recusaram. Phil Karlson foi considerado mas Terence Young faria três da série.

Ian Fleming escreveu a história de Dr. No em 1956 para ser um episódio de sua série de TV nunca produzida chamada James Gunn Secret Agent. O titulo de trabalho era "Commander Jamaica" e "The Wound Man." Depois da estreia do filme o Vaticano escreveu comunicado desaprovando o filme sobre o ponto de vista moral.

O filme atrasou para estrear nos EUA por causa da crise dos mísseis em Cuba! Merchandising no filme: alfaites Turnbull & Aser tailoring, Pan Am Airlines, Rolex Relógios (James Bond usa um Rolex Submariner), Dom Perignon Champagne, cerveja Red Stripe, uísque Black & White, BOAC Airlines e vodka Smirnoff.

A primeira cena rodada do filme foi aquele no aeroporto em Kingston em que Sean Connery lançar um chapéu na frente da fotografa. A data era 16 de Janeiro de 1962.

O trabalho do diretor de arte Ken Adam impressionou tanto Stanley Kubrick que ele o contratou para Doutor Fantástico.

A principio Ian Fleming não gostava de Sean Connery. Bond era inglês e não escocês, vinha de classe alta e não classe trabalhadora,era refinado e educado. Mas depois do filme mudou de ideia e até passou algumas características do ator para o personagem.

No Japão, os tradutores do pôster pensaram que era uma comédia e deram o titulo: "Dr.? No!" . Custaram a descobrir o erro e isto não é uma piada, mas real.

Ursula Andress chegou a ganhar o Globo de Ouro de revelação junto com Tippi Hendren e Elke Sommer.

Ursula Andress foi dublada nos diálogos por Nikki Van der Zyl, mas na canção por Diana Coupland, que também dublou no filme Eunice Gayson (mas a voz desta pode ser ouvida nos trailers).

Os Produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman usaram Intriga Internacional de Alfred Hitchcock como modelo para o filme e queriam Cary Grant como Bond. Depois tentaram James Mason, mas eles não queriam assinar contratos que os obrigassem a fazer continuações. Steve Reeves teria recusado o papel assim como Patrick McGoohan de Danger Man. Teriam sido considerados também Trevor Howard, Rex Harrison, Richard Johnson, William Franklyn, Stanley Baker, Ian Hendry (The Avengers) e Richard Burton. E até o diretor John Frankenheimer! E naturalmente Roger Moore, que era preferido de Ian Fleming. David Niven era velho demais para o personagem.

 

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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