FILMES CLSSICOS NAS TELONAS: 4 TEMPORADA - SEMANA 3

O Cinemark exibir mais filmes clssicos consagrados por geraes, confira quais so e a opinio de Rubens Ewald Filho sobre eles. Nesta semana: Bonnie & Clyde

05/11/2014 13:12 Da Redação
FILMES CLÁSSICOS NAS TELONAS: 4ª TEMPORADA - SEMANA 3

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O Cinemark trará uma segunda temporada de filmes clássicos nas telonas dos cinemas. Depois do sucesso da temporada anterior, os filmes escolhidos foram:

TOURO INDOMÁVEL - dias 25, 26, e 29 de outubro

FOOTLOOSE - dias 1, 2 e 5 de novembro

BONNIE & CLYDE - dias 8, 9 e 12 de novembro

LOVE STORY - dias 15, 16 e 19 de novembro

SCARFACE - dias 22, 23 e 26 de novembro

UMA LINDA MULHER - dias 29, 30 de novembro e 3 de dezembro

Para ver quais as salas e horários, visite o site do CINEMARK.

 

A cada semana traremos a resenha crítica completa de cada filme a ser exibido. Nesta semana, temos:

 

Bonnie e Clyde, Uma Rajada de Balas (Bonnie and Clyde)

 

EUA, 1967. 111 min . Diretor: Arthur Penn.Roteiro de Robert Benton, David Newman e Robert Towne (não creditado). Elenco: Warren Beatty, Faye Dunaway, Gene Hackman, Estelle Parsons, Michael J. Pollard, Gene Wilder, Denver Pyle, Evans Evans, Dub Taylor.

Sinopse: Biografia romanceada da vida de Clyde (Champion) Barrow (1909- 1943) e Bonnie - Elizabeth - Parker (1910-34) que durante a Depressão americana assaltavam bancos e se tornaram gângsters, formando uma pequena quadrilha.

Comentários: A seleção de filmes do Cinemark melhora ainda mais, trazendo agora verdadeiros clássicos do cinema que há não muito não reprisados nem mesmo na TV. É o caso deste filme antológico da Warner que quebrou barreiras (em particular na forma narrativa e no uso da violência no cinema, inclusive na incrível sequência do tiroteio final em câmera lenta, ainda insuperado). Ele realmente provocou uma revolução no cinema de Hollywood, quando o crítico mais importante do New York Times, fez não apenas uma critica desfavorável, mas duas! O jornal ficou tão furioso que acusando-o de estar afastado do cinema atual e incapaz de ver a mudança da sociedade naqueles ano tão polêmicos da Guerra do Vietnã, o despediu! Caso único no maior jornal do mundo!

Bonnie & Clyde (o subtítulo nacional nunca foi usado direito e sempre ridicularizado) ganhou apenas os Oscars de fotografia e atriz coadjuvante (Estelle Parsons). Foi porém indicado para filme, ator,atriz, coadjuvantes (Gene e Pollard), direção, roteiro e figurino. Foi indicado a 7 Globos de Ouro e não levou nenhum. O vencedor foi o anti-racista No Calor da Noite, com Rod Steiger com melhor ator e Kate Hepburn como atriz por Adivinhe Quem Vem para Jantar.    

O filme respeita a lenda, como dizia John Ford, e não necessariamente a realidade (a verdadeira Bonnie tinha um metro e cinquenta, era poetisa talentosa e um primeiro marido). Foi a primeira produção do jovem galã Warren Beatty, irmão de Shirley MacLaine e futuramente bem sucedido diretor, produtor e astro (levou Oscar® por Reds). Ele pôs as mãos num roteiro de uma dupla de jornalistas da revista masculina Esquire, Robert Benton (que se tornaria premiado diretor e roteiro de Kramer versus Kramer, 79 e novamente roteiro por Um lugar no Coração, 95. Também escreveu o célebre Superman, o Filme, 78) e seu parceiro, David Newman (1937-2003), também seria indicado ao Oscar® por Bonnie e Clyde, faria outros roteiros (Ninho de Cobras, Esta Pequena é uma Parada), mas o único filme que dirigiu nem chegou a ser distribuído. Quem ajudou no script foi o hoje ainda célebre Robert Towne que dirigiu Conspiração Tequila e outros 3 filmes e fez roteiros famosos (como Chinatown, que lhe deu o Oscar®, Missão Impossível 1 e 2, Shampoo). Para a direção Beatty afirma ter convidado George Stevens, William Wyler, Karel Reisz, John Schlesinger, Brian G.Hutton, Sydney Pollack.

A outra grande novidade foi chamar para a direção um diretor de teatro, da turma do Actor´s Studio, Arthur Penn (1922-2010), que tinha feito antes apenas o curioso Um de Nos Morrerá, com Paul Newman, 58, depois o talentoso O Milagre de Annie Sullivan que deu Oscar para Anne Bancroft, o intelectualizado mas interessante Mickey One com Warren Beatty, 65, Caçada Humana com Jane Fonda e Marlon Brando, 66. Este Bonnie & Clyde foi sua obra-prima (ficaram inesquecíveis para mim, as imagens da gente pobre da época da Depressão mostradas diante do deserto e o vento. Só isso já basta como comentário sobre sua situação). Porém nunca voltou a acertar em cheio, apesar de ter feito o bom O Pequeno Grande Homem com Faye Dunaway e Dustin Hoffman, 70. E o hippie Deixem-nos Viver (Alice´s Restaurant,69).

Ao menos, o filme não envelheceu com sua bela fotografia (premiada com o Oscar®, ganhou ainda de atriz coadjuvante para Estelle Parsons, ainda viva continua a fazer Broadway). O roteiro é excepcional (e foi antes oferecido aos franceses François Truffaut e  Jean-Luc Godard que sensatamente os recusaram). Ainda assim sente-se a influência da Nouvelle Vague, na narrativa, com cortes abruptos e mudanças de tom. Outra influência assumida pelo diretor foi a de Akira Kurosawa, de Os Sete Samurais no uso de câmera lenta. Mas foi Beatty que pela primeira vez produziu iniciando uma grande carreira que culminou com o Prêmio “Irving Thalberg” no Oscar® (2000). Lançou como estrela Faye (Natalie Wood, Jane Fonda - que nega isso, dizendo que não passou no teste e Tuesday Weld recusaram o papel. Testaram também Carol Lynley, Jean Hale, Sue Lyon, Ann Margret, Julie Christie). Também foi a estreia no cinema de Gene Wilder, Estelle Parsons e o primeiro personagem marcante de Gene Hackman.

Bastidores: Os personagens de Eugene Grizzard e Velma Davis (Gene Wilder e Evans Evans) são inspirados em  Dillard Darby e Sophia Stone de Ruston, Louisiana. Na noite de 27 de abril de 1933,  eles foram brevemente sequestrados pela quadrilha de Barrow. E foram liberados depois, sem violência. Num diálogo, quando fica sabendo que ele é agente funerário, Bonnie Parker comenta, "Bem, quem sabe um dia você cuidará de mim!”. E um ano depois aconteceu justamente isso.

Embora no fim do filme, Bonnie e Clyde discutam o casamento, ela era já era casada com namorado da escola Roy Thorton, criminoso que servia pena de prisão de ano. Mas nunca quis se divorciar dele e usava seu anel quando foi morta.

Warren Beatty pediu que os sons dos tiroteios fossem mais altos do que em filmes anteriores. Mas em algumas salas, os empregados achavam que fosse engano! Teria se inspirado em Os Brutos também Amam (Shane, 53), onde sucede o oposto ,o barulho o diretor pediu para serem mais suaves e abafados. A cena no banco em Clyde deixa o pobre ficar com o dinheiro sucedeu não com ele, mas com outro bandido, Pretty Boyd Floyd.

Segundo o diretor Penn este foi o primeiro filme que mostra uma arma sendo acionada e, no mesmo plano, as consequências disso. Mas parece Sergio Leone já tinha feito isso antes em Por um Punhado de Dólares

Michael J. Pollard passou mal porque inexperiente comeu seu almoço 12 vezes (em vez de fingir fazer isso como os outros atores). Vai ver por isso que foi indicado ao Oscar® de coadjuvante (ele ainda está vivo e trabalha ocasionalmente).

A Warner Brothers tinha tão pouca fé no filme que ofereceu a Beatty ao em vez de salário, 40% da renda bruta. O filme rendeu na época 50 milhões de dólares.

A história de Bonnie fumando charuto é verdadeira.  Mas feita por ela como piada. O poema que Bonnie Le em voz alta no apto alugado, The Story of Suicide Sal,  foi realmente escrito por ela em 1932.

Outra cena fictícia:  C.W. Moss fica paralelo com o carro do casal. O fato é real, mas ocorreu com Dillinger e Paul Lefty Parker.

A dublê de Faye no filme foi uma futura estrela de TV, Morgan Fairchild.

O personagem de  C.W. Moss é uma fictícia mistura de diversos parceiros da dupla,  incluindo Ralph Fults, William Daniel Jones (ou "W.D."/ "Deacon"), Ray Hamilton, e Henry Methvin.

O script original apresentava Clyde como bissexual e teria um casinho com Moss, um ponto que eles diziam não ser negociável. Mas o diretor Penn não topou isso, preferindo transformar o protagonista em impotente. Um detalhe: todos afirmam que Clyde nada tinha de gay.

Reza a lenda que Jack Warner, dono do estúdio, durante uma projeção fechada se levantou três vezes para urinar. A principio a Warner lançou o filme em drive-in e salas baratas e aparentemente  odiava o filme até sua morte.

Outro crítico famoso, no caso da revista Newsweek, Joseph Morgenstern, odiou o filme numa primeira visão, mas depois talvez por ter visto o colega despedido mudou de ideia e fez outra critica. Adorando tudo.

Uma das intenções era fazer Blanche  histérica para acentuar como Bonnie era “cool”. Cher chegou a testar para o filme mas quando o marido fico sabendo mandou ela desistir do projeto. Antes de decidir em fazer o protagonista, Beatty  queria Bob Dylan, que na verdade se parecia com o Barrow autêntico. 

A  frase do filme “Nós roubamos bancos!” foi votada em #41 lugar  pelo American Film Institute. Beatty queria que o filme fosse em preto e branco. Felizmente a Warner não aceitou porque o resultado teria sido inferior. O fotógrafo Burnett Guffrey chegou a ser despedido no meio do filme porque queria mais luminosidade. Foi substituído por um veterano Ellsworth Fredericks, mas Penn se arrependeu e chamou Guffrey de volta.

Em 2007, o American Film Institute votou neste filme como o 42º dos melhores filmes de todos os tempos.

Curiosamente Beatty não teve um romance com Faye durante as filmagens (fizeram esse acordo para não prejudicar o filme).

O final do filme foi muito romanceado, Bonnie estava com queimaduras e sem poder se mover por causa de acidente de carro. Na verdade, o casal caiu em emboscada perto de Gibsland, Louisiana, nem puderam sair de seu carro que foi atingido por 187 balas. Clyde estava sem sapato, só de meias e Bonnie tinha um sanduiche na boca.

De acordo com a montadora do filme, Dede Allen, o massacre final foi editado de forma que fizesse recordar o filme amador que registrou o assassinato de John F. Kennedy. Vê-se inclusive um fragmento da cabeça de Clyde em câmera lenta. Foi rodado com 3 câmeras diferentes, cada uma numa velocidade diferente. A cena durava apenas 54 segundos.

Dizem que Robert Benton teve a ideia do script porque seu próprio pai esteve presente no enterro do casal.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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