Ben-Hur, os Clssicos e a Verso Recente

Conhea as primeiras verses deste Clssico, agora refilmado

17/08/2016 20:49 Por Rubens Ewald Filho
Ben-Hur, os Clássicos e a Versão Recente

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Tem estreia oficial neste dia 18 de agosto a nova versão do lendário Ben-Hur. Mas outros filmes sobre o mesmo personagem foram lançados anteriormente. Houve uma versão curta em 1907, a muda em 1925 comentada abaixo, e duas poucas conhecidas, a de animação com voz de Charlton Heston, datada de 2003, e uma minissérie que não teve maior repercussão, de 2010, com os desconhecidos Joseph Morgan e Stephen Campbell Moore. Poucos se dão conta que na verdade a história original é religiosa e não de aventura e foi escrita por um general de verdade Lew Wallace 1827- 1905 (aos 77 anos) e apresentada como uma peça teatral na Broadway e depois montada numa espécie de circo, com arena de tudo, sempre com imenso sucesso. Ele era filho do governador de Indiana, lutou na Guerra Civil pela União, e escreveu outros livros (a história atual foi reescrita num livro modernizada pela “trineta” do General!).

 

Ben-Hur (Ben-Hur: a Tale of Christ)

EUA, 1925. Mudo. 143 min. Preto e branco.

Diretor: Fred Niblo (e sem crédito, Rex Ingram, Christy Cabanne, Charles Brabin, J.J. Cohn) . Elenco: Ramon Novarro, Francis X. Bushman, May McAvoy, Betty Bronson, Claire McDowell, Kathleen Key, Myrna Loy.

Sinopse: Judah Ben-Hur e o romano Messala são amigos de infância mas se tornam inimigos depois que este ultimo sobe ao poder.

Comentários: Um pouco escondido entre os extras em algumas edições do DVD e do Blu-ray de Ben-Hur, 59, havia este que foi o celebre antecessor também produzido pela MGM, com grande orçamento e ousadias. A cópia é especialmente boa com várias cenas em technicolor e filtros (para não ficar preto e branco mas com viragem de cores básicas). Como os direitos autorais de Wallace, ainda estavam valendo o filme embora segue basicamente o original dando ênfase a parte religiosa, mostrando tudo desde o nascimento de Cristo. Mas era para todos os efeitos uma super produção, a mais cara do cinema mudo ao preço de 3 milhões e novecentos mil dólares (a cena da batalha naval foi feita em Livorno, Itália, com extras que se afogavam porque mentiram que sabia nadar, usando um numero recorde de câmeras para essa cena, 48!). A cena das bigas começou na Itália mas depois que um stunt man foi morto foi transposta para Culver City, California. Por isso, na cena da corrida estiveram como extras gente famosa como Marion Davies, Lillian Gish, John Gilbert, Douglas Fairbanks, Colleen Moore, Mary Pickford. os diretores Clarence Brown, Sidney Franklin, Henry King, o cômico Harold Lloyd. Não morreu ninguém na corrida (mas sim muitos cavalos). As cenas da chegada de Ben-Hur em Roma foram feitas em colorido com duplo negativo (ainda não havia sido inventado o technicolor com três cores bases). O mexicano Ramon Novarro (1899-1968) apesar de gay na vida real (e morreu assassinado por garotos de programa) está másculo no filme, convencendo plenamente. Foi o auge de sua carreira depois destruída pelo cinema falado (sua voz era efemininada). Na verdade, o filme resistiu bem ao tempo até com certas ousadias (há uma nudez com um escravo nu de costas na cena das galés, coisa impensável em fitas de Hollywood depois do Código de Censura). Trilha musical composta especialmente para esta versão restaurada por Carl Davis.

 

Ben-Hur (Idem)

EUA, 1959. 212 min. Diretor: William Wyler. Elenco: Charlton Heston (1923-2008), Stephen Boyd (1931-77), Jack Hawkins (1910-73), como o general Quintus Harrius, Haya Harareet, Martha Scott, Hugh Griffith (1912-80), Cathy O´Donnell, Sam Jaffe, Giuliano Gemma, Lando Buzzanca, Venantino Venantini. Produção de Sam Zimbalist, William Wyler, Sol C. Siegel, Josef Vogel. Trilha musical de Miklos Rosza. Fotografia de Robert Surtees. Diretores assistentes: Andrew Marton, Sergio Leone, Richard Thorpe, Yakima Canutt e outros. Orçamento na época:15.900.00. Renda na época: 74 milhões de dólares.

Sinopse: Judah Ben-Hur é um judeu de família nobre na Palestina na época de Cristo, que cai em desgraça e é vendido como escravo para os romanos. Mas consegue se reabilitar e enfrenta o antigo amigo e agora rival Messala numa corrida de “quadrigas” (carruagens de quatro cavalos). Mas retorna à sua terra natal para ajudar a família e encontrar Cristo.

Este foi o filme mais premiado com o Oscar em todos os tempos, depois empatando com Titanic (97) e O Senhor dos Anéis- O Retorno do Rei, 2003 (levando prêmios de melhor filme, direção Wyler, ator coadjuvante Hugh Griffith que faz o sheik árabe, ator Charlton Heston, fotografia, trilha musical Miklos Rosza, direção de arte, montagem, som, figurino, efeitos especiais). São 11 Oscars (não ganhou apenas numa outra indicação, a de roteiro adaptado) que até hoje parecem merecidos. Para melhor filme competiu com outros bons filmes (O Diário de Anne Frank, o também religioso Uma Cruz à Beira do Abismo, Almas em Leilão e Anatomia de um Crime) que não estão à sua altura. O curioso é que é um caso raro de um filme religioso/bíblico premiado pela Academia (o único outro seria o católico O Bom Pastor, de 44). A injustiça fica por conta da omissão de um premio especial para os verdadeiros responsáveis pela antológica cena da corrida das bigas, o diretor Andrew Marton e o stuntman Yakima Canutt (mas este levaria um Oscar especial em 67). Inspirado em livro fictício do General Lew Wallace, são 15 minutos excepcionais e ainda não superados. Afinal tudo é feito para valer, sem efeitos especiais ou digitais! Uma super-produção rodada na Itália, em Cinecittá com todos os recursos e uma presença vigorosa de Heston.

O astro já tinha se tornado super famoso ao interpretar o papel de Moisés, no ainda hoje célebre Os Dez Mandamentos, que deram origem à novela e a peça musical da Record. Ele era um homem forte, alto, com um corpo não de halterofilista, mas de alguém poderoso. E no resto da vida faria outros personagens míticos (como Buffalo Bill, o presidente Andrew Jackson, El Cid, São João Batista, Michelangelo, General Gordon, Cardeal Richelieu, Henrique VIII, Sir Thomas More e ainda Planeta dos Macacos). Nos últimos anos de vida, ficou reacionário e defensor das armas de fogo, mas se descobriu que estava sofrendo de Alzheimer! Ainda assim foi extremamente querido pelo público e considerado o astro mais popular e mais adequado a personagens heroicos de sua época (na verdade, houve poucos casos como ele, por exemplo Russell Crowe com Gladiador). Entre os atores considerados para o papel titulo, estiveram Rock Hudson, Vittorio Gassman, Tony Curtis, Gregory Peck, Montgomery Clift.

O diretor do filme William Wyler era considerado um dos melhores e mais famosos realizadores daquele momento, tendo ganho premio especial Irving Thalberg, em 66, mais Oscars por Os Melhores Anos de Nossas Vidas, 47, A Rosa da Esperança, 43 , O Colecionador, 66, Sublime Tentação, 56, A Princesa e o Plebeu, 54, Chaga de Fogo, 52, Tarde Demais, 50, Pérfida, 47, A Carta, 41, O Morro dos Ventos Uivantes, 39 e Fogo de Outono, 37.

 Na edição original em DVD, havia um ótimo documentário feito pela Turner em 1993, “Ben-Hur: The Making of an Epic” (onde se detalha todas as etapas da fita, inclusive a polêmica história do roteirista não creditado Gore Vidal que teria inventado uma ligação homossexual entre o herói e Messala, sem o careta Heston saber disso! Na versão atual eles são irmãos adotivos, a família do judeu Ben Hur adotou Messala) além de testes com atores como Leslie Nielsen, Cesare Danova e Haya Harareet, uma judia desconhecida que foi escolhida para fazer o interesse romântico, galeria de fotos, comentários em áudio do astro Heston, trilha sonora resmasterizada, inclusão da música original da Overture e do intervalo, trailers, biofilmografias.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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