OSCAR 2014: Quem Vai Ganhar os Oscars Este Ano?
Veja quais foram as previsões de Rubens Ewald Filho e confira se ele acertou!
Uma seleção de impecáveis finalistas. Acho que esta é a melhor qualidade do Oscar® 2014. É o caso de todos os nove selecionados para melhor filme, assim como os finalistas para melhores atores e atrizes. Se erraram foi porque havia gente boa demais e uma outra exclusão era inevitável. Chegaram mesmo a ousadia suprema de não escolher verdadeiros ícones de Hollywood, como Tom Hanks (e com uma boa interpretação em Capitão Phillips ou Robert Redford (já ganhou ate premio honorário, não esqueçam que foi ele quem criou Sundance!). E até mesmo a sacrossanta Oprah Winprey (O Mordomo da Casa Branca), o querido e falecido James Gandolfini e a duas vezes premiada Emma Thompson.
Além disso, há uma expectativa de surpresa no ar. Não há um favorito absoluto e tudo pode acontecer. O que sem dúvida vai transformar a festa de entrega dos prêmios deste ano mais interessante. Ainda que nem tudo sejam rosas. Uma série de questões foram levantadas nestas ultimas semanas, já que cá entre nós, o Oscar® adora uma polêmica e cada vez mais dá preferência a filmes com temática séria. Os 9 finalistas este ano discutem corrupção e drogas (O Lobo de Wall Street), escravidão (12 Anos de Escravidão), a profissão perigosa de astronauta (Gravidade), a pirataria nos altos mares (Capítão Phillips), a homofobia do governo americano que permitiu a morte de muita gente por Aids (Clube de Compras de Dallas), a falta de princípios cristãos dentre as freiras irlandesas (e novamente a homofobia do governo americano) em Philomena, a velhice (Nebraska), novamente a corrupção (Trapaça) e uma história sobre como será o amor no futuro, poética mas melancólica (Ela).
Se prestarem atenção, não há na lista filmes verdadeiramente independentes que este ano sofreram uma abalo grave com a falta de recursos e investidores (consequência da crise econômica) e continua a não haver mulheres diretoras. Pesquisas mostram que tem caído o numero de realizadoras na indústria e a única exceção brilhante é o sucesso espetacular da animação Frozen, uma Aventura Congelante que deve ganhar sua categoria e foi realizado por uma mulher estreante (o filme já fez mais de 770 milhões de dólares no mundo inteiro e continua em cartaz agora em copias legendas, “sing along”, para o público cantar junto!) e sua trilha musical também já vendeu perto de 600 mil cópias em varias semanas (chegando perto de Rei Leão) e superando Beyoncé. A autora do milagre é Jennifer Lee, que fez o filme estourar também em merchandising e aplicativos.
Basicamente o problema este ano é que há filmes bons demais, ou ao menos queridos pelos votantes. Supõe-se que os favoritos sejam os de maior nmero de indicações, a disputa estaria entre Gravidade (10 indicações), 12 Anos de Escravidão (9) e Trapaça (8). A dúvida é tanta que pela primeira vez em 25 anos de sua historia o Sindicato de Produtores deu empate entre Gravidade e Escravidão. Mas pelo sistema de contabilizar votos do Oscar®, muito complexo, é difícil isso suceder (mas não impossível). A impressão que tenho é que Gravidade deve levar os Oscars® técnicos (merecidamente) e também o de melhor diretor. Seria o primeiro diretor mexicano, ou seja, latino americano a ganhar esse Oscar® e merecidamente porque seu trabalho é espetacular (e bem sucedido de bilheteria, o que sempre é bom). Os críticos gostam também porque desde que surgiu, descoberto por Spielberg, já se tinha certeza de seu talento e de que um dia daria certo. O tema da festa do Oscar® deste ano também faz pensar nele, porque se trata de heróis no cinema (mas pensando bem, o protagonista de Escravidão, Solomon é também um herói!).
Mas o que fazer com os filmes queridos pelo público, como Trapaça ou mesmo Lobo de Wall Street? E principalmente 12 Anos de Escravidão, um filme inatacável de sucesso relativo (dado a sua temática difícil que chegou aos 100 milhões de renda mundial. Mas muita gente evita ver sofrimento na tela!). Pessoalmente acho o trabalho do diretor Steve McQueen muito digno, sem cair em sentimentalismos ou jogadas fáceis. Acredito que leve o Oscar® de melhor filme e como escrevi, “Acho que o cinema tem o dever e a obrigação de produzir filmes como este e a Academia em prestigiá-los. Ainda mais quando feitos com tamanho respeito e dignidade” (se o filme da escravidão ganhar, Brad Pitt seu produtor deve buscar o prêmio, se ganhar O Lobo quem subiria ao palco seria Leonardo DiCaprio, seu produtor que, por sinal, disputou com Brad a chance de fazer aquele filme).
As polêmicas
Woody Allen – Há algumas semanas Mia Farrow, a ex-companheira (nunca foram casados ou viveram juntos), resolveu voltar a atacar Allen, repisando acusações das quais ele já havia sido inocentado. Embora Hollywood conheça de velho essa situação de mulher rancorosa, criou-se um compreensível mau estar e levantou-se a hipótese de que isso poderia prejudicar a vitória de Cate Blanchett, por um filme dele, Blue Jasmine. Afinal ela parecia a única coisa certa dentre os prêmios. Seria um castigo contra Allen ou uma reprovação pública (mesmo ele tendo já ganhado 4 Oscars e provocado 12 indicações ou prêmios para suas estrelas). De qualquer forma, Amy Adams (Trapaça) já esta na sua quinta indicação sem levar e é sem duvida a querida do público e Cate já ganhou antes (por O Aviador)!
Melhor canção - A categoria musical sempre está envolvida em problemas e neste ano deixaram como finalista um canção desconhecida chamada Alone Yet Alone, de filme homônimo, que fracassou em bilheteria e é praticamente desconhecido. Descobriu-se que o autor dela, Bruce Broughton, que foi muito tempo executivo na Academia, havia mandado emails recomendando sua música. Resultado: ela foi desclassificada. Houve novas reclamações porque a música era cristã e religiosa e diziam ser preconceito!
Os atores
De repente, depois do Globo de Ouro, um galã de 44 anos e especializado em comédias românticas, Matthew McConaughey, despontou como favorito por causa do show que deu em O Lobo de Wall Street (pequeno mas excepcional) e principalmente o Clube de Compras de Dallas, onde faz homófobo que supera seus preconceitos na sua luta por sobreviver. Também entra no jogo, o fato que ele perdeu 40 pounds (cerca de 20 quilos) assim como seu parceiro de elenco Jared Leto (esse é menor e foram 10 quilos). E a Academia adora os que fazem isso, engordam ou emagrecem pela arte! Ambos são os favoritos e são exemplos de vida. Jared é bonito demais para ser levado a sério, parou de trabalhar no cinema por 5 anos e virou cantor de rock. Até conseguir essa chance. Matthew que é casado com uma brasileira (Camila Alves) com quem tem 3 filhos, confessou na entrega do Globo a influência que ela teve em sua vida, forçando-o a acordar cedo, procurar melhores papéis e assim deu uma virada em sua carreira.
Num primeiro momento, acreditava-se que Jennnifer Lawrence poderia ganhar outro Oscar® seguido ao do ano passado, agora como coadjuvante por Trapaça. Mas começou a parecer “demais, cedo demais”, porque a moça além de tudo é campeã de bilheteria com as séries Jogos Vorazes e X-Men. Isso foi abrindo espaço para uma jovem atriz negra que brilhou inicialmente no tapete vermelho como ícone de moda, a mexicana de origem africana e formada em Yale, Lupita O´Nyongo, por 12 Anos de Escravidão (sabiam que o nome Lupita é uma referencia a santa protetora do México, Nossa Senhora de Guadalupe a quem deve estar pedindo proteção!).
De qualquer forma, conduzido pela simpática e gentil Ellen De Generes, o Oscar® 2014 promete ser divertido e surpreendente. Convido vocês para assistirem conosco na TNT, no domingo de Carnaval. Afinal não precisa acordar cedo no dia seguinte.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.