OSCAR 2014: Vidas ao Vento (The Wind Rises)
Este será o último filme do mestre da animação no Japão, o lendário Hayao Miyazaki
Vidas ao Vento (The Wind Rises)
Japão, 13. Direção e roteiro: Kaze Tachinu. Com as vozes de: Hideaki Anno, Jun Kunimura, Mirai Shida, Miori Takimoto, Hidetoshi Nishijima. 126 min.
Segundo o autor confessou, este será o último filme do mestre da animação no Japão, o lendário Hayao Miyazaki (nascido em 1941), que já levou o Oscar® por A Viagem de Chihiro. Prova do incrível respeito que se tem por ele no Ocidente, que inicialmente provocou certa polêmica porque ele fez uma homenagem a um ídolo, o inventor japonês Jiro Horikoshi, que desenhou os aviões de guerra durante a Segunda guerra Mundial, inclusive o famoso Zero que foi usado nos ataques aos aliados. Não é portanto à toa que certos americanos tenham ficado sentidos em mexerem neste tema.
Mas quem viu a obra de Miyazaki (Ponyo, Uma Amizade Que Veio do Mar, Princesa Monokone, O Castelo Animado, O Castelo no Céu) não consegue não ficar encantado, com o traço delicado, poético, até mesmo romântico. A versão americana foi dublada por Elija Wood, Joseph Gordon Levitt, Emily Blunt, Jennifer Grey, Stanley Tucci, Mandy Patinkin, Martin Short, o diretor Werner Herzog e até o polêmico Ronan Farrow, o tal que seria filho de Sinatra!
Mostra o jovem Jiro sonhando em voar e desenhando aviões influenciado pelo famoso italiano Caproni. Mas ele é míope e não pode ser piloto. Vai trabalhar numa companhia de engenharia em 1927, fazendo um trabalho inovador. O roteiro acompanha sua vida, passando o terremoto de 23, a Depressão, a epidemia de tuberculosa, e o Japão entrando na Guerra. Jiro se apaixona por Nahoko e mantém sua amizade com o colega Honjo.
Numa primeira visão não senti nada de imperialista, percebi algumas inovações (como o uso de vozes humanas para registrar certos ruídos), mas só depois fiquei sabendo o protagonista é uma ficção que mistura os verdadeiros Tatsuo Hori, autor do conto que deu origem ao filme e Jiro Horikoshi, esse sim o inventor dos aviões. O titulo original vem da tradução de um poema do francês Paul Valéry, chamado O Cemitério Marinho. Exibido no Festival de Veneza, foi grande sucesso de bilheteria no Japão (mais de 80 milhões de dólares). Aviões são belos sonhos diz uma frase do filme, o que sintetiza o projeto. Atenção para a trilha musical que saúda as de Fellini e Nino Rota.
A animação conta a vida do designer de aviões Jiro Horikoshi e os principais acontecimentos históricos que afetaram sua trajetória. O jovem Jiro sonha em voar e desenhar lindos aviões, inspirado pelo designer aeronáutico italiano Caproni. Não podendo tornar-se piloto por ter miopia desde a infância, Jiro entra na divisão de aviões de uma grande empresa de engenharia japonesa em 1927. Ele conhece e se apaixona por Nanoko, disfruta de sua amizade com o colega Honjo e traz grandes inovações para o mundo da aviação.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.