OSCAR 2014: Os Suspeitos (Prisioners)

Só foi lembrado pelo Oscar® na única categoria melhor Fotografia, em parte porque é excessivamente longo e confuso.

09/02/2014 22:02 Por Rubens Ewald Filho
OSCAR 2014: Os Suspeitos (Prisioners)

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Os Suspeitos (Prisioners)

EUA/Canadá, 13. 153 min. Direção de Denis Villeneuve. Roteiro de Aaron Guzikowski. Com Hugh Jackman, Viola Davis, Jake Gyllenhaal, Maria Bello, Terrence Howard, Melissa Leo, Paul Dano, Len Cariou.

 

Muito bem recebido no Festival de Toronto, que atualmente é considerado a previsão mais acertada para o Oscar®, este filme policial de suspense acabou desapontado nas bilheterias (para um orçamento de 46 milhões de dólares rendeu 61 milhões e também 61 no exterior). Também só foi lembrado pelo Oscar® na única categoria melhor fotografia, que foi feita pelo famoso e respeitado Roger Deakins, que costuma fazer os filmes dos Irmãos Coen. 

Em parte porque é excessivamente longo (quase três horas de duração), também bastante confuso, não muito original e muito prejudicado por um final que, sem a menor necessidade, é oblíquo, como se tivessem medo de serem mais objetivos. Muita gente louvou também a interpretação de Hugh Jackman, achando que tinha chance para o Oscar®, mas ele me pareceu excessivo, como se ainda estivesse na pele de Wolverine (alguns defendem dizendo que o publico americano não gosta e não entende sutilezas).

O fato é que você já viu essa história antes, muitas vezes por sinal. Com uma única diferença importante: o filme foi muito bem dirigido por um realizador canadense, já até veterano, que ficou finalmente famoso por causa de Incêndios (2010), virou Cult quando foi indicado ao Oscar® de produção estrangeira, perdendo para o inferior dinamarquês Em Um Mundo Melhor. Tanto que atualmente o texto foi adaptado para o teatro e está em cartaz no Rio de Janeiro com Marieta Severo. O diretor chama-se Denis Villeneuve e eu o conhecia apenas por outro filme lançado aqui (de 2000, Redemoinho). Seu trabalho é exemplar e original. Certamente não teve o poder de mexer muito em roteiro, mas contou com um elenco de primeira linha, na verdade com excelentes atores que não tem muito o que fazer (como é o caso das esposas que se limitam a chorar Viola Davis e Maria Bello, já que o script não soube desenvolver os personagens paralelos). Ainda assim ele conseguiu manter a atenção e sustentar um clima de suspense, de aflição e expectativa, sem esquecer em registrar o frio, a neblina, o clima inóspito de inferno glacial.

A história é que carece de novidades, talvez culpa do roteirista Aaron Guzikowski (que fez aquele horrível Contrabando). São duas famílias de classe trabalhadora da região Noroeste dos Estados Unidos que celebram o dia de Ação de Graças na casa de um deles (que são negros), mas logo a festa é interrompida porque duas meninas pequenas, uma de cada família parecem ter desaparecido. Hugh faz um deles, o mais desesperado, Terrence, o outro. Mas logo entra na historia um terceiro, o policial Jake Gyllenhaal, que vai preferir uma trajetória particular, solitária, tentando encobrir os possíveis culpados. Nunca houve um caso que ele não tenha resolvido antes e isso o deixa obsessivo (ainda assim é um personagem mal desenvolvido e a inexpressão de Jake, não ajuda em nada). O mais chocante da historia é que Hugh encontra um rapaz aparentemente deficiente mental, feito pelo geralmente ótimo Paul Dano em papel ingrato,  que estaria dentro do  trailer que as crianças teriam encontrado na rua. Ou seja, é um potencial suspeito. Este é levado para um lugar escondido onde apanha  para ver se consegue uma confissão (e assim ainda chegar a tempo de salvar as crianças já que o tempo esta passando). Podemos ver ai uma condenação as torturas que hoje as Forças Armadas americanas realizam como prática normal, mas o fato é que deixa um grande mal estar. É  a brutalização de um pai cujo ato mais violento até então foi ensinar o filho mais velho a caçar animais selvagens.

Finalmente depois de tanto sofrimento, há uma resolução que não me convenceu em parte por causa da falta de convicção do intérprete, no caso o ator mais que o personagem. E depois um final que deixará muita gente com a pulga atrás da orelha como se falava antigamente. Embora seja lógica a conclusão, não havia porque depois de uma historia tão sombria não dar ao público a satisfação de um final.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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