OSCAR 2014: A Imagem Que Falta (Limage Manquante)
Este bom filme concorre ao Oscar de Filme Estrangeiro, um documentrio que serve de alerta para os genocdios que ocorrem no mundo.
A Imagem Que Falta (L´image Manquante)
França/Cambodja, 13. Documentário. Direção de Rithy Panh. Randal Douc (Narrador).
Há muitos anos que o comitê de seleção de filmes estrangeiros da Academia de Hollywood não selecionava documentários de tal forma que eu achava que eles haviam sido relegados à outra categoria. É uma surpresa encontrar este filme autobiográfico do diretor mais conhecido do Cambodja Rithy Panh que com este filme ganhou o “Um Certain Regard” de Cannes ano passado. Um assunto que ele já abordou durante sua carreira (em geral em documentários) porque até hoje ainda é muito pouco conhecido o massacre do Khmer Vermelho no Cambodja. O diretor tinha apenas 11 anos em 1975 quando viu sua família ser vitima do processo de renovação de um governo, que imitando a Revolução Cultural chinesa, queria limpar tudo de que existia de urbano e burguês na sociedade cambodjiana. Como o mundo estava ocupado demais acompanhando a Guerra do vizinho Vietnã, poucos se deram conta até hoje da tragédia (um dos poucos filmes ocidentais a relatar o caso foi Os Gritos Do Silencio, The Killing Fields, 84 de Rolland Joffé).
Rithy Panh optou pela simplicidade, até porque infelizmente este foi um holocausto sem registro cinematográfico. O filme aproveita algumas imagens em preto e branco de documentários que fotografaram alguns momentos esparsos e não especialmente significativos (não esqueçam que não existiam as câmeras de hoje, muito portáteis). Nem material do governo porque iria justamente contra sua forçada busca da simplicidade. O fato é que com o diretor viu sua família ser toda exterminada, seu irmão, seus pais, seus primos, todos vítimas da crueldade do Khmer (calcula-se que foram assassinados vinte por cento da população do pais). Um Genocídio pouco denunciado até hoje que o diretor optou por mostrar de forma singela, utilizando bonecos esculpidos em argila como se fossem de um presépio. Não há violência explícita, apenas a voz suave de um narrador que denuncia os fatos e relembra os desmandos. Que são de tal ordem porém que ficamos com vontade de ter mais detalhes e compreender como isso pode suceder (e será que neste momento não ocorre algo semelhante em outros lugares do mundo?).
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.