OSCAR 2018: O Artista do Desastre (The Disaster Artist)

Não sei se seria o caso de premiar o cara que não faz muito tempo quase destruiu uma festa do Oscar! Mas quem curte o gênero, vai se divertir...

30/12/2017 21:25 Por Rubens Ewald Filho
OSCAR 2018: O Artista do Desastre (The Disaster Artist)

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O Artista do Desastre (The Disaster Artist)

EUA, 2017. 1h44 minutos. Estreia prevista para 25 de janeiro no Brasil. Direção de James Franco. Com James Franco, Melanie Griffith, Sharon Stone,Dave Franco (irmão de James),Ari Grayner, Megan Mullaly, Zach Efron, Alison Brie, Seth Roge, Adam Scott, Danny McBridge, Kristen Bell, Zach Braff, Bryan Cranstone, Judd Apatow, J.J. Abrahms, Liza Caplan , Jacki Weaver,Kevin Smith, Angelyne. Cotação :tres

Para entender melhor este filme seria bom conhecer antes o que lhe deu origem, um Cult horrível chamado “The Room”, tão horroroso que ficou famoso e consagrou seu pior canastrão de todos os tempos chamado Tommy Wiseau. O que explica porque há uma enormidade de atores convidados fazendo pontas e todo mundo tirando sarro junto com James Franco, que dirigiu o filme, seguindo o que Tommy fazia e colocando seu irmão Dave Franco como ator principal. Claro que James faz aqui o papel principal e se deu bem porque já foi indicado para O Globo de Ouro, também se exibindo pelado desnecessariamente, ator no Gotham, dois prêmios no Festival de San Sebastian, Indicação ao SAG.

O que é The Room, o filme original que inspirou tudo? Naturalmente eu, muito curioso, importei o DVD (quando eles ainda circulavam livres) para me informar sobre o projeto. Eis o que escrevi na época.

“ Nas duas ultimas vezes que fui entrevistado pelo CQC me perguntaram a mesma coisa, ‘qual foi o pior filme que já viu na vida’? Sempre me atrapalho na resposta, até porque vejo filmes demais e cada novo que assisto daqueles horríveis, sempre me parece o pior de todos os tempos. Depois insisto em deixar de fora filmes brasileiros (chega de fazer inimigos!) e como filosofia de vida, gosto de valorizar, o bom, o belo, o importante. A vida já é tão ruim, tão complicada, tão feia, para a gente ficar valorizando seu lado negativo. Se bem que como todo mundo eu também curta o filme trash, mal feito, que de tão ruim é engraçado. Eu estava muito curioso para ver um filme americano de 2003 chamado The Room, que as revistas tem promovido como candidato a esse posto de pior. Chegou e outra decepção: o filme não é assim tão abominável para merecer tanto destaque.

É verdade que o elenco é pavoroso, a historia tola, a direção primária, a trilha musical risível mas não chega a ser tão constrangedor quanto imaginava. Quem estrela e dirige é um certo Tommy Wiseau que também produziu e escreveu. Ele lembra um pouco Christopher Walken, tem olhos claros e cabelos bem compridos. Claro que é extremamente canastrão mas daí também é assim metade de Hollywood. No caso, ele filmou tudo em duas versões em alta definição e 35 milímetros porque estava indeciso qual usar. Aparentemente ele não tem a menor noção de que o filme é ruim e que depois de uma exibição curta em salas acabou virando o sucesso de Rocky Horror Show (mal comparando) nas sessões de meia-noite. O publico começou a se vestir como os personagens, jogar colheres de plástico na tela e jogar bolas basquete entre membros da platéia. Wiseau muitas vezes ia nessas sessões e respondia perguntas do público. Um pôster do filme que estava na Highland Avenue em Los Angeles ficou lá durante 5 anos! O script (descrito como Black comedy) que foi originalmente escrito como peça e não roteiro de cinema passa-se em San Francisco e é sobre um homem (Wiseau) que seria banqueiro e vive com uma mulher (uma loira pouco bonita, Juliette Danielle) que diz que não quer continuar com o marido e transa com o melhor amigo dele, um cara com tipo de modelo (Greg Sestero). Tem interferências da mãe da moça (que é contra porque o noivo é rico), de outro casal que pouco tem a ver e algumas cenas de sexo extremamente discretas(apenas se vê o traseiro cansado do diretor). Há um personagem Pete/Kyle Vogt que some no meio do filme porque o ator brigou com o diretor e seu dialogo foi dado para outro Greg Ellery que aparece sem mais nem menos na festa de aniversário (Kyle não foi o único a largar, houve outros casos semelhantes). O título (O Quarto) também não tem maiores explicações e segundo o diretor seria para evocar um lugar seguro para os espectadores! Jogam futebol americano de smoking e sem proteção (o diretor recusa explicar porque).

Sem dúvida, Wiseau pode ser um sucessor de Ed Wood como alguém absolutamente sem talento (só que muito mais pretensioso). Ele diz ter financiado o filme com o dinheiro que ganhou importando jaquetas da Coréia (aliás, ele usa no filme um sotaque europeu esquisito que não se porque ou de onde teria vindo). Mas o filme é bobo e não chega a ter nenhum momento realmente constrangedor, é simplesmente amador e inepto. Mas fica longe de sua reputação. Continuo ainda a procura do pior de todos os tempos!”

Por outro lado, este “disaster” funciona até que bem para a família Franco e amigos, acompanhando James como o protagonista metido a talento (não é nada difícil para ele interpretar o pior ator do mundo!) até porque o filme é encarado por uma comédia com pontinhas de um monte de gigantes do ramo. Este grito, ele super representa e na verdade quem for fã do gênero, é capaz de se divertir. Não sei se seria o caso de premiar o cara que não faz muito tempo quase destruiu uma festa do Oscar! Mas quem curte o gênero, vai se divertir...

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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