OSCAR 2018: O Insulto (LInsulte)

Que bom no ser dessas besteiras recentes e finalmente temos um filme que discute e nos comove

27/02/2018 15:36 Por Rubens Ewald Filho
OSCAR 2018: O Insulto (L´Insulte)

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O Insulto (L´Insulte)

Líbano, 2017. 1h52min. Direção de Ziad Doueiri. Roteiro de Ziad e Joelle Touma. Com Adel Karam, Kamel El Basha, Camilla Salamaeh, Daiamand Bou Abboud, Rita Hayek, Talal Jurdi. Julia Kassar.

No último fim de semana o Hollwyood Reporter previu como o filme vencedor do Oscar de produção estrangeira este filme libanês que tem sido um sucesso de público no Reserva Cultural e acolhido como o melhor dos finalistas. Na verdade, além de ser superior aos colegas, o filme tem um impacto, uma direção precisa, atores do primeiro time e uma mensagem política atual e forte (que nos faz lembrar um pouco os bons tempos do cinema político de Costa-Gavras!). Fiquei ainda mais surpreso ao saber que o diretor Ziad (Líbano, 1963), também roteirista e diretor de fotografia, teve que fugir da Guerra Civil libanesa aos 18 anos e foi estudar nos EUA quando conseguiu ser assistente de câmera de Quentin Tarantino. Em filmes como Jackie Brown, Pulp Fiction e Cães de Aluguel. Em 1998, fez sucesso com o filme West Beyrouth, À Abri les enfants, 1998, premiado em Toronto e Cannes (e novamente sobre a Guerra Civil). Não me lembro de ter visto seu filme seguinte Lila Diz (04), sobre romance de casal de adolescentes (que passou em Sundance e ganhou prêmio em Gijon), seguido de O Atentado (12) sobre cirurgião árabe em Tel Aviv que descobre segredo da esposa por causo de atentado (2 prêmios em San Sebastian).

A verdade é que cansado de filmes frouxos e cansativos vindos na sua maior parte da Europa, mas também de nossa terra natal, fui impactado (e toda a plateia junto) com uma historia aparentemente singela que vai crescendo e se transformando num grande conflito político e social, que nem sempre somos capazes de compreender. A verdade é que tenho amigos libaneses e simpatia pelo país, e o filme revela detalhes e situações (como o massacre de toda uma cidade que plantava bananeiras) que desconhecia. O que me impressionou é como o roteiro é bem armado, vai provocando o conflito aos poucos entre os dois protagonistas, um Cristão (Abel, que fez também o talentoso Caramelo e E Agora Onde Vamos?, que parece um pouco o Paulo Cesar Pereio e carrega um pouco nas tintas, porque é o caminho mais lógico para seu personagem). E o outro o palestino Kamel El Basha (que faz Yasser e foi votado por seu trabalho como melhor ator no Festival de Veneza. Ele é reconhecido diretor, ator e escritor teatral). O conflito é aparentemente muito simples. Kamel está fazendo reforma em bairro, patrocinado por deputado (corrupto como muitos!) e Abel destrói um cano de água seguido por bate boca e insultos! Ambos têm mulheres (e a de Abel tem uma criança prematura) e o caso que era apenas um bate-boca vai se tornando um conflito religioso, social, político e finalmente humano.

Se formos restritos, apesar de gostar de várias soluções do roteiro - como surpresas no tribunal, com o advogado que sustenta o caso e a moça que chega para defender o palestino! - algumas soluções parecem um pouco forçadas demais. Mas tudo bem, porque os lances são tão envolventes e convincentes, a mensagem tão necessária que o filme se distingue dos rivais e provoca no espectador uma euforia. Que bom não ser dessas besteiras recentes e finalmente temos um filme que discute e nos comove.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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