OSCAR 2018: The Breadwinner
Sem cair em exageros de violência, o filme de animação tenta manter o lado heroico das meninas árabes
The Breadwinner
Irlanda, Canadá, Luxemburgo, 2017. Direção de Nora Twormey. Sem previsão de lançamento no Brasil.
A presença de Angelina Jolie como uma das produtoras deste filme de animação (que muito honrosamente entrou entre os cinco finalistas) já explica esta nova produção da mesma equipe que fez outros memoráveis trabalhos de animação, como The Secret of Kells (2009) no Brasil chamado de Uma Viagem ao Mundo das Fábulas e que foi indicado ao Oscar na época, por sinal uma aventura medieval muito bem feita. Depois veio A Canção do Oceano (Song of the Sea, 14), do mesmo Tomm Moore sobre um garoto irlandês e sua pequena irmã Saiorse (como a atriz!) que consegue se transformar numa foca e com a ajuda de fadas, tenta salvar o mundo espiritual. Ambos são interessantes e bonitos, mas naturalmente não tem a mesma repercussão que um Disney. Nora que dirige esse filme novo aparece creditada como chefe da história.
Do mesmo grupo conta-se agora esta história baseada num livro de Deborah Ellis, chamada Parvana que é o nome da heroína. E desta vez com uma história ainda mais dramática (se bem que não original, já vi filmes árabes com histórias semelhantes). Parvana é uma garota de 11 anos que vive no Kabul, sob o regime do Taliban no Afeganistão em 2001. Muito ligada no pai, que tem um ferimento grava no pé, ela se assusta quando ele é preso e dessa forma toda a família com a mãe e as crianças não tem se alimentar. A mãe tenta ajudar mas também se machuca e a única solução é Pavana cortar os cabelos e ficar muito parecida com um garoto. Ainda assim sofre muita humilhação e mesmo violência, sem esquecer a violência dos Talibans, principalmente adolescentes. Felizmente faz amizade com um rapazinho de sua idade, o Shauzia. E mesmo com riscos (vão por exemplo num campo coalhado de armas de guerra os tanques). Mesmo assim inventa história fantásticas para fugir do perigo e procurar um novo mundo de liberdade. Sempre com a esperança de reunir novamente a família.
Sem cair em exageros de violência, o filme tenta manter o lado heroico das meninas árabes procurando manter um certo senso de humor, ainda que concluindo com um final aberto (eu particularmente não gosto de filmes que não concluem direito). Sem dúvida, merece sua presença entre os finalistas do Oscar.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.