Na Netflix: The Crown

Boa série que conta a história da Rainha Elisabeth II, por Rubens Ewald Filho

05/11/2016 21:23 Da Redação
Na Netflix: The Crown

tamanho da fonte | Diminuir Aumentar

The Crown

EUA, Inglaterra, 2016. 10 capítulos de cerca de 52min. cada. Roteiro de Peter Morgan. Diretor geral Stephen Daldry. Capítulos por Philip Martin, Julian Jarrold, Benjamin Caron. Elenco Claire Fox como Elizabeth , Jeremy Northan (como Ministro Eden), Jared Harris (Rei George VI), John Lithgow (como Winston Churchil), Eileen Atkins (como Rainha Mãe), Vanessa Kirby (Princesa Margaret), Greg Wise(Lord Mountabtten), Ben Miles (Peter Townsend), Matt Smith (Principe Philip), Alex Jennings (Duque de Windsor).

Fala-se em 156 milhões de dólares como o custo desta primeira parte da ambiciosa biografia que a Netflix faz da Rainha Elizabeth II da Inglaterra e Reino Unido (porque outros capítulos virão), coordenados e quase todos escritos por um dos maiores roteiristas do momento, Peter Morgan (famoso pelos filmes Frost/Nixon, Rush, O Último Rei da Escócia, A Rainha, 360 (dirigido por Fernando Meirelles), Além da Vida (direção de Clint Eastwood), Maldito Futebol Clube, A Outra (sobre Ana Bolena), entre outros.  E tem um outro interesse especial para os brasileiros já que o diretor de fotografia é nosso, não Afonso Beatto que fez A Rainha, mas Adriano Goldman, que tem trabalhado sempre com o diretor geral da série Stephen Daldry (que inclusive rodou no Brasil com ele, Trash). Goldman começou modesto fotografando O Casamento de Romeu e Julieta e A Taça do Mundo é Nossa do Casseta e Planeta, duas séries da HBO, Filhos do Carnaval e Alice, acertou com O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias, e foi adiante: Cidade dos Homens, Romance, Som e Fúria, e, já no exterior, iluminou Jane Eyre (11), ainda os nacionais Cidade dos Homens e Xingu, mais Sem Proteção de Robert Redford, 12, Circuito Fechado, 12 com Eric Bana, Álbum de Família, 13 com Julia Roberts, Pegando Fogo, 14 com Bradley Cooper. E o ainda inédito Dark River, 17 de Clio Barnard. Isso para não entrar em detalhes: a fotografia da série é impecável e a direção de arte luxuosa (de tirar fôlego ao menos dos que sempre sonharam em visitar os palácios britânicos!).

Mas a contribuição brasileira não fica apenas por aí. A série tem a presença do brilhante compositor Antônio Pinto, que ficou famoso desde Cidade de Deus (mas no Brasil, também fez entre outras trilhas Abril Despedaçado, Central do Brasil, os Meninos Maluquinhos (já que é filho do Lendário Ziraldo!) e até no Pequeno Segredo que foi indicado para o Oscar. Aqui e no exterior tem brilhado no documentário Senna, na abertura das Olimpíadas, dentre muitos outros.

Não se pode diminuir também a importância do diretor Stephen Daldry (que também foi quem fez a festa das Olimpíadas na Inglaterra), foi importante diretor teatral e se revelou logo com o êxito de Billy Elliot, As Horas, O Leitor, (Oscars para Nicole e Kate Winslet), Trash feito no Brasil e o próximo projeto seria o musical Wicked.

Quem está se tornando estrela graças a série é justamente Claire Fox, que faz a Rainha dos primeiros capítulos (não comentaram mas acredito que seja substituída por outra mais velha), que é uma delicada castanha com olhos azuis fortes que fez filmes menores como Caça às Bruxas, 11, Academia de Vampiras, Wreckers com Benedict Cumberbatch (não passou aqui), esteve em A Senhora da Van, a série Wolf Hall (como Ana Bolena, bem antipática e menos doce que aqui), 118 Dias com Gael Garcia Bernal, e outras séries de TV. Ou seja, para nós quase desconhecida. Acho que propositalmente escolheram uma figura bem mais bonita e simpática do que a verdadeira Elizabeth ainda mais nestes anos de formação. Errado mesmo é a escolha de certo Matt Smith que tem cara de monstro e não parece nada com o Príncipe Phillip (que seria sempre uma figura discreta, mas sóbria. Esse Smith foi um padre ridículo em Orgulho e Preconceito e Zumbis e consegue ser a pior coisa da série). Já que Claire ao menos é cercada por figuras clássicas do palco como a grande Eillen Atkins (a Rainha Mãe), o americano e competente John Lithgow como o decadente primeiro ministro Winston Churchill (a série não menciona que ele perdeu o cargo logo depois do fim da guerra que ele tinha vencido, uma prova terrível de ingratidão os britânicos. Ficando apenas nesse momento dele já decadente). O pai da rainha é vivido pelo filho de Richard Harris, Jared Harris, o protetor do rei Phillip é Greg Wise, famoso como marido de Emma Thompson. Ou seja, economizam em estrelas já que por lá não faltam atores competentes. Curioso: os filhos de Elizabeth mal são vistos em cenas passageiras (pensei até em algum acordo da produção com a Rainha para isso).

Porém para a maioria dos espectadores, que conheciam os fatos apenas de ler revistas e assim mesmo sem nada a sério, o que se acompanha é uma movimentada vida social e profissional (pouco se mostra de política, algumas reuniões, mas todas girando em obrigações que a Elizabeth precisa cumprir. Enquanto o problema maior dela é simplesmente sossegar o marido militar e estrangeiro que gostaria de dividir o governo e dar mais palpites. Mostram o casal como amoroso, mas é ela que tem que fazer as concessões, sempre trabalhando sob pressão do governo e autoridades).

O roteiro procura se equilibrar entre folhetim romântico e drama político. Como conflito, não vão muito longe no que parece ser o mais polêmico, porque saiu em todos os jornais do mundo em sua época, o casamento da irmã da rainha a Princesa Margaret, irmã mais ousada da Rainha que se apaixona por um homem militar divorciado (a atriz Vanessa Kirby é bem interessante), o que provoca briga em família além de ser o primeiro grande escândalo do governo dessa Rainha. Por outro lado, também se dá grande importância a presença do tio dela, o Duque de Windsor, que deveria ter sido Rei mas que largou tudo porque se apaixonou (diz ele) por uma mulher três vezes divorciada. E pela “mulher que eu amo”, abdicou do trono (foi assim que Elizabeth chegou a ele já que seu pai faleceu precocemente). A figura dele que provocou um escândalo internacional ainda que hoje esquecido (gerou até vários telefilmes) o revela um sujeito esperto de quem Elizabeth gostava e perdoava (o filme não toca em temas mais graves que hoje afirmam que o Duque era muito amigo e apoiava os nazistas, comentam também que ele era homossexual!).

Churchill tem um momento forte quando acontece um fato que eu desconhecia, uma crise inesperada quando Londres e grande parte da Inglaterra foi invadida por um tremendo nevoeiro que foi em grande parte mortal (não dão o número de mortos) e que por pouco não valeu a cabeça do Ministro. Ou seja, a série é bem equilibrada, bem realizada e me pegou com todo o interesse. Quando escrevo faltam ainda os últimos capítulos. Mas estou ansioso para concluí-los.

Linha
tamanho da fonte | Diminuir Aumentar
Linha

Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

Linha

relacionados

Todas as máterias

Efetue seu login

O DVDMagazine mantém você conectado aos seus amigos e atualizado sobre tudo o que acontece com eles. Compartilhe, comente e convide seus amigos!

E-mail
Senha
Esqueceu sua senha?

Não é cadastrado?

Bem vindo ao DVDMagazine. Ao se cadastrar você pode compartilhar suas preferências, comentar ou convidar seus amigos para te "assistir". Cadastre-se já!

Nome Completo
Sexo
Data de Nascimento
E-mail
Senha
Confirme sua Senha
Aceito os Termos de Cadastro