ENTREVISTA COM UMA DAS NOSSAS MAIORES DUBLADORAS, JURACIARA DIACOVO

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08/05/2023 12:48 Por Adilson Carvalho dos Santos
ENTREVISTA COM UMA DAS NOSSAS MAIORES DUBLADORAS, JURACIARA DIACOVO

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Apresentação: Atriz, dubladora, radialista, uma das vozes mais bonitas do Brasil, Juraciara Diácovo é uma talentosa profissional cuja voz faz parte da história da cultura cinematográfica deste país. Entre as animações foi a voz da Penelope Charmosa, da Daphne do Scooby Doo, do fantasma Gasparzinho e da mãe do Bambi, do clássico Disney. Nos anos 80 foi a Pamela (Victoria Principal) de Dallas e a Jennifer Hart (Stefanie Powers) de Casal 20. Nos anos 90 foi Dana Scully (Gilliam Anderson) de Arquivos X, a Dra Beverly Crusher (Gates McFadden) de Star Trek A Nova Geração e a Professora Sybill Trelawney nos filmes da saga Harry Potter entre tantos outros papéis, todos marcantes e parte da memória afetiva de quem assistia esses filmes. Tenho o prazer e a honra de conversar com esta fabulosa atriz e dubladora Juraciara Diácovo.

 

1. Sua carreira começou no rádio. Como foi esse início e como se deu essa transição do rádio para a dublagem? Não houve transição de um para o outro, porque eu trabalhava na Rádio Nacional na época em que a dublagem estava começando na Herbert, que ainda não era na Usina, e nem sabia naquela ocasião o que era dublagem. Eu fui chamada para um teste e fui colocada logo em um estúdio vendo quem sabia fazer. Assim eu aprendi, ficando o dia inteiro naquele meio, entrando junto com os atores e saindo junto com eles. Eu não migrei. Foi apenas mais uma ramificação do trabalho de atriz que eu desempenhava.

2. Você também gravou audiobooks, um trabalho importante não somente para pessoas com deficiência visual como também para aquelas que não tempo para leitura e com os audiobooks tem a oportunidade de ter contato com obras literárias. Como foi isso para você? Eu fui chamada para um teste e passei, gravando os livros de auto-ajuda da Lousie Hay, publicados pela Sextante. Muitas pessoas agradecem o fato de ouvirem esses livros que gravei. Eu inclusive gostaria de voltar a esse campo de trabalho, que é muito legal. Fico muito feliz que meu trabalho alinhado com o trabalho da Louise Hay tenha ajudado as pessoas. Até hoje recebo pelo facebook agradecimentos por esses audiobooks. Adoraria poder voltar a fazer os audiobooks pois é muito recompensante.

3. Você dublou personagens de animação (Scooby Doo e Gasparzinho), filmes, séries (Dallas, Star Trek A Nova Geração) e novelas mexicanas (Rebelde, Gotinha de amor). Você tem alguma preferência por algum deles? Nenhuma preferência. Para mim, tudo é trabalho e faço todos com amor e carinho.

4. Entre as atrizes que você dublou temos Jane Fonda em Como Eliminar Seu Chefe, Diane Keaton em O Pai da Noiva, Natalie Wood em Esta Mulher é Proibida, Jill Clayburgh em O Expresso de Chicago entre outras. Todas atrizes fenomenais. Há alguma diferença entre como cada uma é dublada ou o processo de interpretação independe do boneco, como vocês chamam o ator que dublam? Existe uma variação porque cada uma é uma atriz, é uma outra interpretação. Para cada uma dessas atrizes maravilhosas que você citou eu tenho que ter a interpretação que elas me fornecem.

5. Você marcou os anos 80 com Casal 20 ao lado do saudoso André Filho, dublou trabalhos bem longos como a Scully de Arquivos X e a Pamela de Dallas. Estar presa a um personagem durante tanto tempo teve algum ponto desfavorável ou não?  Como era dublar uma série tão popular que chegava às nossas casas com aquela mistura de aventura e romance típica dos episódios? De forma alguma. Era, ao contrário, muito favorável porque eu tive o prazer de dublar com pessoas como o André Filho. O que dizer do André Filho? Sobre o André Filho?  Era gente maravilhosa, atores maravilhosos, pessoas que me inspiravam. Eu não fiz o Casal 20 sozinha. Eu tive a direção de dublagem do Alberto Perez, e eu tinha um parceiro que era o André Filho. Então, eu acho que ser um trabalho longo, duradouro enaltece o trabalho, tudo que eu falava como “amor”, “vida”, “paixão’, eu levei para o Casal 20 pois eu vivenciava isso pois eu estava com uma pessoa que me tratava desse jeito. Eu tive um pedaço de minha vida no Casal 20. Eu via na rua um namorado chamando a namorada de paixão, pessoas se tratando assim. Virou bordão. Era muito legam fazer parte disso.

6. Outro dia assistindo em DVD ao filme Errado Pra Cachorro reconheci sua voz na atriz Jill St. John. O filme pertence à coleção Jerry Lewis, um dos comediantes mais populares do cinema. A comédia é melhor para dublar do que o drama? Não quero parecer metida, mas para mim não é mais difícil, tanto a comédia quanto o drama, eu faço mesmo que seja mais trabalhoso. Para mim não tem isso de mais difícil ou menos difícil. Eu me dou bem em ambos os gêneros.

7. Você já conheceu pessoalmente alguma das atrizes que você dublou? Nunca aconteceu. Embora a Gilliam Anderson (Scully de Arquivo X) tenha feito uma rápida passagem pelo país, não sei como nem porque não houve contato dela comigo.

8. Na TV lembro de você no programa do saudoso Chico Anysio. Como era a rotina de trabalhar semanalmente em um programa de projeção nacional? Chico era meu mestre. Não existia grande diferença na rotina. Eu tinha meu horário para estar no estúdio, chegava e fazia teste de roupas. Não era uma coisa que me causasse transtorno. Eu fazia na boa. O trabalho em si com câmeras, dirigido pelo meu saudoso amigo Francisco Milani (a voz de Tom Selleck em Magnum) era maravilhoso. Dentro da TV Globo eu fiquei muito feliz ao saber que meu amado Milani que me dirigiria. E devo também dizer da admiração e do respeito que tenho pelo Chico Anysio, paixão mesmo.

9. Qual seu filme favorito? Melodia Imortal (1956) com Tyrone Power e Kim Novak. Eu era pequena quando vi e sempre tive paixão por ele.

10. Nossa dublagem é considerada uma das melhores do mundo. Ainda assim, além da tecnologia, deve existir alguma coisa que possa ser melhorada. O que seria essa melhora na sua opinião? Não sei dizer. De repente será inventada algo mais rápido ainda, para se gravar uma dublagem.

11. Eu creio que falta ainda o valor devido para os profissionais da dublagem pois vocês dão vida aos filmes da Warner, Universal, Disney etc. Vocês é que conquistam o público. Concorda? Esta é uma briga que sempre tivemos e que saímos perdendo. Eu dublei Sarah Jessica Parker em Abra Cadabra (1993), mas não na sequência Abra Cadabra 2 (2022). Fui trocada sem ter recebido nenhuma satisfação mesmo tendo feito teste para voltar ao papel. Eu perdi a oportunidade de fazer um trabalho do qual gostei muito.

12. Tivemos casas de dublagem maravilhosas como a Herbert Ritchers e a AIC, entre outras. Qual a grande diferença da arte da dublagem de antes e a de hoje? Diferença nenhuma. Quando os estúdios de dublagem querem mudar uma dublagem já estabelecida, eles mudam e às vezes nem depende deles, mas dos produtores originais, que pedem uma nova dublagem e substituem o elenco.

13. Você tem um curso de dublagem. Poderia nos falar a respeito para que aqueles que se interessam pudessem te procurar? O curso tem período de duração mínima de 1 ano. As aulas, realizadas pela plataforma Zoom, ocorrem 1 vez por semana, tendo 2h de duração, aos sábados. Valor de R$380,00 mensais. Não deixem de fazer o curso. Ele é maravilhoso. Lembrando que para trabalhar como dublador tem que fazer curso de teatro.

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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