RESENHA CRTICA: Real - O Plano Por Trs da Histria

No h a menor dvida que uma ousadia realizar nestes tempos lamentveis que transcorrem um filme sobre poltica

28/05/2017 13:06 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Real - O Plano Por Trás da História

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Real - O Plano Por Trás da História

Brasil, 17. Direção de Rodrigo Bittencourt. Com Benvindo Sequeira, Emilio Orciollo Neto, Norival Rizzo, Tato Gabus Mendes, Paola Oliveira, Guilherme Weber, Cassia Kiss Magro, Mariana Lima, Fernando Eiras, Carlos Meceni, Giulio Lopes , Kleber Toledo, Juliano Cazarré, Thiago Justino, Ricardo Kosovski, Arthur Kohl (José Serra). Roteiro de Mikael de Albuquerque (A Gloria e a Graça).

Não há a menor dúvida que é uma ousadia realizar nestes tempos lamentáveis que transcorrem um filme sobre política, que pretende ser um fato real biografando uma das figuras mais polêmicas e desagradáveis da História brasileira, e que curiosamente não é um personagem muito conhecido e nem admirado. Decididamente nada tem a ver com a biografia até recente do Lula, que não passava de conto de fadas para endeusar um político do momento. Enquanto aqui o biografado Gustavo Franco, não tão ilustre assim, pode ter tido um papel importante na história do Plano Real e no governo Fernando Henrique mas isso praticamente se limita a uns letreiros ao final, já que durante todo o transcorrer da história ele é uma pessoa altamente grosseira, antipática, arrogante e podíamos continuar a descrever suas falhas (não é opinião pessoal que não o conheço o suficiente para isso), todas elas na verdade retratadas no transcorrer do filme. É verdade que já assisti filmes europeus e americanos que mostraram o lado negativo de figuras políticas, mas não neste nível incessante. Chega ao cúmulo de começar o filme brigando com um jovem colega (que seria do PT) quando se sabe muito bem que político tem esse nome porque não hostiliza ninguém, dá um jeito, manera... Junto com ele está sua namorada de então (interpretada com pouca chance pela adorável Paola Oliveira) que mais tarde irá terminar o relacionamento para logo adiante voltar e se casar, sendo novamente desprezada com toda grossura quando está grávida e finalmente quando descobre ele dando uma entrevista para a televisão (o roteiro do filme é bastante bem armado e esta sequência longa é valorizada pela presença de Cássia Kiss, que esta luminosa como essa jornalista).

Besteira dizer que este é um filme de direita. Ao contrário, retrata bastidores que nos foram escondidos, e pinta um retrato muito curioso para os brasileiros que certamente já esqueceram dos fatos e irão se divertir vendo atores competentes disfarçados de alguns dos Grandes Nomes do Republica então vigente, em particular Bemvindo Sequeira explosivo como o presidente Itamar Franco, o Arthur Khol lembrando muito José Serra. Na verdade, toda a escolha do elenco é muito oportuna e todos no elenco se defendem exemplarmente...

O diretor Bittencourt está apenas no segundo longa (fez antes a comédia chamada Totalmente Inocentes, 2012, do começo da moda das comédias) e não deve ter sido ele que fez o horrível pôster que só assusta o espectador. Mas tratar de política num momento tão confuso e de incredulidade e ainda por cima contar a história com ousadia e coragem, já é uma grande coisa. Um amigo me comentou que o filho assistiu ao filme, que não vai bem de bilheteria ao que pressenti na sala, e que o recomendou porque assim ao menos ficaria sabendo dos fatos que sucederam, até agora muito vagos. Ou seja, se for lição de história, de política, de mau comportamento, de bastidores , ou mais alguma outra coisa importante, sem duvida o filme interessa e questiona. E polemiza...

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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