RESENHA CRTICA: Monty Python e O Sentido da Vida (Monty Pythons The Meaning of Life)

Estreia dia 10 de julho em cpia restaurada em cinema em So Paulo uma das melhores comdias de todos os tempos

03/07/2014 11:37 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Monty Python e  O Sentido da Vida (Monty Python´s The Meaning of Life)

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Monty Python e  O Sentido da Vida (Monty Python´s The Meaning of Life)

Cor. 1983. Inglaterra. Comédia. 107 min. Universal/Espaço Filmes. Diretor: Terry Jones e Terry Gilliam. Elenco: Graham Chapman, Eric Idle, John Cleese, Terry Jones, Michael Palin, Carol Cleveland, Simon Jones, Terry Gilliam.

Sinopse: Em episódios, os seis membros originais do programa humorístico de TV exploram temas sérios como sexo, transplantes de órgãos, o milagre do nascimento, funções digestivas, a morte e sem dúvida, o sentido da vida.

 

Se você é fã do grupo, com certeza vai admirar esta sua possível obra-prima, que é também o mais intelectual e desigual de suas obras. Se não conhece, vai ter uma enorme e favorável surpresa. Vencedor do Grande Premio Especial do Júri no Festival de Cannes (uma raridade para comédia) é uma sequência irreverente de sketchs (o diretor Terry Gilliam fez os de animação, aquele mesmo que depois se especializaria em grandes espetáculos como o novo Teorema Zero, Brazil o Filme, O Mundo Imaginário dos Irmãos Parnassus). Não é preciso se fazer o elogio do grupo, sem dúvida os humoristas mais brilhantes, criativos e originais de sua geração (eles ficaram famosos na televisão britânica e passaram para o cinema com Em Busca do Cálice Sagrado, 75. Mas fizeram poucos filmes,  como Jabberworcky, 77, A Vida de  Brian, 79, e este que acabou sendo também o último longa do grupo). Fazem diversos papéis masculinos e femininos, de forma hilariante e sem dúvida muito britânica. Alguns momentos deste clássico debochado ficaram famosos (como os peixes conversando no aquário do restaurante a espera de que vai devorá-los, o homem mais obeso do mundo vomitando, um número musical sobre esperma e o excesso de população, uma canção (Every Sperm is Sacred) que chegou a ser indicada para o BAFTA que é totalmente anticatólica, uma aula prática de sexo que deixa os alunos entediados). Mas é uma pena que eles tenham se separado logo depois (e Graham Chapman - 1912-89 - o único deles abertamente gay, seria o primeiro a falecer e pediu justamente para fazer o papel de Deus, os outros ainda estão em ação mais ou menos aposentados).

O filme já começa com uma espécie de curta-metragem satirizando os filmes de pirata (mais tarde, a nave pirata irá invadir o longa-metragem), é todo diferenciado por capítulos, foi precursor da moda de escatologia e grossura dos anos 2000 (mas sempre com mais classe e ironia que atualmente). O surpreendente é que o grupo não mostrou um script para a produtora Universal, apenas um orçamento possível e um poema que resumia as ideias. Michael Caine faz uma figuração na cena da guerra Zulu (porque ele se revelou num filme chamado Zulu anos antes!). Curiosamente todo o grupo depois considerou o filme pretensioso e inferior aos anteriores (mas se enganam!). Segundo Gilliam, o titulo de Sentido da Vida foi a única forma de dar sentido geral aos episódios. Também é o titulo de um livro que existe mesmo escrito pelos amigos do grupo Douglas Adams e John Lloyd e que aparece no filme (o livro não os autores). Foram descartadas duas ideias interessantes. Uma delas é sobre a Terceira Guerra Mundial, em que eles todos seriam soldados cheio de anúncios e também os exércitos teriam patrocinadores. Consideraram  ainda a ideia de virar tudo um filme de tribunal,  de fazerem um filme tão ruim, para apenas ganhar dinheiro. Que seria um Hamlet passado no Caribe. E no final todos seriam condenados e executados.

A conclusão do filme acabou sendo justamente a canção à la velha Broadway que justamente critica a proposta do titulo, qual seria realmente o sentido de nossa vida? Que eu acho a solução perfeita para encerrar o filme e que depois acabou virando o tema musical central do grupo.

Em minha opinião, uma das melhores comédias de todos os tempos.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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