RESENHA CRTICA: Relacionamento Francesa (Papa et Maman)
O filme comea bem, at espetacular, mas se perde depois
Relacionamento à Francesa (Papa et Maman)
França, 15. 85 min. Direção de Martin Bourbolon. Roteiro (ideia) de Guillaume Cliquot, Mathieu Delaporte, Jerome Fansten, Alexandre de la Pattlière. Com Laurent Lafitte, Marina Fois, Alexandre Desrousseaux, Anna Le Marchand, Achille Pottier, Judith El Zein, Vanessa Guide, Anne Le Ny.
Comédia de sucesso na França, de um diretor estreante (que antes era assistente) que começa de maneira espetacular, com um plano sequência á moda de Spectre, durando cerca de três minutos sem corte ou truque (que tinha no 007). Acontece durante a festa de réveillon do ano 2000, quando Florence invade o escritório de Vincent, no que parece ser um colégio, jogando tudo no chão ou no ar. E iniciando assim uma perseguição pelo lugar, que esta em festa total, antecipando o que será o resto do filme. Lembrando um pouco A Guerra dos Roses, é uma comédia dramática superficial que pretende nos fazer rir com o comportamento indesculpável do casal.
15 anos depois quando tudo parece correr bem, num jantar com amigos, sem mais nem menos, anunciam que vão se separar. Vincent que é médico quer servir numa causa humanitária trabalhando por uns tempos no exterior. Florence tem papeis semelhantes mais egoístas e o que pretendem é deixar os três filhos do casal, loiros e até bem comportados. Um pensando em passar a responsabilidade para o outro. E o resto do filme é um empurra/empurra no que a gente deveria achar alguma graça: pais que dispensam filhos não é exatamente a coisa mais engraçada do mundo! E o casal francamente não consegue conquistar o espectador e o filme assim se perde.
Nem tanto por Vincent, que parece ser mais vítima que outra coisa, mas principalmente porque o ator protagonista, Laurent Lafitte, se assina como “ de la Comédia Française” (o que já o caracteriza como membro do grupo teatral de maior prestigio na França!). Lafitte tem uma figura sólida, já fez 30 filmes, mas só aqui vira astro. Mais ingrato é o papel de Marina Fois, na verdade uma mulher chata e insatisfeita. Fica difícil torcer por eles, apesar do modernismo da direção de arte, a escolha elaborada de externas e uma vontade indiscutível de fazer rir. Mas rir do que? Detonar a filha dos filhos não parece uma boa lição de vida.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.