RESENHA CRTICA: Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again)
Um filme agradvel e consistente que foge da frmula da comdia romntica


Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again)
EUA, 14. 104 min. Direção e roteiro de John Carney. Com Keira Knightley, Mark Ruffalo, Adam Levine, Mos Def, Hailee Steinfeld, James Corden, Catherine Keener, Rob Morrow.
Co-produzido por Jud Apatow, este é o novo filme de Carney, que ficou famoso com Apenas uma Vez (Once, 06) sua encantadora comédia musical-romântica que ganhou o Oscar® de canção (Falling Slowly) e depois o Tony da Broadway de melhor musical. Era a história muito simples do encontro e romance nas ruas de Dublin, de um músico que toca nas ruas, com uma garota emigrante checa que canta, compõe e se apaixona. Tudo feito com delicadeza, originalidade e de forma encantadora. O milagre é que Carney consegue repetir a dose num filme muito semelhante, mas bem diferente. Novamente nas ruas (porque é nas ruas de Nova York que eles resolvem gravar um álbum, que capture também os ruídos da cidade) e muito ajudado por um casal eficiente (dois atores que a gente gosta com facilidade, ela a inglesa Keira que tem um fio de voz, mas que soa perfeitamente adequada e o Ruffalo com sua cara de gente boa - ele acabou de ser indicado ao Emmy por Normal Heart). Na verdade, conseguir naturalidade de todos os envolvidos é a maior qualidade desde cineasta que parece ter encontrado o filão (já tem outro em andamento, Sing Street!).
A história é singela. Keira é Greta, que ajuda a escrever as canções de um cantor pop Dave (Levine, tem uma voz fina e por vezes irritante, e uma pretensão porque ficou famoso e foi votado como o homem mais bonito do ano. Não consegue esconder o seu ego, que felizmente é perfeitamente adequado ao papel). Os dois se separam quando ela percebe que esta sendo usada e o companheiro quer subir na vida. Entra em crise mas encontra um velho amigo músico de rua que a abriga (o divertido e hoje famoso astro , James Corsden, que estrela o musical Apenas uma Chance (Once) que também esta estreando por estes dias) e que também ganhou o Tony de melhor ator, pela comédia Um escravo de dois senhores, esteve também em History Boys e Os Três Mosqueteiros e Apenas uma Chance que também esta estreando por estes dias). Por acaso conhece Dan (Ruffalo) que foi um bem sucedido produtor de discos, agora em decadência, depois que se separou da mulher (Catherine Keener, que parece nunca tomar um banho na vida!), virou alcoólatra e se afastou da filha (Hailee Steinfeld, a teen indicada ao Oscar®, que tem ficado melhor a cada novo personagem). É interessante que eles têm um romance e não necessariamente um love story, enquanto ela vai compondo e criando com a ajuda dele, em busca de redenção, pelas ruas da cidade. Parece milagroso que uma situação com tantos clichês e improbabilidades funcione e dê certo. Inclusive na resolução final. Um filme agradável e consistente que foge da fórmula da com-rom (comédia romântica) pela própria vitalidade do diretor. Experimentem que vão gostar.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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