A Surpresa do Ano: O Pensamento Critico Que Catapultou Diante da Prepotencia Audiovisual

O cinema tecnicista e ambicioso do britanico Christopher Nolan chega a seu auge em Oppenheimer (2023)

31/12/2023 04:47 Por Eron Duarte Fagundes
A Surpresa do Ano: O Pensamento Critico Que Catapultou Diante da Prepotencia Audiovisual

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O cinema tecnicista e ambicioso do britânico Christopher Nolan chega a seu auge em Oppenheimer (2023), a cujo impacto audiovisual muitos sucumbiram. Ancorado na biografia do físico J. Robert Oppenheimer, pai da bomba atômica, escrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin, o filme de Nolan utiliza os habituais caminhos sinuosos dum cinema que faz aportar numa história de ficção teorias científicas. Mas o faz de maneira muito industrial, sem aprofundar quer o que diz, quer sua linguagem cinematográfica; algo bastante rasteiro, longe do que chegaram a fazer Jean-Luc Godard, Alain Resnais ou Alexander Kluge, Oppenheimer é uma mistificação audiovisual em que a ciência é uma tentativa de dar significação ao vazio de suas imagens.

Dos filmes de Nolan talvez seja A origem (2010) o exemplar mais bem acabado de espetáculo cinematográfico. Oppenheimer, graças à sua majestosa campanha publicitária (é um filme de grande indústria americana),  atraiu muita gente; resta saber se as três horas de divagações a esmo encenadas por Nolan têm de fato interesse para esta massa que vai às salas. Do elenco, talvez Tom Conti como Albert Einstein seja o mais agudo. Cillian Murphy no papel central é amorfo e anódino; assim também Matt Damon, reconstruído como um general. Nolan faz explodir a bomba na tela, e insere no seio de tanto barulho alguns breves silêncios meio ensurdecedores, e o resultado, cinematograficamente, é muito precário. Pode-se dizer que a surpresa do ano é a enganosa afeição crítica de alguns a este barulho perdido no espaço de um filme.

Da personagem. Difere do Oppenheimer retratado por outro inglês, Roland Joffé, num obscuro filme de 1989. O de Joffé é melodramático, estava sempre às voltas com sua consciência humana (ou humanista). O de Nolan é certamente mais cínico; embora enverede por alguns dizeres morais, de consciência, lá pelo final, a personagem de Nolan é quase amoral em suas opções científicas. E as ligações de Oppenheimer com a visão socialista do mundo são expostas meio de esguelha. No filme de Joffé é explorada mais claramente a relação do físico com uma mulher militante, Jean Tatlock.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro “Uma vida nos cinemas”, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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