A Empostacao do Espetaculo Cinematografico

Conan, o Barbaro foi o filme que catapultou o ator Arnold Schwarzenegger para a fama, exibindo o que se tornaria a caracteristica central do interprete, sua fortaleza fisica

28/05/2025 02:50 Por Eron Duarte Fagundes
A Empostacao do Espetaculo Cinematografico

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Com sendo um filme de ação, feito do brilho formal americano, Conan, o bárbaro (Conan the barbarian; 1982), dirigido por John Milius no auge de sua forma cinematográfica, adota, em seu sistema estético e narrativo, um jeitão shakespeariano, desde a empostação da voz dos atores (a voz-over, que narra, então, transborda de grandiloquência) passando pelo repuxado das encenações até as luzes e sombras de que reveste suas imagens. A epígrafe do filme não é retirada de Shakespeare mas do alemão Friedrich Nietzsche, assim traduzido para o inglês, “That which does not kill us makes us stronger”, ou seja, “o que não nos mata, nos fortalece”, ou ainda no ditado popular, “o que não mata engorda”.

Conan, o bárbaro foi o filme que catapultou o ator Arnold Schwarzenegger para a fama, exibindo o que se tornaria a característica central do intérprete, sua fortaleza física, seus músculos feitos para o cinema. Mas o filme não é somente isto. É uma destas aventuras cinematográficas que a concepção de espetáculo de Hollywood ainda hoje se esforça por reproduzir, pois está sempre na crista da onda e a maioria das vezes fracassa, sucumbindo à mesmice e ao tédio, a despeito do sucesso comercial. Não: Conan, o bárbaro estaria à distância de meus filmes de cabeceira,  aqueles que percorrem meu cérebro (o sensorial, o intelectual) e o arrepiam; pela mesma época, John Boorman fez a obra-prima Excalibur (1981), com semelhanças com o filme de Milius, aventura épica, empostação formal, visual requintado, mas a Milius, como realizador, parece faltar algo próximo da essência de Boorman, aquela sutil profundidade entre as suntuosas e elaboradas imagens. Ainda assim, Conan, o bárbaro atravessa as décadas resgatando o gosto pelas simples narrativas de ação que o cinema americano faz talvez como ninguém. Milius consegue ser um pouco mais do que um artesão da imagem.

Um filme da virilidade de uma personagem, como se fosse um faroeste medieval (mistura esquisita que agora me vem), Conan, o bárbaro também dá seus desvios sexuais. Na primeira encenação de sexo de Conan com uma intimidada nativa, há muita selvageria, urros, já dando a nota do que virá; as cenas sexuais que virão depois, intersticialmente, seguem este espírito primitivo, subterrâneo. Conan empreende celeremente sua jornada: resgatar a princesa, filha do rei, duma seita mística em que ela entrara, dirigida pelo perverso mago Thulsa Doom (James Earl Jones, que traz mais significados emocionais que a inexpressividade facial de Schwarzenegger); na cena final, Conan decepa a cabeça de Thulsa e a apresenta, grandiloquente, aos espantados seguidores do feiticeiro. É ali a coroa da epopeia cinematográfica em que se converteu Conan, o bárbaro.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro “Uma vida nos cinemas”, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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