RESENHA: S.O.S. Mulheres ao Mar
RESENHA: S.O.S. Mulheres ao Mar


S.O.S. Mulheres ao Mar. Brasil, 14. Direção de Chris Amato. Com Giovanna Antonelli, Reynaldo Gianecchini, Fabíula Nascimento, Thalita Carauta, Emmanuele Araujo, Flavio Galvão, Marcello Airoldi, Thereza Amayo, Rodrigo Ferrarini, Sérgio Muniz.
O recente Meu Passado Me Condena (o filme) tinha uma situação bastante semelhante situando-se quase todo em um transatlântico internacional (com direito a um final na Europa, aqui neste caso com rápidas passagens por Roma, Veneza e Tunísia). Isso tira muito da novidade ou surpresa, ou mesmo curiosidade de uma comédia mais romântica do que pornô-chanchada, ou seja, teoricamente mais indicada para o público feminino que o masculino. A presença de Chris Amato na direção (ela é a assistente e pessoa de confiança de Daniel Filho) não consegue resolver vários problemas de roteiro ou andamento ou mesmo ritmo narrativo (custa a engrenar, se repete, se estende novamente ao final, tem um elenco de apoio muito discutível).
Giovanna Antonelli chegou a fazer cinema (Caixa Dois, Budapeste, um filme americano que ao que parece não passou aqui ainda chamado O Arrasa Corações) mas ainda é mais identificada como estrela dramática de telenovela, não especialmente à vontade com o humor. Ainda mais porque seu personagem é um samba de uma nota só. Não parece muito inteligente embarcar num navio em que o marido que acabou de deixá-la está viajando com sua namorada nova, ainda por cima uma estrela de televisão e que teria feito filme pornográfico (ou não, fica tudo meio vago ate porque o filme de vez em quando demonstra alguns preconceitos duvidosos!), se a heroína fica se repetindo aplicando golpes que não dão certo ou tomando bebedeiras, ainda por cima se aproxima de um estilista na certeza de que ele é gay (o filme tenta fazer humor com essa situação digamos superada pelos fatos históricos atuais). E não tem o menor cabimento dela viajar com sua irmã (apesar de Fabíula Nascimento ser fácil a melhor do elenco) e ainda por cima a empregada (que entra de clandestina). São duas que também não tem o chamado arco de evolução de personagem, dando a impressão que mulher só é tarada para pegar homem (a empregada feita por Thalita Carauta, tem a melhor piada quando coloca “esses” em todas as palavras!).
Teve uma coisa porém que me comoveu, que foi a presença de Theresa Amayo, veterana estrela de cinema e de televisão, que faz uma senhora viúva com muita delicadeza e sensibilidade.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

relacionados
últimas matérias




