Um Anjo Caiu do Céu

Se pensarmos num filme como Um Anjo Caiu do Céu, fica difícil imaginar um filme mais especial para rever

01/03/2018 22:12 Por Marcus Pacheco
Um Anjo Caiu do Céu

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Muitos críticos afirmam que o bom cinema de comédia se foi. Não é difícil entender tal afirmação. Grandes nomes do cinema mudo ao falado não estão mais entre nós. E falo de todos os envolvidos: direção, atuação, produção, equipe técnica, todos. Se pensarmos num filme como Um Anjo Caiu do Céu, fica difícil imaginar um filme mais especial para rever, como nomes como Cary Grant, Loretta Young e David Niven. 

O filme é dirigido por Henry Koster, de tantas obras como O Manto Sagrado (1953), Désirée, O Amor de Napoleão (1954), A Rainha Tirana (1955), O Dia 'D' (1956). Um Anjo Caiu do Céu venceu o Oscar Melhor Edição de Som, além de ser indicado a quatro outras estatuetas: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora.

Com grandes roteiristas nas mãos, incluindo o genial Billy Wilder, o filme era mesmo digno do Oscar. Mas naquele ano ele encontro pela frente o filme de Elia Kazan, A Luz é Para Todos. A própria Loretta venceu o Oscar, mas por outro filme: Ambiciosa. Lógico que a trilha de Hugo Friedhofer e a edição de Monica Collingwood se destacam (foram indicadas ao Oscar, como dito acima), mas o filme como um todo é um primor. A produção tem cenas inesquecíveis como, aquela em que o motorista do taxi patina no gelo, ou ainda, a cena em que Henry fica preso a uma cadeira na casa da Sra. Hamilton.

No elenco, Cary Grant é o destaque. David Niven, como sempre, nos brinda com uma ótima interpretação, embora sem aquele brilho extra emanado por Grant no papel do anjo. Embora em papéis menores, os coadjuvantes Gladys Cooper, Monty Woolley e James Gleason também apresentam ótimas interpretações.

A história do filme é a seguinte: O bispo episcopal Henry Brougham (David Niven) vem, há meses, trabalhando nos planos para uma nova catedral, que será paga por uma caprichosa e teimosa viúva, Agnes Hamilton (Gladys Cooper). Por causa disso, Henry se distanciou de sua família. Dudley (Cary Grant), um anjo, é enviado pelo céu para ajudá-lo e acaba por ajudar a todos que encontra, mas não do jeito que eles preferem. Todos amam Dudley exceto Henry, que se sente ameaçado, pois sua mulher, Julia (Loretta Young), está sempre na companhia dele e se mostra cada vez mais feliz. Além disto a filha do casal, Debby (Karolyn Grimes), também adora Dudley. Henry acha que Dudley pode querer tomar o seu lugar.

O filme é um daquelas comédias leves que o cinema americano tanto produziu, com renomados diretores como Leo McCarey, Billy Wilder, Frank Capra, George Cukor, Vincente Minnelli e Victor Fleming. Os temas costumam envolver redenção, e sempre é tratado de forma bem-humorada, e por vezes com final sentimental. Mas sempre envolto de uma mensagem positiva. 

Habitualmente apresentado com os dois braços atrás do corpo, em uma postura pensativa e defensiva, a composição de David Niven não deixa dúvidas da natureza caridosa e gentil do bispo, soterrada debaixo da perda da fé após anos de serviço paroquial, o que permite uma sutil provocação de Dudley sobre a incredulidade na existência de anjos. Submisso à obrigação material de construir uma imponente catedral, cujo fardo é registrado no tenebroso e nada divino quadro no alto e no centro do escritório, Henry demonstra pontualmente um enorme carinho e arrependimento do amor displicente por sua esposa ou da impossibilidade de participar de um coral em uma paróquia mais humilde. Essa postura, aliás, é fundamental para que aceitemos a redenção do personagem, nem que eventualmente sua rabugice torne-se um problema, embora os pontuais e oportunos alívios cômicos.

Cary Grant desfila a sua simpatia e carisma, enquanto Loreta Young é doce o bastante para conseguir conquistar ela mesma um anjo. Aliás, Um Anjo Caiu do Céu apresenta a pertinente sub-trama acerca das consequências de Dudley realmente apaixonar-se por Julia, e observe como a atuação de Grant permite a percepção de duas interpretações completamente distintas, no entanto, perfeitamente satisfatórias. Se realmente Dudley estivesse frustrado por não poder permanecer na Terra e conquistar Julia ou se apenas fosse mais um comportamento dissimulado e imprevisível dele, a conclusão seria a mesma, o que abre espaço para o espectador julgar à sua maneira (algo sempre bem-vindo no cinema).

Imperdível para revigorar as forças ...

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Sobre o Colunista:

Marcus Pacheco

Marcus Pacheco

Marcus V. Pacheco é jornalista, formado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cinéfilo, Editor de site, Colecionador e Escritor. Marcus já realizou vários curtas metragens e um longa chamado "O último homem da terra (2001)", baseado no conto de Richard Matheson. Escreveu também 30 e-books sendo 29 sobre cinema e um de ficção que está em fase inicial para publicação. Criador e editor do site "Tudo sobre seu filme (http://www.tudosobreseufilme.com.br/)" onde publica críticas, listas, aulas de cinema e curiosidades do mundo da 7ª arte há 4 anos, além de realizar entrevistas com atores, diretores, críticos e colecionadores do mundo todo.

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