O Fim do Mundo, Enfim
Documentário acompanhado de um show exclusivo em comemoração aos 30 anos do festival "O Começo do Fim do Mundo", que marcou o movimento punk no cenário musical brasileiro.
O Fim do mundo, Enfim (Idem). Brasil, 2016, 112 min. Documentário/ Show. Dirigido por Camila Miranda. Distribuição: Selo Sesc (pode ser adquirido neste link: https://www.sescsp.org.br/livraria/3674_O+FIM+DO+MUNDO+ENFIM)
O Selo Sesc acaba de lançar em DVD um bom documentário original sobre os 30 anos do festival “O começo do fim do mundo”, evento único que abriu as portas da música brasileira para o punk rock. O DVD, com 112 minutos de duração, é dividido em duas partes: “O Fim do Mundo, Enfim: O documentário” (de 43 minutos), com depoimentos de músicos e fundadores do festival, e “O Fim do Mundo, Enfim: O show” (de 69 minutos), um empolgante show na íntegra, realizado no Sesc Pompeia em 2012, com a participação de bandas que se apresentaram três décadas antes naquele mesmo espaço.
O documentário em si, bem detalhado por sinal, resgata o conceito do punk brasileiro a partir de uma série de depoimentos de músicos representantes das principais bandas do gênero, como Garotos Podres, Lixomania, Ratos do Porão, Inocentes, Restos de Nada, Olho Seco e Cólera. Eles contam a estrondosa experiência de quando pisaram nos palcos do então recém-inaugurado Sesc Fábrica Pompeia (hoje Sesc Pompeia), nos dias 27 e 28 de novembro de 1982, para agitar o público com suas letras agressivas, sarcásticas, niilistas, sempre com cunho de contestação, decretando a autonomia pelo manifesto do “Faça você mesmo”. É interessante vê-los hoje, mais velhos! Além disso, o documentário é ilustrado com trechos do antigo show, e músicos como João Gordo e o escritor, dramaturgo e fundador do festival Antonio Bivar relembram fatos históricos de “O começo do fim do mundo” que repercutiram na mídia mundial – houve intervenção policial na época, quebra-quebra, brigas, discriminação, histeria, mas também durante os dois dias do evento os organizadores desenvolveram oficinas musicais, debates e exibição de filmes, com nítida preocupação cultural.
Há um espaço no documentário para grupos atuais do punk rock analisar a influência de “mestres” do passado, por exemplo, Agrotóxico e Flicts, que estão no mercado musical há 15, 20 anos.
O Selo Sesc caprichou no DVD comemorativo, um produto fidedigno aos fãs do punk rock; vale destacar que de uns anos para cá o Selo Sesc distribui documentários criativos aqui no Brasil, boa parte com produção própria. Fiquem atentos para novos títulos!
Sobre o Colunista:
Felipe Brida
Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com