Jornalista e escritora, sua notável carreira passa pela TV e pelo cinema, incluindo o roteiro de programas de sucesso como Caça Talentos (1996-1998) e o seriado Mulher (1998-1999). levando a Detetives do Prédio Azul (D.P.A.) e a série de livros Diário de Pilar, que está prestes a se tornar um live action e já possui uma série animada na Disney Plus. Tive o prazer de entrevistar Flavia Lins e Silva às vésperas da estreia de D.P.A: O Fantástico Reino de Ondion nos cinemas (4/12) e com a aproximação da estreia de Diário de Pilar na Amazônia em janeiro próximo.

Adilson: Como começou sua paixão por escrever?
Flávia: Minha paixão pela escrita e pesquisa começou na infância, por volta dos 9 ou 10 anos, quando eu mantinha diários e era incentivada a escrever na escola. Busquei o jornalismo como uma forma de poder viver escrevendo para jornais e TV. Após me formar, entrei para a TV Globo no jornalismo, e lá participei da oficina de roteiros nos anos 90, o que me levou a escrever Caça Talentos em 1996.

Adilson: De que forma você transitou de um gênero infantil como Caça-Talentos para um trabalho mais adulto como Mulher?
Flávia: Após Caça Talentos, trabalhei em novelas com nomes com Antônio Calmon, Manuel Carlos e Ricardo Linhares, e nesse período comecei a escrever os livros da série Diário de Pilar. Quando ´passei a escrever o seriado Mulher, que tratava de temas importantes para a saúde da mulher, foi um grande aprendizado, conseguindo transitar por muitos mundos e personagens. O infantil estava terminando na TV Globo quando um ano depois, fui chamada para o lançamento do canal Gloob, e criei a ideia de Detetives do Prédio Azul, que inaugurou o canal e está chegando agora ao quarto filme. O aprendizado de roteiro na época era feito principalmente na prática, em equipe, pois havia poucos livros e roteiros disponíveis no Brasil. Havia uma dificuldade de conseguir roteiros para ler, muitas vezes comprados de forma não oficial. Eu prefiro escrever seriados e cinema em vez de novelas, pois permitem mais refinamento no roteiro, embora eu reconheça que a novela é uma "grande escola" no Brasil para adquirir ritmo de escrita

Adilson: Como foi que você decidiu criar D.P.A - Detetives do Prédio Azul?
Flavia : Optei por fazer D.P.A. em um formato episódico, onde cada episódio é um caso, acreditando que isso é mais adequado ao público infantil, que gosta de assistir ao conteúdo repetidamente e de forma isolada. A inspiração para o D.P.A. veio da minha paixão por histórias de detetive na infância, influenciada por autores como Agatha Christie, e a inclusão da magia foi um elemento especial que inicialmente o canal relutou em aceitar. Decidi renovar a série com a saída dos detetives quando crescem como uma escolha acertada para renovar a narrativa.

Adilson: O que esperar de seus próximos lançamentos?
Flávia: D.P.A. - O Fantástico Reino de Ondion, que estreia em dezembro e leva os detetives a um reino mágico para resgatar o detetive Max. Vai ser um momento muito aguardado esse lugar do qual vinha falando na série. Agora todos vão finalmente atravessar esse portal do apartamento 333, e vai chegar em Ondion no aniversário da Roberta de dez mil anos, mas o Max desaparece e os amigos vão investigar esse mistério para resgatar o amigo e se envolvem em uma trama no castelo. Já o live action Diário de Pilar na Amazônia chega em 15 de janeiro, que explora a Amazônia de maneira linda e traz uma importante mensagem ecológica. A abordagem ecológica é delicada e importantíssima, defendendo que a causa é de todos e deve ser tratada com uma perspectiva lúdica e esperançosa para o público infantil. A série de livros Diário de Pilar se destaca por levar o leitor a diferentes localidades, promovendo o conhecimento geográfico de forma divertida. A adaptação para a série animada foi para a National Geographic Kids, depois Disney Channel e esperamos que vá para Disney Plus. A série transformou as grandes viagens dos livros em viagens curtas para explorar mitos gregos, chineses e incas, e já estou escrevendo o nono livro de Pilar, que será ambientado em Portugal, onde morei.

Adilson: O novo filme já vem vitorioso, já que coroa uma franquia que já tem 23 temporadas, Mas, o que você gostaria de experimentar ainda como escritora?
Flávia: Tanta coisa! Meu Deus, tomara que eu tempo para fazer tudo que quero escrever. Gostaria de escrever mais para o público adulto, além de continuar com as histórias de Pilar, e outras histórias que estou trazendo

Adilson: Com o avanço cada vez maior do streaming, você acha que essa mudança na forma de assistir conteúdo influencia de alguma forma na hora de escrever?
Flávia: Eu já fiz um documentário chamado A História das Salas de Cinema no Rio, e lembro que com o surgimento da televisão colorida, muitos falavam que temiam o fim das salas de cinema. Elas não acabaram, mas se adaptaram, reduziram seu tamanho, chegaram aos Shoppings. Ainda acredito que o cinema não vai acabar, é como um "sonho coletivo", uma experiência diferente de assistir em casa. Mas, gostaria de ver um canal de streaming voltado para o conteúdo brasileiro infantil, que reunisse filmes, séries e curtas de qualidade.

Adilson: Qual o som que você mais gosta?
Flávia: O som do piano.

Adilson: Qual o som que você menos gosta?
Flávia: O barulhos dos carros no trânsito.

Adilson: Qual a profissão, além da sua, que você mais gostaria de ter experimentado?
Flávia: Antropóloga.

Adilson: Qual trabalho você jamais faria?
Flávia: Médico-cirurgiã.

Adilson: Qual o filme que faz sua alma dançar?
All That Jazz - O show Deve Continuar, de Bob Fosse (1979)

Adilson: Que livro que você já leu e que mais te encanta?
Flávia: O Jardim Secreto e O Homem que Plantava Árvores.

Adilson: O que você gostaria de ouvir de Deus quando você entrar no paraíso?
Flávia: Flávia, você plantou belas coisas.