Uma Fabula Politica

A Simbologia de O Urso Governador se transparece

24/06/2025 01:45 Por Eron Duarte Fagundes
Uma Fabula Politica

Imagem: Internet

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Escritor e político, o russo Mihkail Saltykov-Chtchedrin faz de O urso governador uma fábula política em que as personagens são animais a que o narrador dá características humanas para ensaiar suas meditações sobre a realidade dos homens.

A oração que abre o conto é o holofote de suas direções, ou estradas. “Os delitos grandes e sérios são muitas vezes chamados de esplendorosos e, como tais, inscritos nas páginas da História. Os delitos miúdos e fúteis são, por sua vez, chamados de vergonhoso e não apenas não induzem a História a erros, mas nem sequer ganham elogios por parte dos contemporâneos.”

Toptíguin, “um velho bicho servidor”, observa o que se passa ao redor. Como se passa tudo. Como os tempos se transformam. “que existira outrora — embaixo daquele pinheiro ali— uma máquina manual de imprimir, a qual produzia os jornais florestais, mas criando na época de Magnítski a dita máquina fora queimada em público, mantendo-se apenas o comitê de censura, que transferira a função para os estorninhos.” Em russo Toptíguin é nome de urso. Esse Toptíguin do conto assume a governança de Estado. Acaba descobrindo coisas do passado de seu reino, digamos assim. Um passado obscuro, autoritário e ignaro, que era a antecipação do próprio tempo do novo governador-urso, autoritário, obscuro. “Então o major perguntou se não havia na floresta, ao menos, uma universidade ou academia que se pudesse queimar. Esclareceu-se, contudo, que nisso também  Magnítski antecipara suas intenções: alistara todos os universitários nos batalhões de infantaria e enclausurara os acadêmicos num oco de árvore, onde eles permaneciam, imersos numa letargia, até o dia corrente. Zangou-se Toptíguin e exigiu que trouxessem logo aquele Magnítski para trucidá-lo, mas recebeu como resposta que Magnítski, por vontade de Deus, falecera.” Ora, pois, as tolices humanas se reiteram e são reencarnadas no universo dos animais, que somos todos animais.

As coisas não terminam bem, sabemos. “Mas aí os mujiques caçadores vieram invadir o matagal, e Toptíguin III fugiu da toca para os campos. E teve o fim de todos os bichos de caça.” A retirada de reis, acossados pela nova burguesia. O exílio dos políticos, perseguidos por adversários totalitários. A simbologia de O urso governador se transparece.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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