DOSSIE BOND 17: 007 C0NTRA GOLDENEYE

Pela primeira vez um roteiro de 007 havia sido feito sem nenhuma ligacao com os livros de Ian Fleming, desta vez nem mesmo o titulo

04/06/2021 02:58 Por Adilson de Carvalho Santos
DOSSIE BOND 17: 007 C0NTRA GOLDENEYE

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 Sete anos depois do último filme estrelado por Timothy Dalton, James Bond voltou às telas repaginado para uma nova geração em “007 Contra GoldenEye”. O mundo, no entanto, era muito diferente do que havia sido contextualizado para o personagem: Não havia mais a guerra fria, a cortina de ferro foi derrubada, e os interesses globais não mais se desdobravam em ideologias bipolarizadas. O equilíbrio de forças no mundo ainda sofria seus revezes e aí é que entra Brosnan, Pierce Brosnan.

 Pela primeira vez, um roteiro de 007 havia sido feito sem nenhuma ligação com os livros de Ian Fleming, desta vez nem mesmo o título. Foi também a primeiro vez sem a mão do roteirista Richard Maibaum, que havia falecido durante o longo hiato entre o filme anterior “007 Permissão Para Matar” e o novo filme que fora planejado ainda com Timothy Dalton em mente. Este anunciara em 1994 que estava oficialmente fora, sem nenhum interesse de voltar ao papel. Foram pensados para o papel nomes como Liam Neeson, Mel Gibson, Sam Neill, Hugh Grant e Ralph Fiennes (que mais tarde faria o papel de M a partir de “Skyfall”), até que Albert Broccoli escolhesse finalmente Pierce Brosnan que já havia sido cogitado para 007 na época de “007 Marcado Para a Morte” (The Living Daylights) de 1987, mas que acabou não sendo efetivado devido ao contrato que o ator tinha com a série de TV “Remington Steele”. Foi a última vez que Broccoli faria pessoalmente a escolha do ator para Bond, já que Broccoli viria a falecer pouco depois. Curiosamente, Brosnan havia sido casado com a atriz Cassandra Harris, que foi uma das Bond girls de Roger Moore em “007 somente para seus olhos” (For your eyes only).

 A história do novo filme mostra Bond enviado em missão para recuperar o Goldeneye, um sistema de satélites capaz de provocar pane em qualquer circuito eletrônico do mundo, desde o mecanismo de um relógio ao mais sofisticado computador. O aparelho acaba caindo nas mãos da organização Janus, a máfia russa surgida dos escombros da antiga União Soviética e dos dissidentes da KGB. Bond enfrenta o General Ourumov (Gottfried John), sua assassina sádica Xenia Onatopp (Famke Jansen), e o agente traidor Alec Trevelyan (Sean Bean), que era amigo de Bond no MI6. Bond conta apenas com a ajuda do agente da Cia Jack Wade (Joe Don Baker) e a operadora de sistema Natalya Simonova (Izabella Scorupco). No elenco de Bondgirls, Xenia ficou com a atriz holandesa Famke Jansen, que depois interpretou a mutante Jean Grey nos filmes da franquia “XMen”. Já Izabella Scorupco é atriz e cantora de origem polonesa. O maior adversário de Bond ficou o ator Sean Bean, que chegou a fazer teste para o papel de James Bond já na época de “007 Marcado Para a Morte” em 1987. O elenco de apoio foi renovado começando com M, o chefe de Bond, que ficou com a atriz Judy Dench, primeira vez em que uma mulher veio a interpretar o papel na franquia, mostrando como uma figura tão anacrônica co o 007 se ajustava aos anos 90. O único ator original que manteve o papel foi Desmond Lewlley, o Q, gênio inventor por trás das traquinas bondianas.

 O filme foi dirigido por Martin Campbell, que imprimiu um ritmo ágil que segura o interesse na trama, mantendo o tom mais sério iniciado na era Dalton. O resultado foi uma bilheteria mundial de mais de $ 350 milhões para um orçamento de $58 milhões. O roteiro acerta em cheio na forma a apresentar Bond para a geração 90, como na cena em que M (Dench) chama Bond de “dinossauro sexista misógino”, destacando o anacronismo da figura do superespião em um mundo onde o maniqueísmo deixou de ter sentido, e as intrigas políticas abandonaram ideologias em favor de interesses econômicos.

 A trilha sonora traz a voz de Tina Turner na canção de abertura, que quase foi gravada pelo grupo Rolling Stones. A banda sueca “Ace of Base” também foi cogitada, e depois descartada. Foi o primeiro filme de 007 a usar tecnologia digital, apesar de algumas sequências tradicionais como o mergulho de bungee-jumping na abertura do filme, a perseguição de tanques que levou seis meses para ser concluída, e as cenas de luta que dispensavam muitas vezes os dublês. Brosnan chegou a machucar sua mão em uma dessas cenas, e seu filho Christopher Brosnan usou a própria para emular a do agente. A sequência final na gigantesca antena foi filmada na mesma locação usada para o filme “Contato”, com Jodie Foster.

 O nome do filme ainda guarda uma referência ao criador do personagem já que “GoldenEye” foi o nome de uma operação de espionagem real na qual Ian Fleming se envolveu quando este trabalhava para a Inteligência Naval Britânica durante a Segunda Guerra. A operação tratava da possível invasão da Espanha por tropas nazistas. Quando Fleming se tornou um escritor bem-sucedido, este usou o nome “GoldenEye” para batizar sua casa na Jamaica, onde se desenvolvia seus livros.

 O sucesso nas bilheterias do filme de Martin Campbell restaurou o prestígio de franquia, se tornando a mais rentável superando inclusive as duas incursões de Timothy Dalton no papel. Brosnan ficou com um contrato para mais três filmes e sua licença para matar e divertir foi renovada definitivamente.

 

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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