Cineastas Esquecidos - Alan Parker
Memoria REF: Rubens comenta o esquecimento do grande diretor, em texto de 2018
Cineastas Esquecidos - Alan Parker
A arte, o cinema é muito injusto. Houve tempo em que falar em Sir Alan Parker já era sinônimo de prestigio e sucesso. Hoje nem seus filmes mais famosos são reprisados ou novamente admirados. E olha que nem é muito velho para ser esquecido tão rapidamente (ele esteve algumas vezes no Brasil, inclusive na Mostra de São Paulo). Nascido em 14 de fevereiro de 1944, em Islington, Londres. Seu filho Nathan Parker, é roteirista e diretor (escreveu Lunar, Blitz, Equals, o talentoso 2:22 Encontro Marcado e Our House, 18). Teve a sorte de se tornar um dos mais famosos diretores de comerciais na Inglaterra, num momento em que o gênero estava em seu auge. Trabalhou para a firma Collett Dickinson Pearce (CDP) nos anos 60 e 70, ganhando prêmios em festivais de comerciais, depois escrevendo scripts para a TV, formando uma parceria com David Puttnam, até passar para longa-metragens. Fez muitos filmes de sucesso, mas só teve duas indicações ao Oscar, por Mississipi em Chamas, 89 e seu primeiro grande êxito que O Expresso da Meia Noite, 79. E três indicações ao Globo de Ouro (também por Evita mesmo que com Madonna). Foi consagrado porem pelo BAFTA, com prêmio especial pela carreira (em 2013), premiado por The Commitments, 92, direção e filme, também por O Expresso da Meia Noite e o menos conhecido, The Evacuees, 76, sobre dois garotos judeus que tem que sair de Manchester durante a Blitz da Segunda Guerra. Mas não deixa de ser deprimente vê-lo desperdiçado ainda tão (relativamente) cedo.
Parker, Alan (1944- ). Diretor inglês vindo da propaganda (parecia uma regra que nos anos 70/80, todos os novos diretores de lá tinham vindo da publicidade) e que com seu primeiro filme, Bugsy Malone, foi reconhecido pela crítica. Começou a carreira como publicitário, numa agência onde também trabalhava David Putnam (que mais tarde se tornaria um dos mais bem-sucedidos produtores ingleses). Tornou-se diretor de comerciais em 1968 e dois anos depois formou sua própria produtora, Alan Parker Film Company, com Alan Marshall. Antes de estrear no cinema, dirigiu um média-metragem para a TV (No Hard Feelings, 1972) e dois curtas (Our Cissy e Footsteps, 1973). Com O Expresso da Meia-Noite gerou polêmica pela violência na história real de um jovem americano preso na Turquia por causa de contrabando de drogas. Seu Fama revigorou a decadente situação dos musicais (e prenunciou o novo estilo de musicais dos anos 80). Em The Wall, deu vazão a toda a sua criatividade de publicitário num longo videoclip do LP do grupo de rock inglês Pink Floyd. Asas da Liberdade revelou um novo lado seu, mais sensível e poético, que lhe deu o Prêmio Especial do Júri em Cannes. Os anos 90 diminuíram sua vitalidade (dedicou-se a Política de Cinema na Grã-Bretanha). Mesmo assim fez dois musicais decentes: o divertido e irlandês The Commitments, e Evita (onde conseguiu o melhor momento de Madonna em toda sua carreira no cinema).
Dir.: 1975- The Evacuees (TV.Ian East, Gary Carp). 1976 – Bugsy Malone, Quando as Metralhadoras Cospem... Chantilly ou Quando as Metralhadoras Cospem – Bugsy Malone (Bugsy Malone. Jodie Foster, Scott Baio). 1978 – O Expresso da Meia-Noite (Midnight Express. Brad Davis, John Hurt). 1980 – Fama (Fame. Irene Cara, Lee Curreri). 1982 – A Chama que Não se Apaga (Shoot the Moon. Diane Keaton, Albert Finney). Pink Floyd The Wall (Idem. Bob Geldof, Bob Hoskins). 1984 – Asas da Liberdade (Birdy. Mathew Modine, Nicolas Cage). 1987 – Coração Satânico (Angel Heart. Mickey Rourke, Robert De Niro). 1988 – Mississipi em Chamas (Mississipi Burning. Gene Hackman, Willem Dafoe). 1990 – Bem-vindos ao Paraíso (Come see the Paradise. Denni Quaid, Talita Tomlyn). 1991 – The Commitments – Loucos pela Fama (The Commitments. Robert Arkins, Colm Meaney). 1994 – O Fantástico Mundo do Dr. Kellogg (The Road to Wellville. Matthew Broderick, Anthony Hopkins). 1996 – Evita (Idem. Madonna, Antonio Banderas). 1999 – As Cinzas de Angela (Angela’s Ashes. Emily Watson, Robert Carlyle). 2002 – A Vida de David Gale (The Life of David Gale. Kevin Spacey, Kate Winslet).
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.