RESENHA CR�TICA: Vingan�a (Revenge)

� dif�cil avaliar um filme t�o violento e sangrento quanto este que chegou a ser considerado filme de terror, mas curiosamente se enquadra na atual luta pelos direitos das mulheres

06/06/2018 17:28 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Vingança (Revenge)

tamanho da fonte | Diminuir Aumentar

Vingança (Revenge)

França, 2017. 1h48 min. Direção e roteiro de Coralie Fargeat. França. Com Matilda Anna Ingrid Lutz, Kevin Janssens, Vincent Colombe e Guillaume Bouchède.

É difícil avaliar um filme tão violento e sangrento quanto este que chegou a ser considerado filme de terror, mas curiosamente se enquadra na atual luta pelos direitos das mulheres, principalmente porque foi dirigido por uma mulher Coralie (que ainda por cima é estreante em longa-metragem, tendo feito antes apenas dois curtas e uma minissérie chamada Les Fées Cloches, duas experiências como assistente, e além de tudo é uma bela figura). Difícil encontrar um filme tão forte como este, com apenas três atores e um figurante, passado inteiramente numa mansão no deserto, que as câmeras modernas conseguem transformar numa eletrizante e assustadora história de estupro e crueldade, e onde quem aparece mais sem roupa, nudez total, é justamente não a heroína, mas Richard o bonitão mas cruel e frio galã (um certo Kevin Janssens, Belga, 1979, que tem mais de 30 experiências principalmente em séries de televisão). A jovem heroína que se chama Jen é interpretada por uma jovem italiana (milanesa) de nome comprido Matilda Anna Ingrid Lutz, que fez Sobre Viagens e Amores, O Chamado 3 e a série Medici: Masters of Florence.

Na história, ela é uma loira bonita e de corpo perfeito, que parece pouco inteligente, quando vai passar uns dias na mansão no Marrocos de seu namorado (o desenho de produção exemplar é de Pierre Queffelean) que é casado (ficamos sabendo disso porque ele fala com a esposa com frequência). Tudo corre muito bem até quando aparecem dois homens maduros e ricos, Stan e Dimitri, parceiros de caçada de Richard. Cria-se o clima de perigo e o estupro parece inevitável. E aí que realmente começa a trama, quando ela se assusta tenta fugir, mas Richard é de uma brutal violência e a joga num abismo. Sempre com excelente fotografia do fotógrafo Robrecht Heyvaert.

Talvez aí nesse momento do filme é que se encontra o ponto fraco da trama já que obviamente os espectadores devem estar torcendo pela heroína. O que fica difícil aceitar é que ela miraculosamente consegue escapar e consegue se armar para a vingança, no que virá a ser um enorme banho de sangue. São sequências bastante longas, que irão culminar numa grande e ainda mais terrível caçada. E mais não digo para não estragar o impacto. Mas no exterior foi considerado tão sanguinolento quanto os filmes de Dario Argento ou John Carpenter.

Já que a moral do filme é duvidosa, mas de grande impacto, o fato é Vingança fez uma boa carreira em toda parte, até no Festival de Sundance, em sessões de meia-noite em Toronto e assim por diante. Mas não chegou a ser sucesso nas salas americanas. Mas assusta, prende a atenção e pode gerar boas discussões e polêmicas. Até porque finalmente de forma duvidosa ou não uma mulher enfrenta inteiramente os estupradores.

Linha
tamanho da fonte | Diminuir Aumentar
Linha

Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho � jornalista formado pela Universidade Cat�lica de Santos (UniSantos), al�m de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados cr�ticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores ve�culos comunica��o do pa�s, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de S�o Paulo, al�m de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a d�cada de 1980). Seus guias impressos anuais s�o tidos como a melhor refer�ncia em l�ngua portuguesa sobre a s�tima arte. Rubens j� assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e � sempre requisitado para falar dos indicados na �poca da premia��o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores f�s da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole��o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa��es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para miniss�ries, incluindo as duas adapta��es de “�ramos Seis” de Maria Jos� Dupr�. Ainda crian�a, come�ou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, al�m do t�tulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa��es. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicion�rio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o �nico de seu g�nero no Brasil.

Linha
Todas as m�terias

Efetue seu login

O DVDMagazine mant�m voc� conectado aos seus amigos e atualizado sobre tudo o que acontece com eles. Compartilhe, comente e convide seus amigos!

E-mail
Senha
Esqueceu sua senha?