RESENHA CRTICA: Me (Mother)

Melhor aceitar que tudo foi um equvoco de pssimo gosto e insuportvel concluso

19/09/2017 17:54 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Mãe (Mother)

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Mãe! (Mother!)

EUA, 17. 2h1m. Direção e roteiro de Darren Aronofsky. Com Jennifer Laurence, Javier Bardem, Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Brian Gleeson, Domhall Gleeson, Jovan Adepo, Amanda Chiu, Stephen McHattie, Kristen Wiig.

Pelo que eu percebi na sessão de Imprensa, os jornalistas brasileiros merecem a total admiração ainda mais comparados com outros mesmo sendo britânicos ou até americanos. Não vaiaram, não xingaram, nem jogaram nada na tela. Podem ter tido vontade disso, mas foram verdadeiros cavalheiros. Aqui todo mundo fez um esforço muito grande para entender e até respeitar um diretor que nos parecia ao menos digno de certo talento. Os britânicos perderam a vergonha. Nem sempre quanto o famoso Rex Reed, que simplesmente escreveu “Mãe! é o pior filme do ano, talvez do século!”. E foram por aí a fora. Basta dizer que de tempos em tempos, certos diretores americanos acham que estão acima de qualquer poder e decidem fazer projetos pessoais. Pensando que todo mundo vai achar uma maravilha. Infelizmente não é bem assim. O ego é tanto que esquecem de explicar que diabos é aquela história, qual é a sua lógica ou seu sentido! E que o público paga seu ingresso para se divertir, sim também se informar e se emocionar, mas ao menos precisa de algum critério ou lógica para seguir um filme, ou o que passa por ele.

É incrível que a crítica norte-americana em sua maioria nem tentou entender nada. Simplesmente estava abaixo de sua compreensão.

Aqui na pré-estréia ao menos se respeitou o trabalho do elenco, em particular de Jennifer Lawrence, só agora que eu bobo que fiquei sabendo que ela seria a atual namorada do diretor. O que explica porque ela se submeteu a essa sucessão de humilhações numa interpretação muito honesta e sincera. Embora fique visível que ela é a primeira a não entender o que diabos está sucedendo (o diretor tem algumas manias estilísticas como filmar é o que dizem em 16 milímetros o que tira qualquer brilho de luminosidade, depois utiliza trilhas sonoras irritantes e vai mergulhando mais e mais na confusão). Enfim, já que a moça é geniosa, não duvide de que este romance já chegou ao fim (o filme custou por volta de 30 milhões e até que rendeu bem no primeiro fim de semana chegando aos 7 milhões e quinhentos!). O estúdio Paramount embora enfrente fase comercial difícil muito bravamente também fingiu que está feliz com o resultado. Mas é falso. Ninguém gosta de perder dinheiro nem ser zombado quando chamam o resultado de “um exercício de tortura e histeria”.

Nossos humildes e honrados jornalistas, dentre eles me incluo, ficamos conversando com um executivo que realmente parecia entender do assunto. E foi assim que chegamos a certo senso. Darren, como judeu de origem e imagino que de crença, fez uma grande alegoria da vida de um casal que vai morar sozinho numa velha casa. Ele é feito pelo espanhol e geralmente ilustre Javier Bardem que seria um poeta admirado por muitos (há essa espécime ainda hoje?). Sua jovem mulher é gentil, apaixonada e tentando aprender a cuidar da casa e dele. Mas o ego do cavalheiro é grande demais, e a tragédia começa quando ele deixa entrar na casa e ficar morando lá um casal esquisito que interferem em tudo (papeis do sempre bom Ed Harris e roubando o filme a ainda bela e sensual Michelle Pfeiffer, que merecia levar o Oscar de coadjuvante. O que pena fica difícil diante da rejeição do filme).

Enfim, tudo vai se complicando aparecem os filhos do casal (feito por dois ingleses realmente irmãos) que começam a brigar e um mata o outro (seria então uma referência da Bíblia que seria constante, ao que parece como os irmãos Caim e Abel). Mas de qualquer forma resolvem engravidar e isso só virar piorar ainda mais a situação quando dezenas de admiradores e fãs irão invadir a casa para não apenas celebrar o herói (Bardem aparece no letreiro apenas como Him/Ele) que depois de conseguir voltar a produzir fica até feliz em ser endeusado e elogiado de todas as formas. Daí em então, tudo vai piorar, a multidão fica descontrolada de vez, saqueiam a casa, celebram da forma mais grotesca, mas também inventam ritos religiosos e místicos. Não se conta final de filme, mas se você ficar até esse pedaço merece algumas das lembranças que circulam por lá (algumas admito que não saquei). É uma ego trip que vai ficando feia e triste, chegando ao que parece a comer criancinha!

Será que foi pesadelo meu?! Não estou disposto a assistir tudo de novo. Melhor aceitar que tudo foi um equívoco de péssimo gosto e insuportável conclusão.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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