RESENHA CR�TICA: O Cheiro da Gente (The Smell of Us)
N�o gosto do diretor e fot�grafo Larry Clark que faz a linha junkie desde que conseguiu ficar famoso em Kids (95)


O Cheiro da Gente (The Smell of Us)
EUA, França, 14. Direção de Larry Clark. Roteiro de Clark e Mathieu Landais. Com Lukas Ionesco, Diane Rouxel, Theo Cholbi, Hugo Behar Thinières, Rayn Ben Yaiche, Adrien Binh Doan, Larry Clark.
Não gosto do diretor e fotógrafo Larry Clark que faz a linha junkie desde que conseguiu ficar famoso em Kids (95), que foi proibido a 21 anos no Brasil por mostrar o uso aberto de drogas (mas que no final tinha uma mensagem moralista denunciando o perigo da Aids). Desde então Clark tem trabalhado sem parar numa sucessão de filmes que foram se tornando cada vez mais explícitos sexualmente (como Ken Park, 02), mas cada vez menos levados a sério. Como se servissem simplesmente para chocar e alimentar seu fetichismo (ele passa o filme inteiro explorando o corpo do protagonista loiro Math dando um clima pedófilo a tudo, principalmente ao se fixar no seu órgão sexual, que nunca chegamos a ver). Por outro lado, Larry fez questão de interpretar o bêbado/drogado do começo do filme que está jogado na calçada do Trocadero de Paris, onde os skatistas e depois aparece também num grupo de drogados cantando o que parece ser um blues. Afinal, a moral da história é que todo skatista do filme é além de consumidor genérico de drogas, também ganha a vida como garoto de programa e tendo a chance matará seu cliente, com requintes de crueldade.
A narrativa além de seu habitual descaso técnico é complementada aqui por imagens gravadas em Celular por um dos rapazes da turma que está o tempo todo registrando até mesmo os crimes que cometem. Fica difícil entender se ele está tentando denunciar alguma coisa, nos deixar chocados ou desfrutar das imagens dos corpos adolescentes desnudos. O filme tem pelo menos uma coisa interessante que é a única presença feminina marcante, que é Diane Rouxel que interpreta a menina rica Marie (que é fotogênica e promissora e depois já fez 2 longas Foux D´Amour e De Cabeça Erguida já visto aqui). Achei curioso também certa semelhança na carreira de Clark com a do também americano e mais consagrado Gus Van Sant, que fez seu melhor filme (Garotos de Programa) sobre o mesmo tema e também realizou outro sobre skatistas (Paranoid Park, 07). Além disso, com frequência revela esse desprezo técnico.
Não fiz um resumo do filme que é basicamente em cima de dois adolescentes infelizes. O loiro com cara de Anjo Math (Ionesco) não se dá bem com a família e se prostitui com velhos (que são mostrados nus e sem nenhuma piedade, parecendo mesmo filme de terror) já que não gosta de sexo anal. Seu melhor amigo é Pacman (Theo) outro que tem problemas com a família e ainda por cima é loucamente apaixonado por Math. A turma anda junta, se drogam bastante, vão em discotecas, botam fogo em carro e destroem o apartamento de um cliente. Há pouco sexo explícito porque realmente o filme não celebra sexo como prazer, mas quase como uma coisa infernal, negativa, de marginal.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho � jornalista formado pela Universidade Cat�lica de Santos (UniSantos), al�m de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados cr�ticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores ve�culos comunica��o do pa�s, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de S�o Paulo, al�m de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a d�cada de 1980). Seus guias impressos anuais s�o tidos como a melhor refer�ncia em l�ngua portuguesa sobre a s�tima arte. Rubens j� assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e � sempre requisitado para falar dos indicados na �poca da premia��o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores f�s da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole��o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa��es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para miniss�ries, incluindo as duas adapta��es de “�ramos Seis” de Maria Jos� Dupr�. Ainda crian�a, come�ou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, al�m do t�tulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa��es. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicion�rio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o �nico de seu g�nero no Brasil.

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