RESENHA CRTICA: Cinquenta Tons Mais Escuros (Fifty Shades Darker)
Ser a gente otrio de cair nessa de novo?
Cinquenta Tons Mais Escuros (Fifty Shades Darker)
EUA, 17. 118min. Direção de James Foley. Com Jamie Dornan, Dakota Johnson, Eric Johnson, Marcia Gay Harden, Rita Ora, Kim Basinger, Bruce Altman.
O anterior Cinquenta Tons de Cinza já teve o desprazer de ter sido escolhido quase unanimemente o pior filme do ano retrasado (15), mas saímos todos dele na certeza de que a Universal tendo feito tamanho sucesso de bilheteria apesar de tudo, iria aprender a melhorar e fazer um filme verdadeiramente erótico para valer. Ou ao menos com certa paixão e fogo. Mas não foi isso que sucedeu. Mudaram o diretor (Sam Taylor Johnson que era patético) por outro antigo mas de boa reputação, James Foley (Sucesso a Qualquer Preço, a série House of Cards). Mas o coitado deve ter esbarrado na fúria puritana dos norte-americanos, porque o filme ficou, se não igual, ainda pior. Houve momentos onde a plateia gargalhava de situações ridículas e pior ainda quando colocam no fim dos letreiros um rápido trailerzinho anunciando o casamento que deve acontecer no filme seguinte.
Na verdade eu não vejo saída. O galã Dornan é um loirinho aguado e de corpo trabalhado, mas que não é ator nem aqui nem na sua natal Irlanda. Embora tivesse que fazer papel de mau, um tarado que tenta lidar com os traumas da família e passado, procurando fazer sexo violento e, digamos, criativo (nunca se vê nada disso, na primeira hora nada acontece, só papo furado e depois disso tem uma bola, que é colocada em determinado lugar feminino mas também sem maior impacto). Há uma outra sequência de sexo do casal, mas nada que qualquer filmezinho Frances se canse de repetir. Ou seja, sexualmente o filme é uma pobreza (visualmente tem certa categoria de direção de arte de interiores e externas em Seattle, mas nada que fique para a História).
Os coadjuvantes conseguem ser ainda piores como a veterana Kim Basinger, reaparecendo transtornada pelas plásticas, numa ponta miserável. Mas o roteiro desta vez é ainda pior, lembrando telenovelas (acredita que tem até um helicóptero que se mais nem menos começa a cair! Isso para não falar de um rival apaixonado pela heroína que também é coisa de mexicano!). Mas a canastrona mesmo é a protagonista Dakota Johnson (que é filha de celebridades, filha de Don Johnson e Melanie Griffith, neta de Tippi Hendren dos filmes de Hitchcock). Totalmente displicente, com um cabelo despenteado horrível,não chega a ser nem especialmente bonita, nem quando tira a roupa (o que também é muito raro). Na verdade, de erótico o filme é um vexame, como drama romântico é ainda mais triste.
Será a gente é otário de cair nessa de novo?
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.