RESENHA CRTICA: O Candidato Honesto

O Candidato Honesto

30/09/2014 16:07 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: O Candidato Honesto

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O Candidato Honesto

Brasil, 14. Direção de Roberto Santucci. Com Leandro Hassum, Ellen Roche, Luiz Valdevaro, Flavio Galvão, Flavia Garrafa, Antonio Pedro, Julia Rabello, Tonico Pereira, Fernanda Rodrigues

 

Nunca vi um filme brasileiro como este. Nem mesmo estrangeiros, ou italianos que até agora eram imbatíveis em criticar sua vida política. Não sei como o público brasileiro vai reagir a um filme tão deliberadamente acusador, praticamente sem disfarce, jogando na cara de todos a corrupção política que grassa o país. E que todo mundo ate agora mais ou menos tentava disfarçar. Dou um exemplo: nas entrevistas ninguém acusa todos os políticos como corruptos. Aqui se diz, “Se por acaso existir algum honesto”!!!

Foi preciso muita coragem para dar a cara para bater e lançar um filme como este em plena véspera de eleições (muitas vezes citando alguns políticos por nome, mas em geral evitam processos ate mesmo porque essa é a forma de não serem todos vitimas de processos: mantendo o filme como uma chanchada, uma farsa total, com momentos onde isso surge mesmo de forma grosseira e desnecessária (piadinhas grossas como a mulher do herói ou então uma sequência muito ruim onde sequestram um ônibus e junto vai uma velha rolando de lá para cá, na verdade um cara disfarçado de velha! Lamentável momento que nada ajuda o filme que naturalmente se segura na figura de Leandro Hassum, que tem sido o mais popular (também nas bilheterias) ator do momento, de que ninguém duvida o talento (inclusive na sequencia final inevitável quando ele faz um discurso a sério e convence!).

Eu confesso que carrego ainda um trauma do tempo da ditadura quando ia ver uma peça de teatro e ficava na angustia de que podia ser interrompida e irmos todos para a tortura. Também vendo o filme fiquei ansioso pensando se o brasileiro esta capacitado para tanta liberdade (já veio gente reclamar para mim, que o filme tem palavrões. Alô. Gente teimosa, qual o problema com palavrão? Ainda mais dentro do contexto? Afinal não é um convento! Assim como outra reclamação que se aceita a torto e a direito no cinema estrangeiro, mas que aqui não acham aceitável. Usar uma ideia de outros filmes (já um velho recurso dramático) que muitos se lembram com O Mentiroso (Liar, Liar, 97), onde Jim Carrey era vitima de uma mandinga que o impedia de mentir durante uma período de tempo . Aqui é essa situação básica que faz com que ele diga sempre a verdade, mesma na TV, no Congresso e assim por diante.

Já sabemos então qual o maior defeito do filme, que é não ter confiança na própria história e de vez em quando escorregar para a chanchada desnecessária. Mas ri muito e fiquei um pouco chocado vendo tantas verdades (e exagero claro, comédia é feita disso) que desde Tropa de Elite 2 não surgiam  em nossas telas.  Mesmo aqueles que habitualmente não acompanham o gênero, sugiro que vão conferir. E quem sabe se tome um pouco de vergonha na cara.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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