RESENHA CRTICA: O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Maki (Hymyileva Mies)
Uma boa alternativa para se encantar com um promissor filme finlands


O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Maki (Hymyileva Mies)
Finlândia, Suécia, Alemanha, 2016. 1h32 min. Direção de Juho Kuosmanen. Com Jarkko Lahti, Oona Airola, Eero Milonoff, Joanna Haartti, Esko Barquero, Elma Milonof.
Foi um grande para mim voltar a assistir um filme europeu em preto e branco, como aqueles da minha infância, que embora seja luta de boxe não tem nenhuma daquelas disputas artificiais a la Rocky o Lutador ou equivalentes, nem denúncia de gangsters que controlam o esporte. Este é um filme encantador de um diretor estreante Juho Kuosmanen (1979-), nascido em Helsinque. Formado pela ELO Helsinki Film School of Aalto University em 2014. Dirigiu os curtas Roadmarkers (2007), Citizens (2008) e Taulukauppiaat (The Painting Sellers), que ganhou o Prêmio Cinéfondation em Cannes e cinco indicações ao Finnish Film Academy Awards. Junto com seus estudos, Kuosmanen também atuou e dirigiu para teatro e trabalhou com o grupo de ópera vanguardista Coast Kokkola Opera. Este é seu primeiro longa. E foi indicado pela Finlândia para o Oscar de filme estrangeiro do ano passado. Além de ganhar o prêmio Un Certain Regard para a mostra paralela de Cannes, ganhou o prêmio em Chicago para novos diretores, descoberta do ano no European film Awards, 8 Jussi Awards, Prêmio no Zurich Film Festival.
Tudo merecido porque é raro se ver um filme tão natural, encantador, sem inventar frescuras para contar uma história real. É sobre um lutador que gosta muito de sua namorada, mas aceita enfrentar numa luta de boxe um adversário americano (no caso negro) que virá enfrentá-lo. Parece que não tem fôlego para tanto principalmente por causa do peso, teria que pesar muito peso, o que viria a lhe tirar sua energia e força. Por exemplo, só mesmo num filme finlandês se mostra nudez masculina tão espontânea e pouco sensual. Feito em lugares autênticos e deixados como na época dos fatos, o diretor conheceu o finlandês Olli Mäki, boxeador aposentado, e sua esposa Raija. Apesar de já estar com Alzheimer em estágio avançado, Mäki ainda se lembrava das histórias da época em que teve a chance de ser campeão do mundo de boxe (em 1962). “Quando terminou de contar o que aconteceu, disse que aquele tinha sido o dia mais feliz de sua vida”, explica Kuosmanen. Curioso, o diretor quis saber porque, já que o boxeador havia perdido a luta. E por isso quis fazer o filme (a dupla central é eficiente, Jarkko tem 19 créditos, A bela Oona é cantora e depois deste já fez mais dois filmes).
Uma boa alternativa para se encantar com um promissor filme finlandês.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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