Casamento de Verdade
Jenny (Katherine Heigl) sofre constante pressão da família para se casar. Ela é lésbica, super reservada, namora a jovem Kitty (Alexis Bledel) e esconde a sexualidade, inclusive dos pais. Mas um dia pensa em casamento e resolve contar a verdade para os familiares. Como será a vida de Jenny daqui pra frente?
Casamento de Verdade (Jenny’s wedding). EUA, 2015, 94 min. Comédia dramática. Dirigido por Mary Agnes Donoghue. Distribuição: Alpha Filmes
Charmosa e de um humor sagaz, a atriz Katherine Heigl vem conquistando espaço nas comédias independentes norte-americanas, como neste bom exemplar, que foi pouco visto pelo público. Uma pena, pois o filme é bom - adorei a proposta, fiquei entusiasmado com a leveza desse entretenimento convidativo.
A ideia central divide-se em dois pontos fundamentais: o medo da protagonista em “sair do armário”, para declarar publicamente o relacionamento homossexual para os amigos e para a família, e a aceitação dos pais da jovem diante da "assustadora" notícia de que ela é gay. Jenny quer casar, mas esconde o fato de ser lésbica. Vive em constante conflito por não conseguir essa abertura na sociedade. A família, conservadora, pressiona para que ela arranje um marido ideal. Mas quando a verdade é colocada em pratos limpos, a casa da família desmorona. E agora, como Jenny vai lidar com as escolhas do 'eu' para amenizar os tormentos e como as pessoas que a cercam, em especial os pais, irão lidar com a novidade, e reduzir as preocupações tolas que os afligem? Assistam para saber o resultado (adianto que o desfecho é de extrema delicadeza).
Um bom roteiro para se assistir como pedida de fita romântica, bem sustentada pelo elenco de coadjuvantes, a destacar o indicado ao Oscar Tom Wilkinson (o pai), Linda Emond (a mãe), Alexis Bledel (a namorada) e Grace Gummer, filha mais nova de Meryl Streep. E, claro, com a vivacidade de Katherine Heigl, menos engraçada que de costume, num papel definitivo, à altura do que merece.
“Casamento de verdade” é o segundo trabalho da sumidíssima diretora Mary Agnes Donoghue, que antes só dirigiu “Paraíso”, em 1991 – ela atua mais como roteirista, responsável por escrever “Amigas para sempre” (1988) e “O engano” (1991). Pelo menos ela sai do período de ausência em boa forma, marcando no currículo esse bom filme que mistura comédia e drama, para reflexão de pais e filhos à procura de aceitação e entendimentos sobre a sexualidade. Assista!
Sobre o Colunista:
Felipe Brida
Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com