X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

X-Men: Saiba como tudo começou

21/05/2014 13:43 Por Adilson de Carvalho Santos
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

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“Mutação é a chave para a evolução. É o que nos permitiu evoluir de um organismo unicelular para a espécie dominante neste planeta. O processo é lento, e normalmente leva milhares de anos. Mas a cada milênio, a evolução dá um salto à frente.” Com essa narração o ator Patrick Stewart começou o filme X-Men, dirigido por Bryan Singer em 2000, e que deu o pontapé inicial para a recente onda de filmes de super-heróis. Se evolução é a palavra chave, Stan Lee & Jack Kirby acertaram quando imaginaram que, em vez de adquirir poderes, pessoas poderiam nascer com habilidades EXTRA. Lançado em Setembro de 1963, a revista The Uncanny X-Men #1 chegava às bancas no mesmo ano que Martin Luther King faria seu histórico discurso pela igualdade racial, mesma década que Kennedy fora assassinado, e a sociedade americana se transformava ao sabor de conflitos pelos direitos civis, encontrando paralelo na luta dos mutantes contra a intolerância e o abuso de poder de seus iguais, representados pelo vilão Magneto e sua Irmandade de Mutantes. O próprio discurso de aceitação do Professor Xavier e revolta de Magneto eram ecos de uma era de extremos que moldou o mundo nos anos que se seguiram. Nos quadrinhos, a formação original da equipe contava com Ciclope, Fera, Anjo, Homem de Gelo e Jean Grey, bem diferente do filme da X-Men Primeira Classe de Mathew Vaughn em 2011.

Contudo, demorou para que a HQ dos heróis alcançasse a popularidade de hoje. Durante um tempo, a revista dos X Men circulou apenas com reimpressões e chegou até a ficar alguns anos sem ser publicada até que a Marvel Comics lançasse, em Maio de 1975, Giant Size X Men com roteiros de Chris Claremont & Len Wein e desenhos de Dave Cockrum. Na história, uma nova equipe é formada quando os X Men originais são presos em uma ilha monstro. A nova equipe traz membros de diversas nacionalidades e etnias: a Africana Ororo Monroe, o alemão Kurt Wagner, o russo Piotr Rasputin e até mesmo o índio Apache John Proudstar, que ganharam as respectivas alcunhas de Tempestade, Noturno, Colossus e Pássaro Trovejante, sendo que este último morre logo na história seguinte indicando que, assim como na vida real, a tragédia faria parte das histórias, um realismo amargo que se repetiria muito nas HQs antes que isto se tornasse um mero clichê para se aumentar as vendas das revistas. O personagem que mais veio a se destacar, no entanto, foi o canadense Logan, vulgo Wolverine, criado por Len Wein em 1974 nas páginas de O incrível Hulk # 180 como antagonista do herói verde da Marvel. Nos anos que se seguiram Wolverine se tornou o maior atrativo das histórias dos X Men com seu comportamento rebelde, agressivo e passado misterioso que rendeu diversas histórias interessantes e garantiu até o lançamento de seu próprio título.

As histórias dos X Men viriam a partir daí a se destacar das demais histórias do universo Marvel por fazer da luta dos heróis mutantes a parábola perfeita da intolerância, seja ela de qualquer espécie, sofrida por um grupo oprimido mas relevante. As habilidades especiais dos personagens são metáforas para o que grupos étnicos ou socialmente ou indesejáveis poderiam contribuir para a construção de um mundo melhor e para o futuro da espécie humana. A formação da dupla criativa Chris Claremont (roteiros) e John Byrne (desenhos) na segunda metade dos anos 70 gerou roteiros mirabolantes que marcaram os heróis mutantes pelos anos que se seguiram, como, por exemplo, o roteiro do filme atual extraído de X Men # 141 e #142 de 1981,e que foi publicado pela primeira vez no Brasil cinco anos depois na hoje clássica revista Superaventuras Marvel #45 da Editora Abril, uma época em que os X Men ainda não eram publicados em título próprio no Brasil. Na história original, é Kitty Pride (a personagem de Ellen Paige) quem é enviada de um futuro onde os mutantes estão sendo exterminados para o presente da década de 80 para evitar o assassinato de um senador americano (personagem de Bruce Davidson nos dois primeiros filmes dos X-Men) pela Irmandade de Mutantes, deflagando a criação de robôs Sentinelas que caçarão e exterminarão os mutantes do planeta. Curiosamente, na época a Editora Abril usou na capa a chamada “Exterminadores do Futuro”, alusão óbvia ao bem sucedido filme de James Cameron com Arnold Schwarzenegger que também trata va da viagem no tempo para mudar um evento do passado. O filme atual se vale da mesma premissa mas quem é enviado ao passado (anos 70) é Wolverine que tem sua consciência transferida em processo que vai lembrar as viagens no tempo do seriado “Contra Tempos” (Quantum Leap) que também explorava a mesma ideia. O filme coloca Wolverine – muito mais popular que Kitty Pryde – como o personagem chave que vai promover o encontro de duas gerações distintas de X Men nas telas.

O aguardado encontro das duas versões do Professor Xavier, a aparição de duas versões de Magneto e a passagem de diversos personagens incluindo mutantes conhecidos (Halle Berry como Tempestade), menos conhecidos (Omar Sy de Intocáveis como o mutante Bishop) e outros que movimentarão a ação do filme confirmando o talento de seu diretor em lidar com a diversidade de personagens e egos de seus intérpretes.

A viagem no tempo, embora clichê já batido na ficção científica, acaba servindo como justificativa ideal para unir essas gerações em um roteiro digno da criatividade de Stan Lee, Chris Claremont e outros que nas HQs conduziram leitores amantes da aventura. Também foi de Claremont, por exemplo, as histórias que serviram de base para os filmes X Men 2 (2003) e X Men 3 – O Conflito Final (2006) O segundo filme foi baseado na HQ “God Loves Man Kills” de 1982 e que foi publicada no Brasil poucos anos depois com o nome “O Conflito de uma Raça”. Nela, o tema do preconceito foi explorado e expandido para as questões religiosas através do vilão, o pastor William Striker, cujo fanatismo evoca à Ku Klux Khan, e que no filme foi transformado em militar corrupto, interpretado por Brian Cox. Já o terceiro filme juntou os pedaços da extensa saga da Fênix Negra, diluída ao extremo, com elementos da fase escrita por Joss Whedon (o diretor do filme dos Vingadores).

Discussões filosóficas a respeito de  mudar o passado emergirão, mas muito mais poderá vir à tona a medida que outras sequências, além dos filmes solo com Wolverine, são produzidas e nos faça repensar o que a evolução nos reserva. (Por Adilson de Carvalho Santos)

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