EM DVD: The Square - A Arte da Discordia

Um curador de arte entra em colapso para lancar uma exposicao contemporanea no museu de Estocolmo.

11/02/2023 03:02 Por Felipe Brida
EM DVD: The Square - A Arte da Discordia

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The Square – A arte da discórdia
 (The Square). Suécia, 2017, 150 minutos. Comédia/Drama. Colorido. Dirigido por Ruben Östlund. Distribuição: The Originals

Ganhou, até de maneira inesperada, a Palma de Ouro em Cannes em 2017 esse filme de arte controverso que destila uma crítica feroz ao mundo das artes, ou melhor, do circuito de arte, tanto de quem produz quanto de quem consome (a crítica se faz especificamente às artes visuais contemporâneas, campo em que quase tudo é visto como arte). Em Cannes ganhou ainda um prêmio técnico, e o filme foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de filme estrangeiro, representante da Suécia. 

Com “The Square” o diretor sueco Ruben Östlund alcançou prestígio fora de sua terra natal, onde havia dirigido pelo menos três fitas independentes – “Involuntário” (2008), “Play (2011) e “Força maior” (2014 – essa indicada ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro). Em “The Square” trabalhou com dois nomes do cinema americano, Elisabeth Moss, do filme de terror “Nós” (2019) e das séries “Top of the lake” (2013-2017) e “O conto da aia” (2017-), e Dominic West, do filme “300” (2006) e da série “A escuta” (2002-2008). E agora está vendo o auge da carreira: seu último trabalho, “Triângulo da tristeza” (2022), acaba de receber três indicações ao Oscar, e nas categorias, a de melhor diretor (as outras são melhor filme e roteiro original, escrito por ele também). É o segundo longa de Östlund a ganhar a Palma de Ouro (“The Square” foi o primeiro), e “Triângulo da tristeza” é o mais fora da curva e extremamente escatológico (que dividiu opinião e amores), previsto para estrear nos cinemas do Brasil no dia 02 de março.  

“The Square” está a milhas de ser uma obra de fácil acesso – tem todo um emaranhado de simbologias, é longo demais para grande parte do público (tem 150 minutos) e conta com um humor sofisticado e ácido. Ou seja, um filme particular, típico de festival, de um diretor que experimenta novas técnicas. Quem frequenta museus, galerias de arte e exposições vai rir de piadas como a do título, em referência a uma arte que é um quadrado (“square”) numa praça, que vai gerando situações à beira do ridículo e conflitos diversos, e em outro momento, a da explicação confusa do curador do museu de Estocolmo (Claes Bang - ator dinamarquês, de “Millennium: A Garota na Teia de Aranha”, de 2018), sobre os caminhos da arte para uma jornalista (Elisabeth Moss) durante uma entrevista, ou das várias cenas com os montinhos de terra como uma instalação que ninguém visita... Mas tem sequências mais esculachadas, quase nonsense, como a do homem com Síndrome de Tourette que xinga na plateia quando um artista (Dominic West) vai falar sobre suas obras ou da transa entre os personagens de Moss e Bang com preferências incomuns. Há subtramas que se alongam e permeiam outras histórias, como o sumiço da carteira, e ainda uma em especial que chega a ser angustiante, uma espécie de arte de intervenção com Oleg, um “homem macaco” (papel impressionante e bem rápido de Terry Notary) num jantar cheio de gente rica, que acaba em violência. 

É uma sátira provocadora e perspicaz, inteligente, em cima da arte contemporânea e do que é considerado arte hoje. Eu, como professor de artes visuais, curti na primeira vez que assisti, na Mostra de Cinema de São Paulo em 2017, e ontem revi o filme em DVD, recém-lançado pela The Originals em parceria com a Pandora Filmes – a “The Originals” é um site de venda de filmes que agora está lançado DVDs e Blurays de longas novos e antigos, com seu selo próprio; já lançaram em DVD e BD “The Square” e “Em chamas” (2018), e em DVD títulos como “Onda de crime” (1985), “Os monstrinhos” (1989), “O anjo malvado” (1993), “Acertando as contas com papai” (1994) e “Kids” (1995). 

O DVD não traz extras, apenas o filme (em ótima cópia) junto com uma luva de proteção. 

 

 

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Sobre o Colunista:

Felipe Brida

Felipe Brida

Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com

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