Eles Lutaram pela Patria
Tres soldados sovieticos sobrevivem a uma batalha durante a Segunda Guerra Mundial. Eles caminham por tres dias em direcao a Stalingrado. No caminho encontram dificuldades que vao de lembrancas da guerra a fuga de novos inimigos
Eles Lutaram pela Pátria (Oni srazhalis za rodinu). URSS, 1975, 150 minutos. Drama/Guerra. Colorido. Dirigido por Sergey Bondarchuk. Distribuição: CPC-Umes Filmes
Junto do polêmico “Vá e veja” (1985), essa impactante fita de arte soviética é um dos retratos mais duros da Segunda Guerra Mundial, que na época do lançamento, em 1975, concorreu à Palma de Ouro em Cannes - e representaria a URSS no Oscar, ficando de fora da lista de indicados oficiais. Com uma clara mensagem antibélica, o drama acompanha o ponto de vista de três soldados soviéticos em 1942, que sobrevivem a um ataque e seguem a pé até Stalingrado. Um é engenheiro, o outro mecânico, e o último, um minerador, todos com suas vidas destroçadas pela pior guerra registrada pela humanidade. É uma saga de vida e morte desses homens heroicos, em que vemos suas lutas internas, os horrores da guerra e o medo diante do caos.
O sólido roteiro de Sergey Bondarchuk (que também dirigiu) é adaptação de um romance de um dos mais aclamados escritores da Rússia, Mikhail Sholokhov (1905-1984), ganhador do Nobel de Literatura, autor de “O destino de um homem”, que virou filme em 1959 pelas mãos do mesmo diretor. Suas histórias retratam a dureza das guerras, de modo particular - Sholokhov, quando adolescente, lutou na guerra civil russa de 1918, ao lado dos bolcheviques, e procurou ao longo da vida engajar-se na luta social dando voz aos oprimidos.
A parte técnica se sobressai mesmo aos olhos dos menos detalhistas: fotografia, som, direção de arte etc. Há duas sequências de reconstituição dos campos de batalha, na primeira parte do filme, difíceis de serem reproduzidas, que envolvem tanques de guerra pegando fogo pela floresta (olha, que cenas show!).
Há no elenco atores reconhecidos da URSS/Rússia, como Vasiliy Shukshin (em seu último papel no cinema), o próprio diretor Bondarchuk (que era ator e roteirista), Vyacheslav Tikhonov, Vyacheslav Tikhonov e o comediante recorrente no cinema soviético dos anos 60 e 70 Yuriy Nikulin.
Na época, devido à longa duração (150 minutos), foi lançado em duas partes no cinema, que agora se encontram reunidas no DVD que acaba de ser lançado no Brasil pela CPC-Umes (vale ressaltar, uma cópia ótima da Mosfilm).
A CPC-Umes já lançou vários filmes do diretor Sergey Bondarchuk, como “A história de um homem de verdade” (1948), “O destino de um homem” (1959), “Guerra e paz” (1965-1967) e “Boris Godunov” (1986), um melhor que outro! Confira!
Sobre o Colunista:
Felipe Brida
Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com