Malevola Dona do Mal
A continuacao que chega agora as telas capricha no visual e na presenca em cena das estrelas Jolie-Pfeiffer, mas deixa a desejar na hist?oria por ser convencional
60 anos depois que a Disney lançou a animação “A Bela Adormecida”, e 5 anos depois de sua bem sucedida adaptação live-action, reencontramos a princesa Aurora e feiticeira Malévola em uma nova aventura. Retornam claro Elle Fanning e Angelina Jolie nos papéis principais com a difícil tarefa de repetir a magia do filme de 2014 que fez da personagem título um sucesso de bilheteria. Com a chegada de “Malévola – A Dona do Mal”, a Disney fecha o ano com o 4º live action de suas animações clássicas, uma forte tendência que tem enchido os cofres do estúdio de Mickey Mouse, e prometendo novas incursões no gênero para os próximos anos.
No caso de “Malévola”, a Disney foi muito feliz com a ideia de pegar uma história extremamente conhecida, mas mudando de foco. O clássico conto atribuído aos Irmãos Grimm data de 1812, e possui diversas variações que datam de séculos antes dos Grimm. O roteiro de Linda Woolverton se baseou na versão do francês Charles Perrault, publicada em 1697, mas sob o ponto de vista de Malévola, seguindo suas motivações e interesses em uma roupagem moderna. Sem deixar de lado os aspectos da fábula da qual se origina, a personagem de Angelina Jolie assume um papel de anti-heroína cumprindo os passos tradicionais da jornada do herói, mas dividida entre o bem e o mal, sem maniqueísmos. A sequência dirigida pelo norueguês Joachim Ronning (Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar) volta a explorar essa dicotomia entre o bem e o mal em Malévola, que se vê afastando-se de Aurora quando esta anuncia o casamento com o Príncipe Philip e, pior torna-se o objeto de aparente afeição da Rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer). Malévola precisa abraçar suas raízes, redescobre seu próprio povo, mas precisa decidir sobre o papel que desempenhará na guerra que se segue com Ingrith, sobretudo que lugar terá na vida de Aurora.
Michelle Pfeiffer, um dos ícones do cinema dos anos 80, tem tido excelentes papeis em sua maturidade, seja no caso dos recentes “Homem Formiga & Vespa” (2018) ou “Assassinato no Expresso do Oriente” (2017). A Isabeau de “Feitiço de Áquila” (1985) e Sukie de “As Bruxas de Eastwick” (1987) brilha como a antagonista de Jolie, marca sua presença em um filme que é veículo para Jolie fazer um retorno triunfal aos holofotes depois dos problemas pessoais que a afastaram das telas nos últimos anos. A intérprete de Malévola parece se recriar em cena como se a personagem pudesse de fato lhe conceder um poder sobrenatural para se reinventar à luz das câmeras. Fascinante e inegável o talento de Jolie para imprimir na personagem uma dualidade atraente em meio a sequências de batalhas eletrizantes. Também retornam ao filme Sam Riley (Diaval, o fiel escudeiro de Malévola), Imelda Stauton, Juno Temple e Leslie Manville (as fadinhas), mas muda o ator que interpreta o Príncipe Philip. Brenton Thwaites do primeiro filme não repete o papel pois estava ocupado com as filmagens da série “Titãs”, sendo substituído por Harris Dickenson. Essa mudança não faz diferença pois o papel do príncipe continua sendo um coadjuvante em meio a mulheres de poder e atitude, com Aurora demonstrando uma atitude menos passiva em relação aos eventos que se seguem. O excelente Chiwetel Ejiofor (Dr.Estranho, 12 Anos de Escravidão) aparece com Conall, um dos seres místicos do povo de Malévola, que a salva do afogamento e insiste para que ela assuma seu papel diante dos seus.
Filmado em parte no tradicional estúdio Pinewood, a sequência de “Malévola” demorou a sair do papel mas já era dado como certo desde 2014 quando o filme estrelado por Angelina Jolie faturou alta bilheteria. A continuação que chega agora às telas capricha no visual e na presença em cena das estrelas Jolie-Pfeiffer, mas deixa a desejar na história por ser convencional, o que não significa dizer que não seja divertida. Fala-se em uma sequência em breve para “Rei Leão” e “Aladim”, fora outros projetos que dão certeza que não é bem mágica mas a Disney investindo alto no que o público quer ver, o que a faz a dona da diversão.
Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com