RESENHA CRTICA: Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (Professor Marston and the Wonder Women)
Infelizmente foi com certo atraso que consegui assistir este filme estranho e bizarro que certamente assustou mais do que fez sucesso
Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (Professor Marston and the Wonder Women)
EUA, 17. 1h48 min. Direção e roteiro de Angela Robinson. Com Luke Evans, Rebecca Hall, Bella Haathcote, Connie Britton, Monica Giordano, JJ Feild, Oliver Platt, Chris Conroy, Maggie Castle.
Infelizmente foi com certo atraso que consegui assistir este filme estranho e bizarro que certamente assustou mais do que fez sucesso (no EUA, não passou de um milhão e quinhentos mil dólares de renda!). Na verdade, aos poucos que fui percebendo que o filme tem uma forte leitura gay, ou G.L.B.T. e que a diretora é lésbica assumida (sua companheira é Alexandra Kondracke, que foi roteirista da interessante série The L. Word e do filme D.E.B.S - As Super Espiãs, 04, justamente dirigida por Angela). E tudo que se mostra tem uma forte visão sensual do que se pensava era a biografia do escritor e autor William Moulton Marston, um psicólogo que foi o inventor de parte importante do polígrafo e das histórias em quadrinhos da Mulher Maravilha. Especialmente na época em que os desenhos vinham cheios de sugestões de violência e sexo. O curioso e estranho é que a família descendente do autor rejeita inteiramente a história e não apoia o que diz o filme.
Foi então a diretora que resolve lhe dar uma visão totalmente particular mostrando a vida pessoal do autor (mais o que seria então invenção ou como disse a diretora, “a interpretação dela dessa história”). No caso, a Mulher Maravilha acaba sendo totalmente secundária em relação ao contexto que é basicamente a história em 1928 de uma jovem e a bonita loira aluna de Harvard, Olive (feita pela atriz australiana Bella, que esteve em Sombras da Noite, Orgulho e Preconceito e Zumbis, Cinquenta Tons Mais Escuros, O Preço do Amanhã com Justin Timberlake). Ela vai estudar nessa faculdade (Harvard) onde se envolve com o professor e também sua insinuante mulher. Quem faz Marston é o britânico assumidamente gay Luke Evans (Hobbit, Bela e a Fera, Velozes e Furiosos 6, 7 e 8). A mulher Elizabeth é Rebecca Hall, filha do famoso diretor de cinema e teatral britânico, Peter Hall, famosa por Vicky Christina Barcelona, Atração Perigosa, O Grande Truque e o novo Woody Allen, A Rainy Day in New York. Tudo portanto serve de pretexto para triângulos amorosos e cenas de sexo (não especialmente ousadas), mas eu reclamo um pouco da história da Wonder Woman ficar secundária (a origem da DC Wonder Woman foram criadas em 1941, por Marston, que acabaram provocando críticas e perseguições, porque ela foi acusada de perversão e erotismo. A tal ponto que em 1954 houve um Subcomitê de Delinquência Juvenil nos quadrinhos, que por sinal refletiu no Brasil (ainda criança fui impedido de ler os quadrinhos nacionais por causa disso, com exceção de Pato Donald!).
De qualquer forma o filme deveria ter um público especifico que parece ter deixado escapar e não absorveu uma frase importante do Professor que declarou: “Francamente a Mulher Maravilha é uma propaganda psicológica de um novo tipo de mulher que, eu acredito, deveria mandar no mundo!”.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.