RESENHA CRTICA: Os Campos Voltaro (Torneranno I Prati)

Importante e relevante filme de guerra

06/07/2016 00:15 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Os Campos Voltarão (Torneranno I Prati)

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Os Campos Voltarão (Torneranno I Prati)

Itália, 15. 80 min. Direção de Ermanno Olmi. Com Claudio Santamaria, Camilo Grassi,Niccolo Seni, Andrea Di Maria, Francesco Cormichetti.

Ainda me lembro da ansiedade que tive anos atrás ao ler revistas norte-americanas que faziam o louvor de dois filmes, os primeiros de ficção de um diretor chamado Ermanno Olmi, que era completamente desconhecido por aqui. Finalmente só foram lançados no Brasil em VHS e não decepcionaram. Foram O Posto (o certo seria chama-lo de O Emprego, Il Posto, 61) e Os Noivos (I Fidantazi, 63, ambos obra-primas ainda pouco conhecidas do verdadeiro Neo-realismo, sincero, humanos, realistas). Finalmente o Festival de Cannes despertou pra ele, certamente influenciados também pelo êxito da dupla dos Irmãos Taviani, que tem alguma semelhança com em Pai, Patrão, mas noutra diapasão. Nascido na Lombardia em 1931, Olmi é um poeta sem firulas e ganharia a Palma de Ouro com outro filme impar, A Arvore dos Tamancos ( 78), a vida numa fazenda italiana no começo do século XX.

Embora respeitado, Olmi optou por ser um cineasta bissexto novamente premiado por um filme esquisito (A Lenda do Santo Beberrão com Rutger Hauer) e também Longa Vida a Senhora, Caminha Caminha, O Objetivo das Armas. Mas desde então foi quase esquecido alternando curtas e documentários. Este seu filme (já fez depois Il Planeta Che si Ospita, curta, documentário) se inscreve dentre os grandes filmes sobre guerra, mais particularmente a esquecida Primeira Guerra Mundial como Gloria Feita de Sangue, A Grande Ilusão, O Grande Desfile, de King Vidor. Realizado em cores desmaiadas, seria quase a “luz de Lua” num campo de neve, é outra condenação da aberração da Guerra ainda mais sem sentido ou utilidade. Onde soldados são enviados para a morte, de maneira cruel e fria, sem qualquer benefício ate para o conflito.

Basicamente um grupo de soldados italianos está retido num abrigo nas montanhas cobertas de neve, sem esperança ou recursos. Ainda assim os superiores insistem que eles mudem de lugar e coloquem uma espécie de telefone num lugar que seria a morte certa. Embora vários deles já estivessem a beira disso e um deles prefira se suicidar. Tudo narrado de forma muito discreta, sem melodramas ou excessos. E o título é a fala de um dos soldados que se expressa diretamente para a câmera, que a neve irá passar assim como a neve, e os prados serão cobertos de mato e ninguém se lembrará deles, soldados e de sua morte inútil.

É bom lembrar que este filme foi indicado a 9 Davids de Donatello, o mais importante da Itália inclusive como melhor filme, Prêmio do Sindicato de Jornalistas italianos (melhor produção) ganhou o premio da Crítica da última Mostra de São Paulo, que explicou assim “pela maestria com que o diretor orquestra som, tempo e natureza na composição de seu relatório e pela serenidade com que recria as experiências de seu pai na Primeira Guerra, reflete sobre a guerra como um momento de ruptura da experiência mas sem perder a esperança”.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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