RESENHA CR�TICA: A Marcha (La Marche)

Apesar de chegar com certo atraso, este drama belga n�o poderia estar em momento mais apropriado

30/12/2015 22:44 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: A Marcha (La Marche)

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A Marcha (La Marche)

Bélgica, 13. 123 min. Direção de Nabil Ben Yadir. Com Olivier Gourmet, Luna Abzabal, Tewfik Jallab, Vincent Rottiers, Charlotte Le Bon, Jamel Debouze, M´Barek Belkouk, Nader Boussandel, Hafsia Herzi, Rufus.

Apesar de chegar com certo atraso, este drama belga não poderia estar em momento mais apropriado. É um filme basicamente belga (o país de onde saíram a maioria dos terroristas que atacaram Paris e onde não foram presos porque há uma lei que proíbe perseguições ou prisões durante o período da noite!) que conta com a presença de alguns nomes famosos (o mais conhecido é o humorista Jamel, que tem um braço paralisado, que esteve em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Asterix nos Jogos Olímpicos, Dias de Glória) e que serve como alivio cômico porque uma das qualidades do filme é justamente o senso de humor, é quase uma comédia. Também são conhecidas as garotas Charlotte Le Bon (Yves Saint Laurent, o americano A Travessia, A 100 Passos de um Sonho) e Lubna (Incêndios). O diretor Nabil faz seu segundo filme e também é ator e ainda não conseguiu realizar outro trabalho. O protagonista que faz Mohamed Tewfik só agora conseguiu outro filme (Le Convoi). No elenco também em papel importante está o hoje mais famoso ator belga que é Olivier Gourmet, revelado nos filmes dos irmãos Dardenne. O filme foi Indicado ao premio Lumière na França de roteiro e ator revelação Tewfik Jallab. Na sua Bélgica natal, no prêmio Magritte ganhou os de montagem e atriz coadjuvante (Luna Abzabal) e foi indicado para filme, diretor, roteiro, coadjuvante (Olivier Gourmet).

Inspirado em fato real, ocorrido em 1983, sem querer mas querendo denuncia um fator que certamente foi fundamental no ataque terrorista, o fato de que a França tem problemas com os emigrantes árabes que são tratados como indesejáveis, deixando claro que o povo francês infelizmente tem uma forte tendência racista de Direita. A história que se conta (eles dizem ser inspirado para evitar problemas) é sobre um pequeno grupo de amigos marginalizados que se unem quando um deles é atacado por um cachorro, fica ferido (leva um tiro) e é tratado como marginal. Embora morassem num bairro popular, eles tentam realizar uma passeata de Marselha até Paris chegando a serem recebidos pelo presidente Mitterrand. Curiosamente o filme quando estreou tentou comemorar os 30 anos do fato e foi um enorme fracasso de bilheteria (o que só confirma que o racismo e o preconceito da própria imprensa local, que foi extremamente dura com o filme).

Na verdade, os autores simplesmente dramatizaram as situações de forma que a violência e as injustiças, ou seja, o próprio racismo, pudessem ser digeridos com mais facilidade. Não é uma surpresa ver que os espectadores não quiseram ouvir a lição de moral. Talvez aqui mais distanciados, mas também vitimas de ataques racistas, o filme possa ser melhor entendido e absorvido.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho � jornalista formado pela Universidade Cat�lica de Santos (UniSantos), al�m de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados cr�ticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores ve�culos comunica��o do pa�s, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de S�o Paulo, al�m de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a d�cada de 1980). Seus guias impressos anuais s�o tidos como a melhor refer�ncia em l�ngua portuguesa sobre a s�tima arte. Rubens j� assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e � sempre requisitado para falar dos indicados na �poca da premia��o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores f�s da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole��o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa��es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para miniss�ries, incluindo as duas adapta��es de “�ramos Seis” de Maria Jos� Dupr�. Ainda crian�a, come�ou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, al�m do t�tulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa��es. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicion�rio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o �nico de seu g�nero no Brasil.

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