RESENHA: O Passado (Le Passé)

RESENHA: O Passado (Le Passé)

07/05/2014 16:09 Por Rubens Ewald Filho
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O Passado (Le Passé)

França, 13. Le Passé. Direção e roteiro de Agshar Farhadi.130 min. Com Bérénice Bejo, Tahar Rahim, Ali Mosaffa, Pauline Burlet, Sabrina Ouazani.

 

Sempre achei o filme anterior do diretor iraniano super estimado, sem chegar a ser a obra-prima que todo mundo decantou e que levou o Oscar® de filme estrangeiro. Mas sem dúvida era forte, contundente, humano e sem papo furado. O momento da verdade chega agora com este seu sexto longa, que ele foi rodar sabiamente na França (já que a situação da censura no Irá esta de mal a pior). Se não chega a ter o mesmo impacto, ainda se sente uma mão segura por trás das situações (e chegou a dar a argentina Bérénice, a estrela de O Artista, o prêmio de melhor atriz em Cannes. E também o prêmio Ecumênico, uma indicação ao Globo de Ouro, ao César em 5 categorias (mas não levou nada). Foi indicado oficialmente pelo Irã para o Oscar® estrangeiro mas não ficou entre os finalistas. Ou seja não teve a consagração que se previa.

Não há dúvida que mesmo sendo inferior ao anterior, O Passado sem trazer nada de novo (mesmo a protagonista está especialmente brilhante) ainda interessa e prende a atenção. Quem iria fazer o papel central era Marion Cotillard, que teve que largar o filme por causa de compromissos anteriores com Ferrugem e Osso. Uma rodagem complicada porque o diretor não fala francês e teve que se comunicar com a equipe por interpretes assim como o ator central Ali Mosaffa (filho de famoso poeta iraniano, ele não é conhecido fora de seu país e aqui usa obviamente uma peruca! já que é careca). O filme levou quatro meses em rodagem porque o diretor insistiu em dois meses de ensaio!!! Na verdade não faz grande diferença que tenha sido rodado na França, porque quase tudo ocorre em ambientes interiores dentre portas e janelas de um subúrbio pobre de Paris.

Bérénic é Marie, que esta separada há quatro de Ahmad (Mosaffa) que vem do Irã para finalizar o divórcio deles. A principio ele é o observador tranquilo de tudo, principalmente de Marie com seu novo namorado, Samir (Rahim, que desde O Profeta virou um dos galãs favoritos da Europa) e os três filhos que vivem com eles. E como sempre são as crianças os maiores perdedores nesse tipo de conflito familiar. E vai se criando a tensão entre os dois homens. Samir cuida de uma lavandeira perto da farmácia onde trabalha Marie. Um dos filhos Fouad não é de Marie, ex-de Samir, que esta em coma há alguns meses. Ahmad é mais próxima de Lucie de 16 anos, que parece esconder algo. A crítica elogiou muito o filme porque o roteiro vai aprofundando os fatos sem tomar partido. De fato, quem aprecia o gênero e os filmes orientais, é muito capaz de embarcar neste.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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