Erotismo Social em Filme Italiano

Este erotismo superficial ainda faz das suas neste Vicario mais prestigiado

14/04/2024 17:01 Por Eron Duarte Fagundes
Erotismo Social em Filme Italiano

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O realizador italiano Marco Vicario era mais conhecido por dirigir comédias eróticas. Sem, todavia, ter o mesmo prestígio de Dino Risi. Até aparecer Esposamente (Mogliamante; 1977), cujo teor estilístico e temático aspira a aproveitar algumas sobras do barroquismo e do decadentismo de um dos gênios do cinema peninsular, Luchino Visconti. No caso específico deste filme que chegou a entusiasmar alguns analistas e espectadores nos anos 70, um dos ganchos que Vicario haure em Visconti é a atriz Laura Antonelli, vista no derradeiro filme viscontiano, O inocente (1976). Vicario se esforça por trazer para si as sinuosas relações de personagens de Visconti, e do mestre também copia um estudado intelectualismo de filmar desde os movimentos de câmara até algumas incursões de ideias nos diálogos. O que falta, naturalmente, a Vicario é a capacidade de aprofundar a depuração de estilo; o que se vê, pois, em Esposamante é um pastiche viscontiano, bonito sem dúvida, mas longe da nervura original. Isto se aquilata facilmente revendo O inocente ao lado de Esposamante: algo se quebrou na transposição.

Não que Esposamante não mereça apreço do observador. Mais ainda quando se pensa no erotismo meio vazio informado por historiadores nos demais trabalhos de Vicario. Este erotismo superficial ainda faz das suas neste Vicario mais prestigiado. O que eleva bastante as caracterizações de dramaturgia cinematográfica de Esposamante vai em boa parte por conta dos atores. Marcello Mastroianni como o falso morto que nas frestas espia sua viúva (ou esposa) fazer sexo com outros homens, vencendo a questão da frigidez que incomodava o casamento dos dois, pois Marcello é sempre magnífico. E Laura Antonelli refina sua volúpia física, apresentando neste filme seu momento mais intenso. Não chega a ser o grande filme feminista alardeado; mas, passados tantos anos, pode ser visto sem susto pelo espectador.

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro “Uma vida nos cinemas”, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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