RESENHA: Temporada de Caa

Segundo Rubens Ewald Filho, no tem como no ficar triste em ver Robert De Niro perdendo seu tempo em filmezinhos de terceira categoria

28/04/2014 12:57 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA: Temporada de Caça

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Temporada de Caça (Killing Season)

EUA/Belgica, 2013. Califórnia. Direção de  Mark Steve Johnson. Com Robert De Niro,John Travolta, Milo Ventimiglia, Elizabeth Olin, Diana Luybenova. Em DVD.

A estreia de Profissão de Risco, um filme B que nunca mereceria a participação de Robert De Niro, me fez procurar este outro filme já do ano passado que eu tinha deixado passar.  Culpa destes tempos complicados onde há poucos lançamentos nas locadoras que estão conseguindo sobreviver (assim mesmo com problemas, se eu quero comprar um Blu-ray de Gilda, por exemplo, não tem disponível, sou obrigado a fazer pedido e esperar dias!). Antigamente eu tinha o hábito de deixar alguns filmes menores, inclusive nacionais, para assistir depois em casa, em DVD, já que eles saiam regularmente. Hoje não mais. Difícil fugir da pirataria e se habituar com Netflix e Now, ambos sucessos retumbantes. Ou seja, não da mais para o que eu fazia antes, trazia uma dúzia de filmes em DVD para assistir em casa em dois dias!

Não tem como não ficar triste em ver De Niro, que já foi o maior ator do mundo, na opinião de todos perdendo seu tempo em filmezinhos de terceira categoria (às vezes com outros em decadência, como Stalone no recente Ajuste de Contas). Eu tenho a teoria de que ele está trabalhando em qualquer coisa para juntar dinheiro para deixar fortuna para seus filhos, já que antes trabalhava ganhando menos que a concorrência porque fazia projetos pessoais quase sempre independentes e sem grana. E isso deve ter começado no dia em que se descobriu mortal e com uma ameaça de câncer. Laurence Olivier fez a mesma coisa provando que ser bom pai pode ser uma qualidade deles. Mas o risco é imenso.  Acabar com sua reputação. Tenho certeza que se um cineasta brasileiro quiser bancar a vinda de De Niro para um projeto médio aqui, não teria muitos problemas (não nesta época de Festival do Tribeca que ele dirige, já que foi um dos salvadores de Nova York depois dos atentados).

Acho bem capaz que ao ler o roteiro deste filme europeu ele pensou que poderia ter uma chance melhor dramática e, pensando bem, está menos ruim do que em outros recentes, inclusive o já citado Profissão de Risco.  O filme tem certa densidade e ao menos ele não tem que usar aquela infeliz barbichinha que porta o Travolta. Para não falar no sotaque esquisito que tem que fazer. Esse nunca foi muito bom nem na época das discotecas. Mas o roteiro, além de lembrar The Deer Hunter (O Franco Atirador, titulo aliás errado, do mesmo De Niro),mexe na ferida da guerra da Sérvia e a tragédia de uma quase guerra civil cheio de estupros e abusos.

Assim, pelo que se entende, De Niro era um mercenário que participou dos crimes e agora Travolta vem em busca da vingança, caçando ele na região montanhosa onde vive caçando cervos. Consegue se aproximar, ficam meio amigos, mas no fundo é uma caçada humana e os dois ficam se atirando um no outro jogando verdades entre si. O diretor Johnson (O Demolidor, O Motoqueiro Fantasma)  não tem boa reputação, mas segura a história com certo interesse.  Aquela história de De Niro ter um filho que mesmo brigado quer lhe mostrar sua netinha é outra coisa que também não funciona. Mas só se perde mesmo no final, que é prolongado, estendido e mal resolvido.  Mas é triste se ver dois astros que lutam para manter sua fama cair nessa (Travolta aqui não repercutiu, mas na festa do Oscar® chamou a cantora Idina Menzel por um nome completamente diferente que inventou na hora (Adele Dazeem). E foi um escândalo.

Enfim, queria também contar para os leitores que não estou vendo menos filmes que costume, só escrevendo menos e por uma boa razão: estou terminando de revistar e estender o Dicionário de Cineastas que deve sair no segunda semestre deste ano em edição Digital! É um projeto de vida que esta ficando muito bacana!

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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