RESENHA CRTICA: Spielberg (Idem)

Spielberg uma importante viagem pela fantasia e imaginao do cineasta que mudou o cinema

13/10/2017 17:33 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Spielberg (Idem)

tamanho da fonte | Diminuir Aumentar

Spielberg (Idem)

EUA, 2017. Documentário da HBO. 2h27. Direção de Susan Lacy. Com Steven Spielberg, Martin Scorsese, Richard Dreyfuss, John Williams, Bill Butler, crítico David Edelstein, irmãs Nancy Spielberg, Anne Spielberg, Sue Spielberg, crítica Janet Maslin, Leah Adler (mãe), Arnold Spielberg (pai), diretor J J Abrams, Sid Sheinberg (padrinho, ex-diretor da Universal), ator James Brolin, diretores Francis Ford Coppola, Robert Zemeckis, George Lucas, Brian de Palma, Roger Ernest (amigo),David Geffren (co dono da Dreamworks), Steven Bochco (produtor), Vilmos Zgismond (fotógrafo), roteirista Tony Kushner, atores Bob Balaban, Holly Hunter, Dustin Hoffman, Tom Hanks, Drew Barrymore, Peter Coyote, Leonardo di Caprio, Laura Dern, Jeff Goldblum, Cate Blanchett, Harrison Ford, Christian Bale, Liam Neeson, Ralph Fiennes, Ben Kingsley, Daniel Day Lewis, Sally Field,Tom Cruise, Eric Bana, Daniel Craig, roteirista Melissa Mathison, crítico A.O.Scott, produtora Kathleen Kennedy, roteirista Tom Stoppard, Oprah Winfrey, fotografo Januz Kaminski, editor Michael Kahn, socio Jeffrey Katzenberg, e cenas de arquivo com Joan Crawford, Dinah Shore, Amy Irving etc.

Agora que esta já com mais de 70 anos (nasceu em 18 de dezembro de 1946), parece sensato que tenham resolvido produzir um documentário sobre a vida e a obra de Steven Spielberg, que parece na verdade distante da aposentadoria (tem 162 créditos como produtor, 56 como diretor, 23 como escritor e até 15 como ator!). Entre os filmes em andamento no momento estão um projeto de Indiana Jones, Men in Black, Jurassic World O Reino está Ameaçado, As Aventuras de TinTim - Os Prisioneiros do Sol, Gremlins 3, The Talisman etc. E ainda como diretor Jogador Número 1 (Ready Player One, com Vin Diesel, Deus nos acuda!), The Post com Tom Hanks, The Kidnapping of Edgardo Mordara (com Mark Rylance), e o já mencionado Indiana com Harrison Ford (que teve as melhores criticas de sua carreira agora com o novo Blade Runner).

Mas parece sensato reunir os amigos e parentes e realizar esta quase confessional biografia onde basicamente Spielberg faz uma auto-avaliação não apenas de sua carreira profissional, mas de sua vida particular, os problemas pessoais (inclusive como foi vítima de bulling), o romance com a primeira esposa Amy Irving (1953-), mas não se menciona o segundo marido dela, que é o brasileiro Bruno Barreto, se divorciaram em 2005 e tem um filho juntos. Mas não tem medo de admitir suas inseguranças, o sofrimento que teve quando a mãe, uma figura central em sua vida, trocou o marido por outro (a mãe faleceu recentemente mas teve tempo ainda de voltar para o pai de Spielberg, ou seja, resolvendo os impasses). E Spielberg não tem problema em admitir que errou e falhou em muita coisa que fez na vida.

Afinal, se alguém tinha dúvida de que Steven era um bom sujeito, verá aqui um retrato confessional que parece realmente sincero, não apenas em erros de realização (a filmagem do lendário Tubarão, foi uma sucessão de erros e acertos, que passaram para a Historia do cinema) mas com aquilo que ele considera o auge de sua carreira, o momento mais feliz de sua vida quando jovem quando não apenas descobriu Amy, mas formou um grupo de amigos que são simplesmente os melhores cineastas de sua geração (e o filme demonstra isso nos depoimentos de todos eles, De Palma, Coppola, Scorsese, Zemeckis, Lucas, que viraram parceiros e se ajudaram a vida inteira). O outro momento tocante é quando ele de forma até juvenil, se declara apaixonado pela segunda mulher e atriz, Kate Capshaw (casados desde 91, tem cinco filhos, alguns adotados). É o amor de sua vida descoberta no segundo Indiana Jones, mas que tem participação muito discreta aqui.

Logicamente o filme foi feito para louvar Steven e não criticá-lo. E tem praticamente cenas de todos seus trabalhos como diretor depois de Encurralado (e de novo acha que 1941 foi o pior, uns poucos onde fez episódio como também os de Histórias Maravilhosas são as omissões). Mas todo de tal forma fazem parte de nossa vida e cotidiano durante décadas, de maneira que não custa perdoar obras menores, alguns momentos que não precisavam ser tão românticos ou delicados em especial quando vemos mais detalhadamente momentos antológicos de suas obras primas mais maduras, como O Soldado Ryan (a espetacular cena do desembarque), o divisor de águas que foi A Lista de Schindler, certamente sua obra prima de 93 e que mudou sua vida e auto-aceitação de sua origem judaica. E quando menciona obras menores nem tenta justificá-las (como Hook, Capitão Gancho, ou Amistad ou Cavalo de Guerra e O Bom Gigante Amigo). Normal numa carreira dessas ter altos e baixos. O difícil é ter tido justamente uma carreira tão longa, tão ampla, variada, que tenha como poucos enriquecido e modificado toda a história do cinema moderno. Longe de ser a obra definitiva sobre o artista ou mesmo o ser humano, este documentário. Spielberg é uma importante viagem pela fantasia e imaginação do cineasta que mudou o cinema.

Linha
tamanho da fonte | Diminuir Aumentar
Linha

Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

Linha
Todas as mterias

Efetue seu login

O DVDMagazine mantm voc conectado aos seus amigos e atualizado sobre tudo o que acontece com eles. Compartilhe, comente e convide seus amigos!

E-mail
Senha
Esqueceu sua senha?

Não é cadastrado?

Bem vindo ao DVDMagazine. Ao se cadastrar voc pode compartilhar suas preferncias, comentar ou convidar seus amigos para te "assistir". Cadastre-se j!

Nome Completo
Sexo
Data de Nascimento
E-mail
Senha
Confirme sua Senha
Aceito os Termos de Cadastro