Janela Indiscreta, de Hitchcock, no Cinemark
Janela Indiscreta de volta nos Cl�ssicos do Cinema. De 6 a 16 de mar�o.


Janela Indiscreta nos Clássicos do Cinema. No Cinemark de 6 a 16 de março. Por Rubens Ewald Filho.
Janela Indiscreta (Rear Window)
EUA, 1954. Alfred Hitchcock. Elenco: James Stewart, Grace Kelly, Raymond Burr, Thelma Ritter, Wendell Corey, Judith Evelyn.
Sinopse: Fotógrafo de perna quebrada, fica imobilizado numa cadeira de rodas, olhando pela janela a vida de seu vizinhos, quando suspeita de que aconteceu um assassinato. Com a ajuda da namorada, da massagista e um amigo policial, tenta provar o crime.
Comentários: Rodado entre novembro de 1953 e janeiro de 1954, totalmente nos estúdios da Paramount, onde foi construído um enorme Set de 31 janelas de apartamentos. Foi indicado para os Oscar de Roteiro, Direção e Fotografia (além de coadjuvante). Pelo filme Grace Kelly foi votada melhor atriz pelos críticos de Nova York. Hitchcock faz sua ponta habitual, consertando um relógio, próximo a um piano, em um dos apartamentos. Esta é provavelmente sua obra prima, uma perfeita lição de cinema. Passa-se inteiramente em um único cenário, um pequeno apartamento de onde um fotógrafo profissional observa os vizinhos. Tudo é perfeito, o roteiro, o elenco, a fotografia. Mas o fantástico é que Hitchcock nos envolve imperceptivelmente, também nos torna “voyeurs”, cúmplices do herói na tentativa de solucionar um possível assassinato. Isso é realizado sem truque, com uma câmera fluente, sem que a trama amorosa perturbe a ação. O filme é sempre narrado pelo ponto de vista do fotógrafo (há apenas dois planos errados, dois closes da solteirona e da dançarina que falseiam esse enfoque).
Grace Kelly (1929-1982) é fotografada e vestida por Edith Head de maneira deslumbrante. Ela era a estrela favorita do diretor que fez com ela também Disque M para Matar (também de 54) e Ladrão de Casaca (55). Foi na filmagem na Riviera Francesa deste suspense sofisticado que Grace conheceu o Principe Rainer do principado de Mônaco, com quem ela se casaria ate sua morte num acidente de carro (justamente nas montanhas que aparecem em Ladrão). Hithcock tentou trazer Grace de volta ao cinema para fazer Marnie, mas o povo de Mônaco foi contra e nunca mais ela fez cinema (talvez por isso tenha sido infeliz nos últimos anos de sua vida). Sendo substituída em dois filmes Marnie e Os Pássaros por Tippi Hendren que tinha um tipo parecido mas não o mesmo charme e talento.
James Stewart (1908-97) era outro dos atores preferidos do diretor tendo feito vários com ele inclusive o clássico Um Corpo Que Cai (58) e ainda Festim Diabólico, 48, O Homem que Sabia Demais com Doris Day (56). É notável a presença no filme de Thelma Ritter (1902-69) que era a coadjuvante favorita do cinema americano tendo sido indicada 6 vezes ao Oscar sem nunca ganhar! Foi refeito em 1998 para a TV com o mesmo nome e Christopher Reeve, Daryl Hannah,Robert Forster (o personagem agora era deficiente físico como Reeve).
O autor da história, Woolrich (1903-68), teve mais de 100 adaptações para cinema e TV, entre elas, A Noiva Estava de Preto de Truffaut, 68, Pecado Original, 01 com Angelina Jolie, A Sereia do Mississipi, de Truffaut (69, assinou como William Irish), Casei-me com um Morto (50, de Mitchell Leisen com Barbara Stanwyck, recém lançado em DVD), A Noite em Mil Olhos, 48 de John Farrow, os clássicos noir Anjo Diabólico (Black Angel, 49) de Roy William Neil com Dan Dureya, A Dama Fantasma (Phantom Lady, 44 de Siodmak), O Homem Leopardo de Jacques Tourneur, 43 e outros.
Um detalhe: todo o som do filme inclusive a musica é diegético, o que significa que foi rodado e usado na hora da filmagem (a não ser a curta introdução). O filme era originalmente feito para a Paramount, mas quando venceram os direitos Hitchcock passou para a Universal (ele era um dos sócios do estúdio e foi quando seus clássicos voltaram a circular). O papel do vilão é feito por Raymond Burr, um dos mais famosos bandidos do cinema conhecido também como astro da série Perry Mason. Ficou em terceiro lugar na lista do AFI, como mistério e 48 nos melhores de todos os tempos. O filme foi inspirado num caso real de assassinato em 1924, em Sussex na Inglaterra, quando um certo Mahon matou sua mulher grávida.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho � jornalista formado pela Universidade Cat�lica de Santos (UniSantos), al�m de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados cr�ticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores ve�culos comunica��o do pa�s, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de S�o Paulo, al�m de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a d�cada de 1980). Seus guias impressos anuais s�o tidos como a melhor refer�ncia em l�ngua portuguesa sobre a s�tima arte. Rubens j� assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e � sempre requisitado para falar dos indicados na �poca da premia��o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores f�s da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole��o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa��es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para miniss�ries, incluindo as duas adapta��es de “�ramos Seis” de Maria Jos� Dupr�. Ainda crian�a, come�ou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, al�m do t�tulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa��es. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicion�rio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o �nico de seu g�nero no Brasil.

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