A Caminho do Oscar
Os primeiros candidatos a vencerem a maior premiação do ano começam a despontar
Estava desanimado com a corrida dos Oscars, diante de tantas mudanças de datas e regras, mas principalmente com a falta de filmes mais notáveis ou polêmicos. Praticamente nenhum lançamento importante veio dos outros meses (este ano com o massacre do Batman - Cavaleiro das Trevas fica a impressão de que o filme foi prejudicado, não parece provável que entre para os finalistas. E as futuras estreias não parecem muito promissoras.
Somente no fim de semana da última semana de outubro nos EUA é que começaram os papos sobre um filme de ação do Ben Affleck, chamado Argo, que começou a ser promovido como possível candidato. Fizeram o mesmo com o filme anterior dele Atração Perigosa (The Town) , que acabou não colando. Ele ficou em segundo lugar na semana, mas continuam enchendo sua bola, dizendo que rendeu mais que o anterior etc e tal. Mas ao menos levantou uma polêmica. Argo está para chegar aqui 9 de novembro.
Enquanto isso, no remanso da Mostra de SP eu tropecei na internet, num filme que me chamou a atenção por causa de uma nota que li em algum lugar onde se dizia que, finalmente, este ano Richard Gere tem chance de ser indicado ao Oscar de ator por causa de sua interpretação em A Negociação (Arbitrage), previsto para 14 de dezembro no Brasil, sinal de que a distribuidora esta prevendo essa possibilidade. Realmente acho que tem essa chance. Gere é daqueles atores medianos, que nunca foram indicados porque nunca realmente está especialmente bem. Nem mal. Tem um público fiel que o segue apesar dos cabelos brancos e a maturidade. Eu gostei deste A Negociação, um drama chique, onde ele faz um milionário que lida com grandes fortunas e grandes segredos.
MAS...
Normalmente o termômetro mais confiável para o Oscar é o Festival de Toronto, Canadá, perto da fronteira e das cataratas, onde são apresentados os filmes em seu primeiro grande teste com público, crítico e mercado. Alguns deles depois disso já estão sendo exibidos (como Argo), outros ainda não falamos aqui.
Vamos então começar a nos familiarizar com eles:
The Master – é o novo filme do queridinho dos jovens críticos Paul Thomas Anderson, que era visto como uma análise ou crítica do misterioso e perigoso fundador da cientologia. Como Paul é amigo de Cruise, parece que ele fez algumas mudanças no filme que acabou misterioso e insatisfatório e, pior que isso, incompreensível. Mesmo assim ele passou no Festival de Veneza onde levou o prêmio da crítica, da direção e de atores empatado com Joaquim Phoenix e Philip Seymour Hoffman. Quem não lembra, Paul é o realizador de Boogie Nights, Magnolia e Sangue Negro. Com certeza vai estar no Oscar.
Silver Linings Playbook – com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro. Direção de David O. Russell de O Vencedor e Três Reis. Depois de passar meses num sanatório e perder tudo, o herói volta para a casa da família e encontra uma mulher mais atrapalhada que ele. Ganhou Melhor filme (Narrativo) em Toronto onde também foi sucesso de público. Duas atrizes francesas parecem certas como indicadas: Emanuelle Riva, a veterana estrela de Hiroshima, mon Amour retornou ao lado de Jean Louis Trintignant, no filme Amour, de Michael Haneke e Marion Cotillard de Ferrugem e Osso (De Rouille ET) e de Os de Jacques Audiard. Ambas estiveram em Cannes onde Amor levou a Palma de Ouro.
O Impossível (The Impossible), de Juan Antonio Bayona. O diretor de O Orfanato tenta agora algo mais ambicioso, reconstruindo a tragédia do Tusunami. Dizem que Naomi Watts deverá concorrer como protagonista e Ewan Mcgregor como coadjuvante (fazendo o marido dela).
The Sessions de Bem Lewin (O Favor). Revelado em Sundance, o drama de um homem que está num pulmão de aço e que deseja ter ao menos uma vez na vida um contato sexual. Com Helen Hunt, William Macy e John Hawkes como protagonista (o tio de Inverno D´alma).
LIfe of Pi - a volta do diretor Ang Lee (Brokeback Mountain) desta vez sobre um menino indiano chamado Pi, filho do guarda do zoológico, que se encontra na companhia de bichos quando sofre naufrágio no Pacífico. Junto com ele um tigre de bengala, uma hiena, uma zebra, e um orangotango.
Flight - Depois de anos, finalmente Denzel Washington trabalha com um diretor classe A, sobre Robert Zemeckis, um piloto que salva um avião de desastre certo, mas depois as investigações revelam algo surpreendente.
Anna Karenina – Keira Knightley se reúne novamente com seu diretor de Orgulho e Preconceito e Amendment, Joe Wright. Tem gente que acha obra-prima, outros que não curtem.
Cloud Atlas - Ficção científica, estreia em 25 de dezembro no Brasil. A Volta dos Irmãos Wachowski, de Matrix, ao lado diretor alemão Tom Twyker numa superaventura no tempo. Um espírito passa de assassino a herói, em séculos em que um ato de gentileza provoca revolução. Com Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant e Susan Sarandon. Este é o primeiro filme onde um dos Wachowski sofreu operação de mudança de sexo e já se apresenta como Lana Wachowski.
Quartet – Estreia na direção, aos 75 anos, de Dustin Hoffman, numa história de uma apresentação de quarteto de cordas num festival de Verdi, que é perturbada pela chegada de uma diva. Com Maggie Smith, Michael Gambon e Billy Connelly.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.