RESENHA: Rio 2

Segundo Rubens Ewald Filho, o que deveria ser uma continuação da declaração de amor ao Rio, se perde na Amazônia, num roteiro fraco.

31/03/2014 09:44 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA: Rio 2

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 Rio 2 (Idem) EUA, 14.

Direção de Carlos Saldanha. Fox/Blue Sky. Vozes originais de Rodrigo Santoro, Anne Hathaway, Leslie Mann, Jesse Eisenberg, Jamie Fox, Kristin Chenoweth, John Leguizano, Andy Garcia, Rita Moreno, Bruno Mars, Bebel Gilberto, George Lopez. 

Estreando no Brasil semanas antes dos Estados Unidos (abre lá 11 de abril) e em super circuito, o novo filme de Carlos Saldanha chega com o crédito e boa vontade de quem gostou do primeiro filme, uma declaração de amor feérica e simpática da cidade do Rio de Janeiro, que teve orçamento de 90 milhões, rendeu 143 milhões de dólares nos EUA mas 341 no resto do mundo, um número bastante expressivo!  Indicado ao Oscar® de canção, aliás devia ter ganhado o prêmio, até porque eram apenas 3 os indicados e a canção dos Muppets que foi vencedora era muito fraca e já foi esquecida.

Enfim, o valor promocional do filme para o Brasil não tem preço, assim como a decisão de fazer uma continuação.  E aí que começam os problemas. O titulo é obviamente errado, começa no Rio numa noite de réveillon quando parece que a população inteira da cidade e imediações esta preocupada em sambar ou coisa que o valha. Mas o visual continua tropical e belíssimo, que nos enche de euforia. Mas começam os problemas, o maior deles é que Bye, Bye Rio, dali a poucos vamos para a Amazônia onde supostamente foram encontradas mais ararinhas. Os heróis Blu e Jewell, que já tem três filhos, ficam sabendo disso resolvem viajar para lá! E começam as besteiras: eles voam então 3.500 quilômetros, ou coisa que o valha. Em vez de inventar uma história de colocar eles de clandestinos em algum voo, temos que acreditar que voaram por conta própria ate lá!

E quando chegam imediatamente temos uma sequência de cachoeira e corredeiras, quando todo mundo sabe que elas não existem ao menos na Amazônia Brasileira. Que alias é muito mal mostrada, o rio majestoso virou um riacho (não tem pororoca, rio cinzento, não há vestígio do tempo quente, da chuva constante. Em compensação tem tamanduá, os golfinhos cor de rosa passam rapidamente, tem tanto jacaré quanto no Pantanal e assim por diante). Atrapalhado por um roteiro ruim, sem graça, e fica dando voltas atrás do próprio rabo, se perde com vilões fracos (Nigel, velho o cacatua não tem qualquer graça ainda mais quando canta sem mais nem menos, o hino gay I Will Survive!).

Aliás, falando da música, o que já era problema no primeiro filme  se agrava neste aqui  chegando ao ponto de nos fazer lembrar dos antigos filmes de Carmen Miranda, que não tinham qualquer respeito pelos costumes e verdades brasileiras. Tudo fica diluído, não tem o samba de verdade, fica misturado com rap e nem funk consegue fazer.

A decepção não seria tão forte caso o script fosse mais interessante e divertido. Mas tudo vira clichê de animação de selva. Meio Tarzan. O que não consigo entender é porque mostrar uma Amazônia quando se falta a verdade?  Fica genérica, ate mesmo numa sequência de jogo de futebol com as araras que na verdade fica parecendo mais aquele jogo aéreo do Harry Potter , o quadribol.    

Francamente podia ter feito uma pesquisa melhor, mais responsável.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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