Classico Revisitado: Rebecca - A Mulher Inesquecivel faz 80 Anos

O filme nao eh um suspense convencional, mas um romance gotico com abordagem psicologica

27/10/2020 13:22 Por Adilson de Carvalho Santos
Classico Revisitado: Rebecca - A Mulher Inesquecivel faz 80 Anos

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Alfred Hitchcock é sem dúvida uma das personalidades mais influentes do cinemão Hollywoodiano. Alcunhado “O Mestre do Suspense”, o diretor britânico é imitado, parodiado, revisitado, refilmado, mas jamais substituído. Entre várias de suas obras já relançadas ora nas telas ora em formatos digitais, agora chega a vez de uma pérola em sua prolífica filmografia, “Rebecca A Mulher Inesquecível” (Rebecca) que será relançado nessa próxima quinta (11 de Agosto) em cópias restauradas pela distribuidora cearense Celeste.

O filme foi a estreia de Hitch em Hollywood depois de uma carreira admirável na Inglaterra. Foi David O’Selzinick, produtor de “E O Vento Levou”, quem trouxe Hitchcock para a America e lhe entregou uma adaptação do romance da escritora britânica Daphne Du Maurier (1907-1989). Não era inteiramente novidade pois Hitch já havia trabalhado com adaptações da autora antes em “A Estalagem Maldita” (Jamaica Inn) em 1939 e , voltaria muitos anos depois em “Os Passaros” (The Birds) em 1960.

A história mostra Joan Fontaine como uma jovem humilde e inocente (seu nome nunca é mencionado) que se casa com o milionário Maxim De Winter, interpretado por Laurence Olivier, indo morar em Manderlay, a enorme mansão deste situada em Cornwall, no interior da Inglaterra. Em vez do esperado felizes para sempre, seu tempo na mansão é angustiante pois Maxim se comporta de forma estranha, muitas das vezes distante e misterioso e a governanta da casa, a sisusa Sra Danvers (Judith Anderson) faz de tudo para tornar sua estada em Manderlay um inferno, como se ainda zelasse por Rebecca, a falecida primeira esposa de Maxim cuja presença na mansão parece onipresente e fantasmagórica. A medida que a segunda Sra De Winter se aprofunda nos mistérios de Manderlay e no passado de Maxim, revelam-se verdades que mudarão suas vidas para sempre.

O filme não é um suspense convencional, mas um romance gótico com abordagem psicológica. Sua fotografia em preto e branco realça o clima soturno e a dualidade dos personagens. Várias atrizes foram pensadas para o principal papel feminino, incluindo Selznick queria Olivia deHavilland que estava indisponível. Curiosamente o papel foi para sua irmã mais nova, Joan Fontaine de 23 anos. Olivier queria Vivian Leigh (a Scarlett O’Hara de “E O Vento Levou”) e , por conta disso, tratava mal Fontaine. Hábil manipulador tanto em cena como fora , Hitchcock teria dito a Fontaine que ninguém no estúdio gostava dela, pedindo a outros que a ignorassem de forma a que o mal estar causado fizesse Fontaine soar mais autêntica como uma pessoa insegura e acuada pelo ambiente hostil. A tortura teve seus resultados já que o filme foi um grande sucesso, rendendo ainda nove indicações ao Oscar, dos quais ganhou melhor filme (único prêmio competitivo rendido ao mestre do suspense em sua gloriosa carreira) e melhor fotografia. Lamentável que o roteiro de Robert E. Sherwood e Joan Harrisson não tenha sido igualmente vitorioso pelo primor com que a obra de Daphne Du Maurier ganha tridimensionalidade. Ou que Hitchock não tenha sido reconhecido por sua habilidade em transformar uma história em algo mais. Sua câmera é envolvente e hipnotizante em cada tomada transformando Manderlay em um personagem vivo, reflexo dos mistérios da alma humana de seus ocupantes, e sobretudo de Rebecca que como o título justifica estará sempre na memória.

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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