Locke e Key - Temporada 1
Imagine nos isolar em uma mansao cheia de misterios e ouvir sussurros que conduzem a chaves magicas
Imagine nos isolar em uma mansão cheia de mistérios e ouvir sussurros que conduzem a chaves mágicas, cada uma com um poder específico. Descubra o que cada porta pode abrir e você estará a um passo de um agradável entretenimento saída da mente de John Hill, o filho do renomado Stephen King. De sua mente saiu a história de “Locke & Key”, que em 2008 foi publicado com os desenhos de Gabriel Rodriguez, na forma de hq. A Netflix foi feliz em traduzir o potencial dessa história para essa divertida série de tv, recém chegada ao popular serviço de streaming, mas que já traz uma rica mitologia.
Os irmãos Locke, Connor Jessup como Tyler (o mais velho), Emilia Jones como Kinsey e o pequeno Bode, Jackson Robert Scott, de 11 anos mudam-se com a mãe para a fictícia cidade de Matheson, homenagem ao renomado escritor de “Eu Sou a Lenda” e “Amor Além da Vida”. Todos estão em busca de vida nova depois que Rendell Locke, o patriarca da família foi brutalmente assassinado. A série funciona assim no campo dramático com uma família se refazendo de traumas de vida e morte, à medida que os elementos fantásticos seguem preenchendo a narrativa. Cada chave controla um poder como o de entrar nas memórias de uma pessoa, controlar os movimentos de alguém ou flutuar fora do corpo. As chaves também abrem portais e pode levar para qualquer lugar, sem limites e representam um poder além da compreensão humana tal qual as jóias do infinito nos filmes da Marvel.
O roteiro faz alterações na HQ original, como o nome da cidade que nas HQs se chama Lovercraft, o destino de alguns personagens e o desenrolar dos planos da vilã Dodge, interpretada pela canadense, filha de brasileiros Laysla de Oliveira. Esta é uma espécie de demônio de outra dimensão que pretende trazer outros como ela para esse mundo. Em alguns episódios há um excesso de flashbacks que permitem desenvolver melhor os personagens, e os monstros que ameaçam a vida de todos não são todos seres extradimensionais. Nina Locke (Darby Stanschfield), a matriarca da família, precisa superar o alcoolismo e a insegurança conforme investiga o passado de seu falecido marido. Apesar de dividir a história em vários focos, é a presença do pequeno Bode (Jackson Robert Scott) quem se torna o motor propulsor da aventura. Sua inocência e coragem assume o protagonismo várias vezes enquanto seus irmãos parecem ocupados em lidar com os próprios problemas. Scott é ator promissor reconhecido de filmes como “Maligno” (2019) e “It A Coisa” (2017/2019) onde viveu o pequeno Georgie. Parece natural que seu talento tenha sido devidamente notado já que Andy Muschieti e Barbara Muschieti dirigiram “It – A Coisa” e atuam como produtores executivos na primeira temporada de “Locke & Key”.
Com tantos atrativos e referências a cultura pop, como o Esquadrão Savini – nome de um dos maiores profissionais em efeitos especiais de filmes de terror, fica difícil acreditar que o projeto de adaptação de “Locke & Key” tenha demorado tanto para sair do papel, desde que a hq foi publicada em 2008, tendo passado pela Universal, Fox, Dreamworks e até mesmo a Hulu, rival da Netflix. A segunda temporada já havia sido encomendada quando deu-se o início da pandemia de coronavírus que cancelou várias filmagens. Claro que os dez episódios da primeira temporada são envolventes, principalmente quando Dodge põe em prática seus planos no final, deixando várias questões em aberto, mesmo as origens das chaves mágicas não são reveladas como na hq de John Hill. Isso, entre outras questões precisaremos aguardar, com ansiedade pois uma vez que as chaves giram, a mágica se inicia.
Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com